MPF quer Aras fora da PGR

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Foto: Reprodução

Passados dois anos e meio de governo, os integrantes das carreiras de procurador e subprocurador do Ministério Público Federal (MPF) já não enxergam mais a gestão do presidente Jair Bolsonaro como nos primeiros meses. As constantes ações do procurador-geral Augusto Aras, que se alinham com o Planalto, está gerando insatisfações e constrangimentos dentro do órgão. Além de ter minoria entre apoiadores no Conselho Superior do MPF, Aras vem perdendo aceitação em todos os setores da PGR.

A eleição, na última terça-feira, da subprocuradora da República Luiza Frischeisen para encabeçar a lista tríplice que será enviada a Bolsonaro para a escolha de eventual substituto de Aras, é um recado claro do clima na instituição. Ela é conhecida pela forte defesa da democracia, do meio ambiente e dos direitos humanos, temas permanentemente criticados pelo presidente.

“Releva uma preocupação com a democracia de todo o MPF”, diz um subprocurador, sob a condição de anonimato. “Em 2018 e 2019, era possível notar que o presidente tinha apoio de quase metade dos integrantes da carreira. Hoje, essa aceitação é mínima e reservada aos procuradores e servidores mais radicais”, destacou uma fonte na PGR.

Para uma fonte ligada à cúpula da Procuradoria, a avaliação é de desmonte dos programas de governo. “Não existem apenas prejuízos à democracia, mas é evidente a preocupação na PGR com as ações (contrárias) relacionadas ao meio ambiente, pandemia e combate à corrupção”, destacou.

Ao Correio, Luíza agradeceu os votos dos colegas e destacou que isso demonstra que os integrantes do MP prezam pela independência da instituição. “Ficar em primeiro lugar é os colegas reconhecerem que querem como PGR um MPF autônomo, independente, na atuação da área criminal, defesa dos direitos humanos, meio ambiente, e uma mulher que tenha um olhar para as colegas, as mulheres nas carreiras jurídicas”, salientou.

De acordo com a subprocuradora, o resultado também aponta para listas futuras e para a importância do trabalho do MPF. “Fico honrada. A lista é essencial para a manutenção da democracia interna e tem um histórico desde 2002, e vai continuar. Ao mesmo tempo, vamos caminhar para uma lista futura. O recado que fica de nós do MPF é de que o melhor é um MPF independente. Somos procuradores da República para defender o Estado democrático de direito”, observou.

Correio Braziliense