Conheça o programa usado por Carluxo para invadir celulares

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Jack Guez – 28.ago.16/AFP

Governos de ao menos dez países usaram o programa Pegasus para espionar celulares de jornalistas e opositores, revelou uma investigação feita por vários veículos de imprensa internacionais.

Criado por uma empresa israelense, o Pegasus é considerado uma das armas de espionagem digital mais modernas já feitas, segundo a OCCRP (Projeto de Reportagens sobre Crime Organizado e Corrupção, na sigla em inglês), entidade que fez parte da investigação revelada no domingo (18). A seguir, um resumo do que se sabe sobre o programa-espião e de como evitar ataques de ferramentas assim.



O que é o Pegasus? Uma ferramenta de espionagem digital vendida pela empresa israelense NSO Group. Em vez de tentar interceptar dados em circulação na internet, ela se instala dentro dos celulares-alvo e passa a ter acesso a todas as informações dentro dos aparelhos.

A empresa diz que fornece a tecnologia apenas para governos, para fins como investigar terroristas, pedófilos e criminosos em geral, mas não revela seus clientes. Todas as vendas precisam ser aprovadas pelo Ministério da Defesa de Israel. Sua existência se tornou pública em 2018.

O que ele faz? Monitora praticamente todas as informações nos celulares, como troca de mensagens, acesso a emails e conversas por telefone. Também pode acionar câmera, microfone e sensor GPS do celular para captar informações, sem que o usuário note.

Por estar dentro dos aparelhos, consegue desviar de barreiras como a criptografia ponta-a-ponta, na qual apenas o autor e o receptor de uma mensagem conseguem ter acesso a ela.

Como ocorre a invasão? Há várias formas. Inicialmente, era mais comum a infecção por meio de envio de links. O dono do aparelho recebia mensagens com promoções que poderiam interessá-lo, como um desconto em produtos conhecidos. Ao clicar, era levado a uma página falsa, que acionava o download e a instalação do programa-espião, sem que o usuário notasse.

Há muitas táticas para convencer a vítima a clicar no link, como enviar uma série de mensagens de spam irritantes. Quando a pessoa clica na opção “parar de receber esta mensagem”, cai no link infectado.

Nos últimos dois anos, tornou- se mais comum o modelo “zero link”, no qual a infiltração acontece sem que o usuário precise fazer nada. O programa-espião busca brechas de segurança em apps ou sites do dia a dia e se infiltra por elas.

Por padrão, os aplicativos no celular têm permissão para acessar a internet. Se a segurança do app não for configurada pelos desenvolvedores de modo adequado, um hacker pode conseguir se infiltrar e enviar o programa-espião por um app qualquer, como de mensagens, música, notícias, exercícios etc. Ao entrar no celular, o Pegasus se instala e começa a espionar em poucos segundos.

Há também a tática “injeção de rede”, que faz uma interceptação momentânea na conexão entre o celular-alvo e um site conhecido. O ataque dura milissegundos e consegue fazer a infiltração antes que o site ou o dispositivo do usuário notem a falha.

No entanto, essa opção é mais complexa, pois depende de um monitoramento de como o usuário-alvo utiliza a internet, para saber em qual app ou site colocar a armadilha e a hora exata para acioná-la. Assim, é preciso também ter acesso a dados de conexão, armazenados por empresas de telefonia.

Este tipo de espionagem pode ser usado no Brasil? Por lei, não. “O sigilo das comunicações é uma garantia constitucional”, diz Francisco Brito Cruz, diretor do Internetlab, centro de pesquisa sobre tecnologia. Governos e investigadores só podem quebrá-lo mediante autorização judicial, e para fins específicos: pode-se solicitar apenas a apreensão do aparelho ou a quebra do sigilo telemático (que inclui ligações, mensagens de texto e email). Isso não inclui invadir e monitorar o aparelho em tempo real.

Há formas de identificar se meu aparelho foi invadido? “No caso de ferramentas sofisticadas como o Pegasus, é quase impossível para um usuário leigo perceber que houve uma invasão”, diz Brito. Para checar isso, especialistas buscam no aparelho por links usados em ataques anteriores, ou conexões do aparelho com servidores que tenham relação com a NSO. Mesmo assim, muitas vezes não há rastros.

O que fazer para se proteger? A principal forma é manter em dia as atualizações de apps e do sistema operacional (iOS, Android etc), pois elas trazem conserto para brechas de segurança. Trata-se de um embate constante, na qual as empresas de TI buscam corrigir falhas enquanto os hackers caçam novos pontos fracos. Assim, quanto mais desatualizado o aparelho, maior o risco de invasão.

Outra recomendação é não clicar em páginas em que o navegador (como Chrome ou Firefox) alerta que há falhas de segurança, como “certificado expirado”. Esses avisos indicam que a conexão entre você e o site desejado pode ter sido violada, abrindo caminho para invasões.

Quanto custa usar uma ferramenta de invasão? Invadir cerca de dez telefones, usando uma versão anterior ao Pegasus, custava em torno de US$ 650 mil, mais US$ 500 mil de taxa de instalação, segundo reportagem do New York Times, de 2016. Especialistas apontam que, por conta do alto custo, programas assim não são usados de forma massiva, mas sim de modo direcionado a alvos específicos, como opositores políticos, ativistas, empresários e jornalistas.

Folha de S. Paulo

 

 

Assinatura
CARTA AO LEITOR

O Blog da Cidadania é um dos mais antigos blogs políticos do país. Fundado em março de 2005, este espaço acolheu grandes lutas contra os grupos de mídia e chegou a ser alvo dos golpistas de 2016, ou do braço armado deles, o juiz Sergio Moro e a Operação Lava jato.

No alvorecer de 2017, o blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo de operação da Polícia Federal não por ter cometido qualquer tipo de crime, mas por ter feito jornalismo publicando neste Blog matéria sobre a 24a fase da Operação Lava Jato, que focava no ex-presidente Lula.

O Blog da Cidadania representou contra grandes grupos de mídia na Justiça e no Ministério Público por práticas abusivas contra o consumidor, representou contra autoridades do judiciário e do Legislativo, como o ministro Gilmar Mendes, o juiz Sergio Moro e o ex-deputado Eduardo Cunha.

O trabalho do Blog da Cidadania sempre foi feito às expensas do editor da página, Eduardo Guimarães. Porém, com a perseguição que o blogueiro sofreu não tem mais como custear o Blog, o qual, agora, dependerá de você para continuar existindo. Apoie financeiramente o Blog

FORMAS DE DOAÇÃO

1 – Para fazer um depósito via PIX, a chave é edu.guim@uol.com.br

2 – Abaixo, duas opções de contribuição via cartão de crédito. Na primeira, você contribui mensalmente com o valor que quiser; na segunda opção, você pode contribuir uma só vez também com o valor que quiser. Clique na frase escrita em vermelho (abaixo) Doação Mensal ou na frase em vermelho (abaixo) Doação Única

DOAÇÃO MENSAL – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf

DOAÇÃO ÚNICA – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf