Vacinação não está liberando leitos de UTI

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Foto: MICHAEL DANTAS / AFP

A vacinação contra a Covid-19, que em alguns locais já contempla pessoas com menos de 45 anos, sem comorbidades, ainda não resultou em alívio nas internações em UTIs do país. Em dez capitais e no Distrito Federal, 90% dos leitos ou mais estão ocupados com pacientes críticos da doença, segundo levantamento da Folha nesta semana.

O cenário de alta demanda é semelhante ao da semana anterior. Curitiba se mantém como a capital com o pior quadro, com 101% de UTIs lotadas, seguida de Aracaju e Palmas, ambas com 97%. No outro extremo está Rio Branco, com 36% de ocupação.

Mesmo com o avanço nas faixas etárias imunizadas, muitas cidades permanecem com taxas elevadas de ocupação de leitos de UTI para pacientes com sintomas da Covid-19. Por outro lado, há registro de queda de internação de pacientes idosos, justamente porque começaram a ser vacinados em janeiro.

Em Pernambuco, por exemplo, que apresenta índice de ocupação de UTIs acima de 90% há mais de três meses, houve redução de 40% no número de internações para pacientes a partir de 60 anos no último mês. Contudo, há registro de aumento de demanda entre pessoas mais jovens.​

A fila por UTIs no Paraná continua a maior do país, com 533 pacientes aguardando por vagas. Há quase quatro meses, a taxa de ocupação desse tipo de leito se mantém acima dos 90% no estado, mesmo com a abertura contínua de novas vagas – o índice chegou agora aos 96%.

Em Curitiba, 155 doentes estavam na fila de espera por UTIs na segunda-feira (14). Os hospitais e unidades de pronto-atendimento continuam operando acima da capacidade na capital, onde 101% dos leitos estão ocupados.

Mesmo com o sistema colapsado, a cidade mantém regras medianas de combate à pandemia. Nesta terça, a Câmara local também aprovou uma lei que permite que centros de eventos e casas noturnas funcionem como restaurantes e lanchonetes.

Também em Aracaju, a taxa de ocupação se mantém alta, em 97%. Nesta segunda, 21 pessoas aguardavam por leitos intensivos na capital, e 52 em todo o estado.

A secretaria estadual de Saúde informou que começou nesta terça, em parceria com a UFS (Universidade Federal de Sergipe), uma força-tarefa para mapear a propagação da Covid-19 no estado.

No Maranhão, a ocupação de leitos na Grande Ilha, que inclui São Luís, recuou de 97% para 93,55%, cenário que acompanhou a média estadual. Com 594 vagas em UTIs, a ocupação passou de 90% para 87,20%.

Em Pernambuco, há duas semanas, havia 275 pacientes com sintomas da Covid-19 à espera de uma vaga de UTI. Nos últimos dias, a fila foi praticamente zerada. Nesta terça-feira (15), oito adultos aguardavam um leito.

Mesmo com a diminuição da demanda, o estado permanece em situação bastante crítica. Há mais de três meses, a taxa de ocupação de UTIs está acima dos 90%. Nesta terça, 92% das 1.1791 vagas da rede pública estadual estavam ocupadas.

O interior do estado tem um pior quadro. Em várias cidades, sobretudo no agreste, não há mais vagas disponíveis. Pacientes precisam ser transferidos para hospitais na região metropolitana do Recife.

Em Alagoas, a situação também não foi amenizada e o índice de ocupação é o mesmo do estado vizinho. Na capital, a taxa permanece em 90%.

O Ceará vai melhorando lentamente. Na última semana, a taxa de ocupação de UTIs na rede pública oscilou de 89% para 88%. O estado já teve mais de 500 pacientes na fila por uma vaga de UTI. Atualmente, a situação foi normalizada.

No Centro-Oeste, ainda é preocupante o cenário. A ocupação voltou a passar de 90% em Cuiabá. A redução de 20 leitos em relação à semana anterior foi determinante para a alta no índice de uso das vagas exclusivas para pacientes com Covid-19. Havia 252 pacientes internados na segunda-feira (14), ante 258 de sete dias atrás. No estado, a ocupação avançou de 87% para 92,59%.

Já o Mato Grosso do Sul conseguiu ultrapassar o colapso do sistema de saúde, mas continua com 95% das UTIs ocupadas. Ainda há 200 doentes na fila de espera por leitos. Até segunda-feira, 34 pessoas foram encaminhadas para internamento em outros estados.

Pelos critérios do govrno estadual, Campo Grande, com 90% das UTIs ocupadas, estaria em bandeira cinza, a mais grave. Porém, a prefeitura manteve restrições leves.

A decisão, seguida por outras três cidades além da capital, foi criticada pelo secretário estadual de saúde, Geraldo Resende. Já a prefeitura afirmou que adotou as medidas com base em “evidências técnicas”, contestando os pontos da classificação estadual.

Com seis pacientes na fila de espera por leitos, o Piauí reduziu a taxa de ocupação de UTIs de 88% para 83% na última semana. Em Teresina, o índice também seguiu em queda, passando de 84% para 79%, com dois pacientes aguardando por vagas.

Em Goiânia foi registrado o mesmo cenário de redução de vagas (10), mas o índice de ocupação também caiu. Os 479 pacientes internados nesta segunda em UTI representam 86,15% das 556 vagas disponíveis. Na semana anterior, eram 504 os pacientes, que representavam 89,05% das 566 vagas existentes. O estado tem 58 pessoas na fila por internação, ante 61 da semana anterior. O índice de ocupação geral de leitos recuou de 89% para 86,15%.

Na cidade do Rio de J​aneiro, onde quase todas as atividades estão liberadas, 90% das UTIs públicas continuam ocupadas, marca que não diminui há mais de três meses. Já o estado fluminense registrou uma queda de 81% para 73%​ na última semana.

Situação um pouco mais confortável é a da capital paulista. A taxa de ocupação de leitos UTI Covid-19 caiu de 80% para 76%.

Até 26 de junho serão inaugurados na cidade mais 250 leitos Covid-19. “Percebemos que ainda há uma tendência de crescimento de casos na cidade, mas numa curva desacelerada. Pela primeira vez na cidade estamos com os leitos Covid e não Covid muito cheios”, disse o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido.

No estado, a lotação é de 81%. Oito das 22 diretorias regionais de saúde do estado —Barretos, Marília, Ribeirão Preto, Franca, Presidente Prudente, Sorocaba, São João da Boa Vista e Piracicaba— estavam com a ocupação na UTI de 90%.

Minas Gerais, estado com mais municípios no país, 853 no total, registrou 170 pessoas à espera de leitos de UTI nesta segunda-feira, também um recuo diante da semana anterior, quando eram 241 pacientes na fila estadual. A taxa de ocupação de leitos UTI Covid públicos teve um leve recuo marcando 79,8%.

​No DF, a ocupação de leitos estava em 90,2% na tarde de segunda. Considerados apenas os leitos de UTI destinados a adultos, a taxa era um pouco maior: 92%. Dados de plataforma da secretaria de saúde também apontavam ao menos sete hospitais com todos os leitos de UTI ocupados.

Assim como em semanas anteriores, porém, a capital ainda mantinha parte dos leitos bloqueados por questões contratuais e outros fatores. Dos 452 existentes, 258 estavam bloqueados, e 194 efetivamente em operação.

Folha