Centro e extrema direitas se unem para criticar Cuba

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Foto: Reprodução/O Globo

Os ataques ao regime cubano, após os protestos do último fim de semana, deram força à base bolsonarista nas redes sociais. De acordo com levantamento da consultoria Arquimedes, que contabilizou 1 milhão de tuítes em português sobre o episódio entre domingo e quarta-feira, a contestação da ditadura na ilha caribenha uniu apoiadores tradicionais do presidente a influenciadores dos campos de centro e centro-direita, em fenômeno que não vinha sendo registrado desde o início do governo.

Ainda de acordo com o estudo, cerca de 10% das postagens tiveram como alvo o PT ou o ex-presidente Lula. Na segunda-feira, o partido divulgou nota em que critica o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos ao país e expressou “apoio e solidariedade incondicional ao povo e ao governo de Cuba”. No dia seguinte, Lula, por sua vez, minimizou, em entrevista, os protestos e culpou o embargo pelos problemas enfrentados pela população da ilha.

Segundo o levantamento da Arquimedes, as mensagens de bolsonaristas foram responsáveis por 58% das interações nas publicações sobre Cuba. A principal delas foi feita pelo presidente Jair Bolsonaro, em que ele manifesta apoio ao povo cubano que “corajosamente pede o fim de uma ditadura cruel”. As publicações de usuários identificados com direita e a centro-direita tiveram 11% das menções. Somados, os dois grupos respondem por 69% das interações.
A Arquimedes vinha constatando ultimamente união do último grupo à esquerda em posicionamento contra medidas e falas do governo Bolsonaro, geralmente num placar de 70% a 30%, em meia à escalada de mortes causadas pela pandemia e às denúncias da CPI da Covid.

Os ataques a Lula com mais propagação partiram de apoiadores tradicionais de Bolsonaro. O principal deles foi postado por Filipe Martins, assessor do atual presidente para assuntos internacionais. Na publicação, ele diz que Lula defende as atrocidades cometidas pelos regimes de Cuba, Venezuela e Nicaraguá, “enquanto tenta se vender como defensor da democracia”.

Para o cientista político Cláudio Couto, professor da FGV, a defesa do regime cubano feita pelo PT pode acarretar ônus político para o partido nas disputa eleitoral do ano que vem. Ele lembra que outros partidos de esquerda democráticos pelo mundo também adotam a mesma postura.

— Não tenho a menor dúvida que isso acarreta um ônus imenso. O PT paga por isso, já pagou em relação á Venezuela. Dá motivos para uma critica que faz sentido. Se estão reclamando aqui do autorismo, por que não falam de lá? É realmente contraditório, incoerente. Ou você é democrata ou não é. Qual das identidades vai pesar mais? A da democrata ou do socialista? Dá munição para o inimigo o tempo todo.

Couto acredita que, quando estava no governo, fazia sentido ao PT manter relações e diálogo com os países que possuem ditaduras de esquerda porque poderia ser possível atuar num papel de mediação.
— Esses partidos (democráticos de esquerda) estão numa situação intermediária entre a esquerda autoritária e os democratas que não são de esquerda.

Fora do poder, porém, a relação seria explicada pelo fascínio que a revolução cubana de 1959 ainda exerce.
— Acho complicado porque não faz muito sentido logicamente. É uma relação de fetiche que a esquerda mundo afora, e o PT não está fora disso, nutre com esse tipo de regime. Digamos que existe uma narrativa mitológica do que foram as revoluções pelo mundo.

Na visão do cientista político, o “fetiche” pelas revoluções faz com que a falta de democracia nesses países sequer seja enxergada pelos atores políticos, que se valem de argumentos como a “necessidade de luta contra o capital ou de que a oposição é pior”.

— Acabam defendendo esses regimes como uma lógica tradicional esquerda x direita. O problema é que com isso acabam jogando junto a criança com água do banho. Se a realidade vale pra esses regimes por que que não vale pra outros como a ditadura militar brasileira ou outros regimes autoritários mundo afora?

O Globo 

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