Bolsonaro recebeu deputada alemã famosa por discursos racistas

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Foto: Reprodução

Jair Bolsonaro reuniu-se com a deputada Beatrix von Storch, vice-líder do Alternativa para a Alemanha, partido de extrema direita que conta com o apoio de neonazistas. O encontro, que não chega a ser uma surpresa dado o histórico do presidente, mas serviu para excitar seguidores de ambos os lados do Atlântico. E irritar a comunidade judaica brasileira.

A foto, que circula em grupos bolsonaristas, é um afago à parcela de seus seguidores que compartilha valores como o ódio a imigrantes, a negros, a judeus, a muçulmanos, à população LGBTQIA+.

O Alternativa para a Alemanha estava crescendo rápido, tendência interrompida durante a pandemia. Assim como Bolsonaro, eles empunharam a bandeira do negacionismo, o que os levou a conseguir adeptos no início da crise. Mas com o agravamento da situação sanitária, também perderam apoios. Isso somado às brigas internas, leva a uma posição de estagnação.

Beatrix von Storch é neta de um dos ministros de Hitler. Pode-se argumentar que isso não diz nada porque não escolhemos a nossa família, mas no caso dela a justificativa não se aplica. Ela é conhecida por suas declarações xenófobas, intolerantes e racistas, assim como Jair Bolsonaro.

E, assim como ele, deseja que políticos ultraconservadores do mundo se unam para fortalecer a opressão sobre os grupos minoritários em direitos.

A diferença é que a agência de inteligência do governo alemão considerou o partido Alternativa para a Alemanha uma ameaça à ordem democrática. Já o governo Bolsonaro não ficou na ameaça e tem, sistematicamente, agindo para erodir nossa democracia.

Como domina o poder federal, coisa que o partido ainda está longe de deter, o presidente tem sequestrado instituições de monitoramento e controle, como a Procuradoria-Geral da República, e alugado os serviços daqueles que não se dobram, como o centrão no Congresso Nacional. E, com a tranquilidade que isso traz, tem insinuado semanalmente que irá baixar um golpe de Estado.

Isso sem contar que o seu Ministério da Justiça no Brasil fez dossiês contra policiais e professores contrários ao fascismo. Ou seja, a Alemanha coloca em monitoramento quem passa pano para o nazismo. Aqui coloca em monitoramento quem critica o fascismo.

É interessante que Bolsonaro, que vive abrindo a boca para dizer que é amigo de Israel e dos judeus, abraça – literalmente – representantes do partido cujos lideres minimizam o Holocausto, passam pano para Hitler e tem o apoio de neonazistas. A imagem está repercutindo muito mal na comunidade judaica brasileira – e não apenas nas listas dos grupos mais progressistas.

“Em um momento em que a esquerda está promovendo sua ideologia por meio de suas redes e organizações internacionais em nível global, nós conservadores devemos nos unir mais e defender nossos valores conservadores em nível internacional”, afirmou Beatrix von Storch no Instagram.

A mensagem é distorcida, pois ela chama o ódio e preconceito de “valores conservadores”, que têm todo o direito de serem defendidos como os valores progressistas.

O encontro de von Storch com os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF) já haviam sido criticados pelo Museu do Holocausto e pela Confederação Israelita do Brasil.

Um encontro como esse funciona como uma troca de apoio. Mesmo que isso seja criticado pela maioria das pessoas com espírito democrático nos dois países, dentro do mundo de ambos, essa exibição de interesses e alianças mútuos, de governos que estejam lutando contra a “repressão do isolamento social”, funciona para o fortalecimento de suas posições.

Ressalte-se, contudo, que a extrema direita alemã não morre de amores por ele. Afinal, homem branco brasileiro, por lá, não é branco, mas latino.

Uol  

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