Cúpula da PM do DF pressiona soldado gay

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Foto: Reprodução

Punido após publicar um vídeo no YouTube no qual fala sobre sua sexualidade, o policial militar Henrique Harrison, do Distrito Federal, tornou-se alvo de mais uma sindicância. O soldado vai responder a um procedimento administrativo por ter dado uma entrevista fardado sem ter autorização de um superior hierárquico.

Harrison foi comunicado sobre a sindicância nesta segunda-feira. No documento, a Polícia Militar do Distrito Federal sustenta que o soldado deu entrevistas para tratar de assuntos militares sem ter sido autorizado e alega que o policial “procura jogar a mídia e a opinião pública contra a corporação”.

As entrevistas que são alvo da sindicância foram dadas no dia do casamento de Harrison. Procurado por veículos de mídia, o soldado conversou com os jornalistas em frente ao cartório. Ele trajava uma farda comemorativa da PMDF.

Os repórteres estavam interessados em ouvi-lo porque na véspera da celebração o soldado havia sido punido com o recolhimento de sua arma. A medida foi tomada pela PMDF com a justificativa de que Harrison exibiu seu revólver no vídeo que gravou para falar das dificuldades de ser um PM gay.

— Eu falei realmente que era uma provável ilegalidade, que eu estava com medo, pois estava sem minha arma, que eu não tinha entendido essa medida desproporcional, e falei claramente que era um ato homofóbico. Então por isso eles falaram que estou contestando o ato do meu superior. Mas na verdade eu estava dando publicidade só, não estava contestando o ato em si — explicou.

O policial admite que não pediu autorização para dar entrevista. No entanto, justifica que não há um procedimento padrão para fazer esse tipo de solicitação.

— Eles só cobram quando são pressionados. E se eu pedisse dissessem não, aí eu incorreria no crime militar de desobediência. Então, por medo, eu dei publicidade ao que aconteceu e aos abusos que eu tinha sofrido, pois quando eu faço isso a outros órgãos ou a PMDF não tenho apoio, apenas retaliação — afirmou.

Em 7 de junho, Harrison já havia recebido uma nota de punição com o argumento de que infringiu “preceitos ético-disciplinares” e transgrediu a disciplina da corporação. No documento, a PM alega que o soldado portou-se “de maneira inconveniente ou sem compostura”.

Os problemas de Harrison com a corporação começaram ainda no curso de formação, no qual alega ter sofrido com machismo e homofobia por ser assumidamente gay. Na sua formatura, a situação piorou. O policial publicou uma foto beijando o namorado e foi alvo de mensagens preconceituosas em grupos de WhatsApp.

Nos dias seguintes, um áudio atribuído a um coronel da PM-DF começou a ser compartilhado. O oficial dizia, entre outras coisas, que “a porção terminal do intestino é deles e eles fazem o que quiserem”. Harrison fez uma denúncia sobre essas ofensas e o caso é investigado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

— Eu só quero que me tratem de forma isonômica, como tratam todo mundo. Não quero colocar ninguém contra a corporação, só quero trabalhar da forma correta. E é muito desigual a forma como sou tratado. Tem quatro policiais que cometeram suposto crime de homofobia contra mim. A Câmara Legislativa pediu para a PMDF fazer esses processos andarem e eles não andam. Só os processos contra mim que andam — disse.

Por meio de nota, a PMDF informou que os procedimentos ainda estão em andamento e que até a data de hoje não há qualquer tipo de solução, seja “para punir, arquivar ou tombar em Inquérito Policial Militar”.

A corporação acrescentou que “sempre seguirá o devido processo legal dentro do arcabouço legislativo, respeitando sempre os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” e que o processo administrativo “seguirá os preceitos da ampla defesa e do contraditório”.

O Globo 

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