Bolsonaro tenta criar um bode expiatório no escândalo das vacinas

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Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo/29-06-2021

Diante do que já é considerada a maior crise da gestão Bolsonaro, o Palácio do Planalto tenta se blindar e quer emplacar o discurso de que as denúncias sobre negociações suspeitas para a compra de vacinas estão localizadas em apenas um servidor no Ministério da Saúde. As novas revelações do caso também obrigaram o governo a rever estratégia inicial de negar prontamente os indícios de irregularidades. A versão, agora, é que todas as denúncias serão investigadas e, se confirmadas, os envolvidos serão punidos.

Interlocutores de Jair Bolsonaro também passaram a admitir que o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), encontra-se em situação difícil. Até o final de semana, integrantes do primeiro escalão do governo negavam que intenção de uma substituição. O melhor cenário, segundo a avaliação no Planalto, seria Barros pedir o afastamento para fazer sua defesa. O líder do governo foi convocado pela CPI da Covid e deverá prestar depoimento na próxima semana.

Nesta quarta-feira, foi publicada a exoneração de Roberto Ferreira Dias do cargo de diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. Embora o governo tenha divulgado que a decisão tenha sido tomada na manhã de terça-feira, o ato com a demissão só chegou ao Planalto à noite, após o jornal “Folha de S.Paulo” publicar uma entrevista com Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da Davati Medical Supply. Dominguetti afirmou que procurou o ministério para oferecer uma remessa de 400 milhões de imunizantes fabricados pela AstraZeneca e que Roberto Dias teria exigido US$ 1 de propina para cada dose de vacina negociada.

O ex-diretor também é acusado de ter pressionado pela aprovação célere da Covaxin. Em entrevista ao GLOBO, o servidor Luís Ricardo Miranda afirmou que Dias foi uma das autoridades que o pressionou para acelerar a compra da vacina Covaxin. Segundo ele, Dias teria insistido pelo envio de documentação incompleta à Anvisa. Segundo ele, o mesmo não aconteceu em processo de outra vacinas negociadas pela pasta.

Na semana passada, quando surgiram as primeiras denúncias do servidor e do seu irmão, o deputado Luís Miranda (DEM-DF), o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, negou as irregularidade na compra da Covaxin e defendeu a gestão do então ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Onyx acusou o deputado Luis Miranda de mentir e afirmou que os documentos apresentados pelos dois irmãos foram adulterados.

Na segunda-feira, já indicando uma mudança na retorica, Bolsonaro negou a corrupção, mas disse que não poderia saber o que aconteceu em todos dos ministerioa

Já na terça-feira, com o avanço das investigações na CPI, o Ministério da Saúde decidiu suspender n o contrato para aquisição de 20 milhões de doses da vacina Covaxin. A medida foi uma recomendação feita pela Controladoria Geral da União (CGU). O órgão pediu extensão de prazo para apurar supostas irregularidades no contrato com a Precisa Medicamentos. Ao final da análise da CGU, será definido se o contrato será encerrado.

O único ministro a se manifestar publicamente foi Fábio Faria, que comanda Ministério das Comunicações e está em viagem à Espanha. “O servidor foi exonerado prontamente porque a postura que ele teria tido, segundo a acusação, vai contra todas as diretrizes do governo, que abomina corrupção”, escreveu no Twitter.

O governo também argumenta que até aqui nenhum dos casos suspeitos que vieram a público se concretizaram. “O governo assinou contrato com a AstraZeneca e a Fiocruz em julho do ano passado e, portanto, não precisaria de intermediários em fevereiro deste ano para tratar de vacinas. A vacinação no país começou no dia 18 de janeiro”, justificou Faria na rede social.

Na mira da CPI da Covid, a empresa americana Davati Medical Supply, porém, confirmou ter oferecido 400 milhões de doses de AstraZeneca ao Ministério da Saúde. O presidente da companhia, Herman Cárdenas, disse ao GLOBO que assinou a proposta, mas nega ter conhecimento de que, para destravar o negócio, um integrante do governo teria exigido pagamento de propina.

Já o vice-presidente Hamilton Mourão disse que o Ministério da Saúde é uma pasta que sempre teve caso de corrupção.

— O Ministério da Saúde sempre foi um lugar onde a corrupção andou lá dentro e não se consegue da noite para o dia desmanchar uma estrutura que se encontra lá dentro. Isso é uma responsabilidade dos gestores, que têm que estar atentos a isso o tempo todo. Também existe uma Controladoria-Geral que tem que estar atenta a determinadas movimentações — afirmou.

O Globo

 

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