Bolsonaro levanta suspeitas de ter “plantado” PM-delator na CPI

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Foto: Gabriela Biló/Estadão

O presidente Jair Bolsonaro elogiou a participação do policial militar Luiz Paulo Dominghetti na CPI da Covid. A sessão foi tumultuada porque Dominghetti exibiu um áudio de uma conversa na qual o deputado Luis Miranda (DEM-DF) aparece dizendo ter um “comprador com potencial de pagamento instantâneo”. Dominghetti procurou envolver Miranda, que havia denunciado um esquema de corrupção no Ministério da Saúde para compra de vacinas.

“Eu quero saber como (a imprensa) vai reagir com a questão da CPI de hoje. Foi bonito, hein?”, disse Bolsonaro em transmissão ao vivo pelas redes sociais, nesta quinta-feira, 1.º. “(A imprensa) deve estar se contorcendo, se mordendo”. Senadores da CPI suspeitam que Dominghetti esteja a serviço de uma “armação” do governo para produzir provas fraudulentas e se voltar contra Miranda.

Bolsonaro disse desconhecer o policial que, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, afirmou ter recebido cobrança de propina de US$ 1 por dose da vacina AstraZeneca quando tentou vender o imunizante contra coronavírus para o Ministério da Saúde. O presidente se lembrou, porém, que Dominghetti é cabo da Polícia Militar de Minas Gerais. “Hoje foi bonito quando o cabo se dirigiu ao senador”, comentou. “Não conheço o PM de Minas Gerais, mas essa CPI está contribuindo para quê? Podia estar discutindo coisas importantes, estar ajudando o governo”, disse ele, aos gritos.

Durante a live, Bolsonaro repetiu várias vezes que não há irregularidades no processo de compra de vacinas. “Que corrupção é essa? Não pagamos um real por nada. Não recebemos uma ampola”, afirmou. “É só inferno o tempo todo, tentando de toda maneira atingir o governo”. Para ele, os trabalhos da CPI são uma “idiotice”. “(A comissão) não serve para nada, só faz fofoca e tenta desgastar o governo. Vamos resolver isso em 2022″, emendou, numa referência à disputa eleitoral.

Na terça-feira, o governo decidiu dar respostas à série de denúncias de corrupção e demitiu o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, alvo das acusações de Dominghetti e também de Miranda e do irmão dele, o servidor Luiz Ricardo.

Miranda afirmou que a gravação exibida por Dominghetti era de outubro de 2020 e se referia a uma conversa com outro representante comercial para venda de “luvas”, não de vacinas. O deputado também é empresário.

Bolsonaro também se referiu com ironia à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que arquivou inquérito aberto para investigar antidemocráticos, no ano passado, mas abriu nova diligência, desta vez para aprofundar provas colhidas sobre a existência de uma “organização criminosa” digital. Para o magistrado, há “fortes indícios” de que blogueiros bolsonaristas e parlamentares atuavam em conjunto para atentar “contra a democracia e o Estado de Direito”.

“Ele (Moraes) arquivou o processo que tinha a ver comigo. Obrigado, Alexandre! Te devo muito. Não sei como te agradecer, Alexandre de Moraes. Estou comovido aqui”, ironizou o presidente, para quem ministros do Supremo querem investir contra os bolsonaristas que atuam pela aprovação da proposta de voto impresso. “Como retaliação, com toda certeza, o senhor Alexandre de Moraes manda investigar organização criminosa. Duas deputadas (Aline Sleutjes (PSL-PR) e Paula Belmonte (Cidadania-DF), o Flávio, meu filho senador, e o Carlos também”, completou, ao também citar apuração contra o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

O presidente criticou, mais uma vez, o Supremo ao dizer que todos os Poderes têm limites, menos isso não se aplica à Corte. “Me chamam de tudo; eu, presidente da República. De misógino, racista, fascista, homofóbico, genocida… Não tem problema nenhum. Quando alguém faz uma crítica no tocante ao Supremo, cai o mundo. Nós queremos democracia. Não existe até hoje (…), em dois anos e meio de governo, nenhuma frase minha, um ato, uma ação, uma declaração, um decreto, que esteja fora das quatro linhas da Constituição”, reagiu, irritado.

Em conversa com apoiadores, na frente do Palácio da Alvorada, Bolsonaro também foi taxativo: “Se jogarem fora das quatro linhas da Constituição, entramos no vale-tudo no Brasil. E, no vale-tudo, vale tudo”.

Ao defender o voto impresso, na transmissão ao vivo pelas redes sociais, Bolsonaro disse que, caso a proposta prevendo essa modalidade não passe pelo crivo do Congresso, o Supremo precisa descobrir uma maneira de fazer a contagem dos votos de forma aberta, sob risco de “problemas nas eleições” e “convulsão” em 2022.

“Eu entrego a faixa presidencial para qualquer um que ganhar de mim na urna de forma limpa! Na fraude, não”, afirmou o presidente. Como se quisesse criar uma espécie de “vacina” para eventual derrota em 2022, Bolsonaro disse que “tiraram” o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da prisão e o tornaram elegível para ser presidente “na fraude”.

No início da live, Bolsonaro chamou de “otários” os deputados federais Joice Hasselmann (PSL-SP) e Alexandre Frota (PSDB-SP) por terem assinado o “superpedido” de impeachment contra ele. “Estou dando risada desses dois otários (Joice e Frota) que assinaram”, disse ele, após ler trecho de livro sobre ingratidão e fazer analogias do conteúdo com a política.

Para o presidente, quem subscreveu a peça pedindo o impeachment – de parlamentares da esquerda à centro direita a representantes de organizações da sociedade civil – é “um pessoal que não tem o que fazer”.

Em mais um capítulo da disputa com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Bolsonaro questionou novamente a eficácia da vacina Coronavac, a primeira aplicada no Brasil. “Eu estou aguardando aquele cara de São Paulo falar”, afirmou. “Abre logo o jogo que tem uma vacina aí que infelizmente não deu certo. Abre logo o jogo!”, emendou, sem citar o nome de Doria.

Em resposta, o governador de São Paulo, João Doria, apresentou, em sua conta no Twitter, dados do estudo realizado no município de Serrana, no interior do Estado, que comprovam o potencial do imunizante de reduzir mortes e número de casos da doença. Doria citou a queda de 86% nas internações, de 81% nos casos sintomáticos e de 95% nas mortes. Em seguida, ironizou, recorrendo a uma expressão usada pelo próprio Bolsonaro: “Viva a eficácia da Coronavac. Bora virar jacaré!”

Estadão

 

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