Médico francês guru dos bolsomínions é investigado pela polícia

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Foto: GERARD JULIEN / AFP

Dirigido pelo médico francês Didier Raoult, tido como o guru da cloroquina, o Institut Hospitalier Universitaire Méditerranée Infection, na região de Marselha, na França, foi alvo de uma operação da polícia francesa na manhã desta segunda-feira. De acordo com o jornal “Le Monde”, foram realizadas buscas no local como parte de uma investigação sobre desvio de verbas públicas.

O instituto chefiado por Raoult teria desviado recursos obtidos por meio de uma parceria com o Instituto de Pesquisa para Desenvolvimento (IRD), em 2019. A procuradoria local investiga acusações de que a instituição tenha destinado outras verbas públicas para trabalhos não relacionados às pesquisas feitas pelo IRD.

“Didier Raoult exerce funções científicas e não administrativas no instituto”, disse o advogado do médico, Brice Grazzini. “Esse caso diz respeito a um conflito de interesses entre o IRD e a presidência da fundação IHU. A polícia simplesmente veio para apreender documentos adicionais”, completou.

Principal promotor da hidroxicloroquina como tratamento para a Covid-19, o médico e microbiologista francês Didier Raoult divulgou, no início da pandemia, em março do ano passado, um estudo feito com apenas 42 pessoas, trabalho que, segundo ele, comprovava a eficácia da hidroxicloroquina associada à azitromicina no tratamento da Covid-19, desde que administrados no início dos sintomas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), o Conselho Nacional da Ordem dos Médicos da França e cientistas de todo o mundo, no entanto, apontaram que o estudo não havia seguido protocolos científicos.

Em abril do ano passado, Raoult chegou a ser recebido pelo presidente francês, Emmanuel Macron. Já em setembro, foi denunciado pela Sociedade de Patologia Infecciona de Língua Francesa por promoção indevida de medicamento. De acordo com o jornal “Le Figaro”, a entidade de classe alegou que o médico promovia a hidroxicloroquina “sem que a ciência tenha estabelecido claramente nenhum dado preciso a respeito, o que supõe uma infração das recomendações das autoridades de saúde”.

Foi só neste ano, em janeiro, que pela primeira vez o médico admitiu que a hidroxicloroquina não reduz a mortalidade ou o agravamento da Covid-19. “As necessidades de oxigenoterapia, a transferência para UTI e o óbito não diferiram significativamente entre os pacientes que receberam hidroxicloroquina com ou sem azitromicina e os controles feitos apenas com tratamento padrão”, escreveu Raoult em janeiro, em nota assinada por toda sua equipe, de acordo com o jornal “Le Figaro”.

O Globo