Filho de Bolsonaro reduz aumento fictício do Bolsa Família

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Foto: Shutterstock

Em almoço com empresários no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (17), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez um apelo para que os supermercados segurem os preços dos itens da cesta básica. A afirmação foi feita pelo senador Flávio Bolsonaro (Patriota), em entrevista a jornalistas após o evento.

Segundo o filho do presidente, Bolsonaro demonstrou preocupação específica com a inflação dos produtos de primeira necessidade. Reconheceu o “grande sacrifício” que os supermercadistas já fazem, mas fez um apelo para que reduzam ainda mais a margem de lucro, se houver possibilidade.

“Dentro de toda essa cadeia produtiva obviamente não são os supermercadistas os responsáveis pela alta do preço, a gente entende, o mercado funciona assim. Ele [o presidente] fez esse apelo de reduzir um pouco ainda mais se tiver [inaudível] a margem de lucro”, disse Flávio.

“A gente compreende que é uma equação difícil de fechar. Você tem que sustentar aqueles que não têm condições, que precisam ter o que comer, e em função do aumento da procura a consequência natural é a elevação dos preços”, concluiu.

O senador afirmou que o governo federal quer prorrogar por alguns meses o auxílio emergencial e ampliar a base do Bolsa Família para cerca de R$ 270. Também é estudada a mudança de nome do programa, possivelmente para Alimenta Brasil.

Na terça-feira (15), em declaração que pegou ministérios de surpresa, o presidente afirmou que o novo Bolsa Família teria valor médio ampliado dos atuais R$ 190 para R$ 300. Técnicos afirmam que esse valor não estava no radar e, para viabilizar a demanda do presidente, passaram a avaliar cortes em outros gastos e uma ampliação mais tímida no público do programa.

Até esta quinta, os ministérios da Economia e da Cidadania ainda trabalhavam nas contas do programa em busca de um aumento no valor médio do benefício. Ainda não há data para apresentação da proposta.

Em relação ao pedido de que os supermercados segurem preços, esse não é o primeiro movimento do tipo feito pelo presidente. Em setembro do ano passado, Bolsonaro pediu “patriotismo” para que os empresários evitassem repassar ao consumidor a alta de preços dos alimentos.

Poucos dias depois de Bolsonaro ter voltado a questionar a comprovação científica da Coronavac, o filho do presidente negou que haja discurso negacionista por parte do governo. Afirmou, ainda, que a aceleração da vacinação permitirá a retomada da economia e das vidas dos brasileiros.

A aceleração do calendário de vacinação foi uma das propostas apresentadas pelos empresários fluminenses ao presidente para retomar a economia do estado.

Na entrevista desta quinta, o filho do presidente, que é senador, deu informações sobre medidas e ações desenvolvidas internamente pelo Executivo e que ainda não foram apresentadas formalmente.

A atuação do parlamentar em decisões do governo federal já gerou críticas entre aliados do presidente. Como mostrou a Folha, Flávio tem influência sobre nomeações feitas por Jair Bolsonaro, sobretudo no campo jurídico.

Pessoas próximas a Flávio dizem que temas relacionados a Justiça e agências reguladoras passam pelo senador, que fala com o pai diariamente.

Ele também gosta de participar quando o assunto é economia. Conversa frequentemente com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), relata um funcionário ligado aos Bolsonaros.

O grupo que se reuniu com Bolsonaro nesta quinta é formado por empresários de setores da indústria, supermercados, hotelaria, comércio, turismo, serviços, alimentação e eventos. Também esteve no almoço o governador do Rio, Cláudio Castro (PL).

Os empresários também sugeriram ao presidente a manutenção do auxílio emergencial para pessoas e empresas e a aprovação do plano de adesão do estado ao novo Regime de Recuperação Fiscal, para equilibrar as contas do estado.

Pediram, ainda, investimentos em rodovias federais que cortam o Rio de Janeiro e o incentivo à criação de um Polo de Desenvolvimento Tecnológico e de Inovação no estado.

Folha de S. Paulo