Acusado por Joice teria acesso ao prédio em que ela vive

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Foto: Reprodução

Após acordar ferida em seu apartamento funcional na Asa Norte e identificar seis lesões na face e nas costelas, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) pediu abertura de investigação sobre o caso. A parlamentar suspeita que uma terceira pessoa tenha entrado no apartamento, onde ela estava com o marido, o neurocirurgião Daniel França, e provocado as agressões. As diligências, de acordo com a congressista, estão sendo conduzidas pela Polícia Legislativa e pelo Ministério Público.

Em entrevista ao Correio, Joice diz ser alvo de ameaças pelas redes sociais e de insinuações indiretas sobre sua segurança. Revela, também, que um desafeto tem acesso fácil ao prédio onde ela mora. No entanto, afirma não haver sinais de invasão no apartamento e não descarta que as fraturas tenha sido causadas por uma queda. Veja os principais trechos da entrevista.

A senhora contou que estava assistindo a uma série, no domingo, e adormeceu?
Eu tomo um remédio para adormecer. É o mesmo há 20 anos. Leva mais ou menos uns 20 minutos para fazer efeito. A série tem cerca de 40 minutos. Então, na metade do capítulo, tomei o remédio para conseguir terminar. Na hora em que terminei, desliguei a televisão e fui dormir. Coloquei meu tampão de ouvido, que uso por ter o sono muito leve. Então, adormeci, por volta de 1h da noite de sábado para domingo. Depois, às 7 horas e três minutos, acordei, no chão, de bruços, em volta de uma poça de sangue, com dente quebrado. Eu achei que tinha caído, que teria tido um mal súbito, batido a boca, e saído sangue do nariz. A conclusão óbvia, né? Fui buscar socorro. Eu me arrastei até o criado-mudo, peguei o celular para ligar para o meu marido. A gente dorme em quartos separados, desde sempre, porque ele ronca muito. Ele me atendeu na segunda ligação e saiu correndo, óbvio, eu ligando para ele de manhã. Saiu correndo, foi lá me atender e prestou os primeiros socorros. Inicialmente, a gente achou que fosse tombo.

Acordou no mesmo ambiente em que dormiu?
Meu quarto tem três ambientes. Tem o quarto onde fica a cama e tem um corredor, em frente, que dá acesso ao banheiro. Foi nesse corredor que acordei.

Acredita que uma terceira pessoa tenha entrado no apartamento?
É uma das hipóteses mais prováveis pelo volume de traumas e pelo fato de estar desacordada, mas eu também não descarto a possibilidade de ter caído várias vezes. O que é estranho, falando com especialistas, com os médicos, com o meu marido mesmo: quando eu acordei, estava de bruços, com o rosto no chão. Depois, descobri que estava com um galo na nuca. Para eu estar desacordada, eu teria de ter tomado uma pancada ou caído e batido a parte da nuca, a parte de trás da cabeça. Então, como eu estava de frente? Mas não é impossível que tenha acontecido isso (acidente). Porém, como é pouco provável, decidimos pedir a investigação. Até porque não é de hoje que sofro ameaças de morte. E a minha lista de desafetos políticos dá para fazer de ordem alfabética.

Se uma terceira pessoa tivesse provocado as lesões, o medicamento que já toma seria suficiente para manter o sono durante as agressões, ou seria necessário outra droga para dopá-la?
Como alguém iria me dopar comigo dormindo? Só se fosse com uma agulhada, e eu ia acordar. Então, a única possibilidade é se alguém bateu na minha cabeça, e falei isso para a Depol. Se alguém entrou aqui, foi coisa de profissional, não de amador.

Descartou a possibilidade de violência doméstica?
Isso é a coisa mais canalha que existe. É babaquice de louco bolsonarista, violência doméstica. Não é uma ofensa a meu marido, é uma ofensa contra mim. Que que é? O povo está achando que eu sou mulher de malandro, que vou apanhar e ficar quieta. Se houvesse pelo menos uma ameaça de violência doméstica, eu ia denunciar na polícia. Meu marido é um príncipe comigo, um lorde. Pode ter certeza de que é a sétima fratura, a que mais me dói.

Se alguém invadisse o apartamento e lhe agredisse, pela distância entre os quartos, seu marido não ia ouvir?
Para ele ouvir alguma coisa, eu teria que gritar. Como eu ia gritar desacordada? As pessoas me fazem perguntas que eu não tenho muita resposta. Do meu quarto até o quarto do meu marido, são três cômodos. Apartamento funcional antigo é grande. Todas as portas ficam fechadas, porque a gente tem gatinhos. Se ficam abertas, os gatinhos não deixam a gente dormir.

Há alguma entrada no prédio possível de ser acessada sem passar pela guarita, para quem tem a chave?
Tem a garagem, que não passa pela guarita. Mas teria de ter ajuda de um parlamentar ou motorista de parlamentar. Todos os parlamentares e motoristas já têm os carros cadastrados e entram direto.

Foi realizada perícia no apartamento ou no prédio?
Não foi feita, porque a gente só suspeitou disso na quarta, e aconteceu na madrugada de domingo. Não tem muito sentido. Vamos raciocinar: a pessoa caiu, bateu a cabeça, saiu sangue do nariz, o quarto está sujo de sangue. O que você faz? Você deixa lá o sangue ou você limpa tudo e vai cuidar do ferimento? Tem até umas pessoas bem burrinhas, bem limitadas na internet que ficam perguntando por que não chamou a perícia. Não passou pela minha cabeça a possibilidade de um atentado. Tinha de ser muita teoria da conspiração eu estar caída ali e achar que alguém tinha entrado. Eu só pensei depois de receber os resultados dos exames com os traumas de coluna, no rosto.

Inicialmente, pensou que seriam lesões graves e foi imediatamente ao hospital?
Não. De jeito nenhum. Eu estava com dor. Pensei que estava com dor porque dei com a cara no chão, e claro que vai doer. Meu dente foi moído. A dor do meu rosto era tão grande na parte de dentes, mandíbula, que eu não senti a dor da coluna nem o galo na cabeça.

Nesse momento, procurou o hospital?
Não. Primeiro, eu procurei o grupo para ver a questão dos meus dentes, porque até aí a gente desconfiava de uma queda. Fui atrás de uma indicação de dentista, pois não conheço ninguém aqui. Fui a uma clínica para fazer todos os exames. A tomografia dentária é diferente da de crânio, e meu marido estava insistindo para que eu fizesse a de crânio. Eu não queria porque estava cansada, feia. Não queria aparecer desse jeito. Aí, o dentista viu a tomografia e falou: “Tem coisa aí, é melhor fazer os outros exames”. Eu liguei para o doutor Kalil, e ele disse que meu marido tinha razão, que era melhor eu ir ao hospital fazer a tomografia de crânio. A preocupação inicial era intracraniana, para saber se não tinha nenhum AVC, nada que pudesse ter causado desmaio. Ele pediu cinco tomografias, dos dois joelhos, do crânio, da face, da cervical. O laudo saiu na quarta de manhã, e a partir do laudo a gente começou a fazer a segunda suspeita.

Desconfia de alguém que possa ter feito isso?
Eu dei dois nomes à polícia. São desconfianças, mas eu não vou acusar, pois são casos recentes. Eu passei para a polícia, e eles vão investigar.

São pessoas que já a ameaçaram?
Uma delas, não diretamente, mas mandou recados indiretos. Tem acesso muito fácil aqui ao prédio. E a outra é o óbvio ululante. São pessoas que estão me ameaçando sempre e nem têm vergonha, me ameaçam publicamente nas redes sociais.

Correio Braziliense

 

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