SP não tem vacinas para cumprir calendário de vacinação

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Foto: Adriano Vizoni

Funcionários da rede municipal de saúde de São Paulo relatam que as doses de imunizantes contra a Covid-19 disponíveis não são suficientes para o ritmo proposto pelo calendário de vacinação da gestão Ricardo Nunes (MDB).

Desde o início da semana, postos da capital têm sofrido desabastecimento. Na segunda-feira (21), mais de 300 unidades ficaram sem vacinas, o que levou a Secretaria Municipal de Saúde a suspender a campanha de imunização contra a Covid-19 na terça (22). A vacinação foi retomada na quarta-feira (23), mas ao menos dez postos tiveram problemas de abastecimento do imunizante à tarde.

Nesta quinta-feira (24), o problema voltou e cresceu: 80 postos de vacinação ficaram sem doses. O problema começou logo pela manhã, quando a prefeitura recebeu os imunizantes do governo estadual por volta das 8h, segundo relatos de servidores.

Com a previsão de entrega de 120 mil doses por parte do governo estadual, em tese haveria 331 mil doses para a população entre 47 e 49 anos ser atendida até o fim da semana, segundo a prefeitura.

O prefeito Ricardo Nunes repetiu em evento na quarta (23) que a cidade tem capacidade de vacinar 600 mil pessoas por dia.

Mas, segundo os funcionários, com o ritmo atual de entrega de vacinas não é viável atender uma faixa etária por dia diante da alta procura. No alto escalão da prefeitura, a avaliação é que o governador João Doria (PSDB) quer usar as vacinas como trampolim para seu projeto presidencial, mas que a conta estoura no município.

Para as pessoas ouvidas pela Folha, é preciso ter uma margem maior de vacinas disponíveis e entrega com maior antecedência para a preparação dos equipamentos para grandes públicos —considerando ainda que há campanha de vacinação contra gripe e Covid-19 ao mesmo tempo.

Também seria melhor atender uma faixa etária a cada dois dias para melhor distribuição do público. Segundo os funcionários, o remanejamento de doses entre unidades tem ocorrido com uma frequência muito maior do que o normal. Eles dizem que isso acontece até três vezes por dia por falta de insumos, e os próprios funcionários vão buscar as doses em vans escolares.

No Palácio dos Bandeirantes, os novos problemas de distribuição de vacinas na capital geraram o temor de uso político pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) contra a gestão de Doria, seu rival político.

Após o curto-circuito entre prefeitura e estado na segunda-feira, o primeiro embate entre as gestões João Doria (PSDB) e Ricardo Nunes, houve um armistício costurado entre o governador e o prefeito paulistano, Ricardo Nunes (MDB), na noite de terça (22).

A cidade já pleiteava maior dose de imunizantes por atendido pessoas de fora do município. Como forma de blindar a administração municipal contra cobranças, membros da gestão Nunes passaram a afirmar que só divulgarão a vacinação de faixas etárias para as quais já há vacinas separadas.

Doria deu razão às queixas de Nunes de que houve falta de retorno por parte da secretaria estadual de Saúde, o que levou ao que integrantes da administração classificaram como um soluço na distribuição de imunizantes.

No dia seguinte, os dois políticos concederam entrevista coletiva juntos, visando afastar o clima de crise. A volta do problema nesta quinta, por sua vez, encontrou uma nova versão no governo estadual.

A questão central seria a combinação do emprego de vacinas em faixas etárias mais populosas com a queda no ritmo de entregas por parte do Ministério da Saúde.

Segundo estimativas preliminares, o governo federal teria entregue metade do total de vacinas que deveria para São Paulo até aqui em junho, por falta de insumos e por atrasos nas entregas de novos fornecedores, como a Janssen.

Apesar disso, o governo mantém a aposta de que conseguirá cumprir sua meta de vacinação. Estão previstos para chegar da China neste sábado (26) insumos para mais 10 milhões de doses da Coronavac, que serão preparadas no Instituto Butantan. Destas, cerca de 23% ficam no estado de São Paulo.

Questionado sobre os possíveis motivos para o apagão de doses, o Ministério da Saúde afirmou que a responsabilidade pela distribuição de vacinas aos municípios é da gestão estadual. Em nota, o ministério também nega atrasos e diz ainda que as entregas de junho seguem conforme o cronograma previsto, o qual prevê cerca de 40 milhões de doses para este mês.

A entrega mais recente começou na quarta (23), de 7 milhões de doses, informa. Desse total, 1,5 milhão está sendo enviado ao estado paulista. A pasta diz ainda ter entregue mais de 30,2 milhões de doses a São Paulo desde o início da campanha.

“É importante esclarecer que a prioridade da pasta, neste momento, é acelerar a vacinação dos grupos prioritários, conforme previsto no plano de vacinação”, informa. Segundo o ministério, a autorização para imunização por faixa etária deve ocorrer apenas após esses grupos.

Uma nota técnica da pasta, no entanto, fala em aplicação concomitante a esses públicos após o término da vacinação de professores e outros trabalhadores de educação.

Ainda em nota, a pasta diz que a distribuição das doses é definida com representantes de estados e municípios e que a recomendação é que gestores locais, embora tenham autonomia para fazer o planejamento local, “sigam à risca” o que foi definido, “para garantir a imunização completa de todos os grupos”.

Em reunião com secretários de Saúde nesta quinta (24), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, não comentou o apagão de doses em algumas cidades e disse que a previsão é que, de junho a agosto, haja distribuição de 160 milhões de doses, o dobro das doses já aplicadas.

Assim como o governo Doria, Queiroga também voltou a repetir a previsão de vacinar toda a população com ao menos uma dose até setembro. “E em dezembro a expectativa é que todos com mais de 18 anos tenham recebido as duas doses”, disse.

Presidente do Conasems, conselho que reúne secretários municipais de Saúde, Willames Freire Bezerra, vai na mesma linha da explicação do governo paulista e atribui o apagão à aplicação de doses por faixa etária e ao problema de escassez de vacinas que já ocorria no país.

“Viemos num ritmo em que municípios potencializaram suas equipes para vacinação e faltam vacinas. Como abrimos por faixa etária, isso dá velocidade. Estamos em um ritmo acelerado de vacinação, e se esse ritmo não for abastecido por vacinas, vai parar.”

Ele lembra que, em etapa anterior recente, que envolvia a vacinação de pessoas com comorbidades, havia exigências de documentos que comprovassem a situação, o que não ocorre agora com a vacinação por faixa etária. “Retiramos muita burocracia e isso também aumentou o ritmo [de vacinação]”, diz.

Bezerra afirma que os relatos de suspensão temporária de aplicação de doses não se restringiram às capitais nos últimos dias. “É uma situação em muitas regiões do país.”

Segundo ele, o Conasems tem orientado que as cidades tenham sistemas próprios para vacinação com agendamento a partir da quantidade de doses, evitando filas.

Folha de S. Paulo

 

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