Velho da Havan culpa jornal por acusações da Abin
Foto: Reprodução
O empresário bolsonarista Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, rebateu nesta quarta-feira (23) reportagem que afirma que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) produziu relatório questionando a lisura de seu patrimônio.
Ele disse que a “fonte oculta de recursos”, levantada em hipótese em um documento do órgão de inteligência, são empréstimos bancários.
Hang participou do programa na Rede TV! do apresentador Sikêra Jr, também apoiador do presidente Jair Bolsonaro, e criticou o UOL, responsável pela reportagem, e a Folha. A reportagem foi produzida pelo UOL, que tem participação acionária minoritária da Folha, e republicada pelo jornal.
“Sabe qual é [sic] as minhas fontes ocultas de recursos? Os bancos em que eu pego dinheiro. Agora, Sikêra, a Folha de S.Paulo fica preocupada com o meu crescimento. Eu fico mais preocupado com a Folha de S.Paulo, como é que ela continua em pé, sem o financiamento dos governos?”, disse o empresário.
Hang afirmou que a Abin é como o FBI americano e não seria responsável por fazer um “pasquim de fofoca”, em referência ao relatório. Entre outros pontos, um dos trechos do documento cita uma empresa de fomento mercantil de Hang que fornecia empréstimos milionários. Isso, segundo o relatório, configurava a prática de “agiotagem”.
O material tinha 15 páginas e foi produzido em julho de 2020. Segundo a reportagem, serviu para alertar o Palácio do Planalto sobre os riscos decorrentes da proximidade do empresário com o governo.
Em sua participação no programa de TV, Hang disse que o jornal é “fabricante de fake news” e não conseguiu encontrar um candidato para a eleição de 2022.
“É barato para eles mentir. Pagam pouco. Ou eles têm a certeza que a morosidade da Justiça vai fazer com que valha a pena o crime que eles cometem.”
Sikêra disse concordar com as afirmações de Hang e, ao final da participação do empresário, disse: “Lamentavelmente, [o jornal] botou uma tuia de repórter, é aquele povo estranho, que você já vê, você fica com medo, troca de calçada. Lá vem o repórter. Você: ‘É, não, meu irmão, é assalto’. Você vê os caras… sabe aqueles bicho? É os que participa de protesto, quebrando parede, quebrando vidro”.
Na semana passada, a Folha mostrou que o governo federal pagou repassou R$ 120 mil em cachê ao apresentador por participação em campanhas publicitárias.
Após a publicação da reportagem sobre o documento, a Abin divulgou nota para negar que tenha produzido um relatório sobre Hang. De forma sucinta, a agência informou “não ter produzido, recebido ou difundido relatório ou qualquer outro documento”.
A existência do relatório, porém, foi confirmada ao UOL por fontes da própria Abin, da Polícia Federal, do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência), além de um integrante da CPI da Covid.
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