Supostas opções a Lula e Bolsonaro patinam nas redes

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Foto: Reprodução

Na disputa para ver quem pode quebrar a polarização entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, nenhum dos personagens mais populares ou ativos do atual debate político leva vantagem incontestável sobre os demais nas redes sociais.

A conclusão é de um estudo Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (Dapp/FGV) que, propositadamente, excluiu Bolsonaro e Lula das métricas, já que os dois sempre ostentam enorme vantagem em todos os rankings.

Quando o presidente e o ex estão fora da disputa, o que há é um aparente equilíbrio de forças entre os nomes alternativos.

Na análise feita sobre o período de 25 de março a 31 de maio, Guilherme Boulos (Psol) apareceu com desempenhos melhores no Instagram e no Twitter. O apresentador de TV Luciano Huck (sem partido) liderou no Facebook. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) foi o campeão do YouTube.

O resultado final mais ou menos equilibrado dá uma dimensão da dificuldade de viabilização de uma força alternativa a Lula e Bolsonaro na disputa presidencial, concluíram os autores.

Em geral, nomes de direita ou centro-direita tendem a ir melhor no Facebook e no Instagram. Esquerda e centro-esquerda ganham no Twitter e no YouTube.

Com 700 postagens, Boulos conseguiu 12,4 milhões de engajamentos no Instagram no período analisado, o que o colocou como líder dessa plataforma. Ele também conseguiu vantagem sobre os demais no ranking do Twitter, com 694 mil retuítes.

“É curioso notar que o personagem que aparece como o mais bem colocado após Bolsonaro e Lula não é uma figura vista como representante do chamado centro”, diz o pesquisador Marco Aurélio Ruediger, coordenador do levantamento. “Boulos tem conseguido sistematicamente se manter relevante no debate travado nas redes, o que não é algo pequeno. Mas ainda assim está muito atrás de Bolsonaro e Lula”

Com 9,6 milhões de engajamentos, quase o dobro do segundo colocado, Huck desponta como líder isolado do Facebook. Ruediger anota, porém, que os “posts” muito populares do apresentador de TV geralmente são de assuntos com pouca ou nenhuma relação com a política.

No YouTube, a liderança incontestável é de Ciro Gomes, com 3,3 milhões de visualizações, um número quase cinco vezes maior que o de Boulos, o segundo colocado. “Ciro é eloquente, o que o favorece nesse meio”, diz Ruediges. Além disso, tem recebido auxílio do publicitário João Santana, ex-marqueteiro de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff, agora contratado pelo PDT.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), não alcançou a liderança em nenhuma das quatro plataformas analisadas. Mas seu desempenho não pode ser considerado ruim. Foi o segundo no Facebook e o terceiro no Twitter e no YouTube.

O problema maior de Doria, mostra outro trecho do estudo, é que ele aparece, disparado, como o principal alvo de críticas, agressões e xingamentos. No Twitter foram identificadas 7,2 milhões de menções às figuras selecionadas para o estudo. Quase sempre como alvo, Doria foi tema de 2,9 milhões. Das dez “hashtags” mais usadas, cinco se referem a ele, todas com termos críticos ou depreciativos, como #doriamentiroso ou #cpidatvcultura. O tucano é sistematicamente atacado por apoiadores de Bolsonaro, o grupo mais numeroso sob qualquer métrica utilizada.

Valor Econômico