MBL pode trocar Patriota por PSL

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Foto: Carine Wallauer/UOL

Com 16 segundos no horário eleitoral, o deputado estadual Arthur Do Val (Patriota-SP) conseguiu mais de 522 mil votos e ficou em quinto lugar na disputa pela Prefeitura de São Paulo no ano passado. Conhecido como “Mamãe Falei”, o integrante do MBL (Movimento Brasil Livre) ficou à frente das candidaturas de PT e PSL, partidos que possuíam perto de um minuto, cerca de quatro vezes mais tempo na televisão do que ele.

Para o ano que vem, Do Val pretende disputar o governo de São Paulo. Com a aproximação do Patriota com a família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado pode acabar ganhando mais tempo para se mostrar no rádio e na televisão. Como o MBL é crítico ao bolsonarismo —depois de ter apoiado Bolsonaro em 2018—, o grupo está muito próximo de deixar o Patriota e ter o PSL como novo partido.

No PSL, “Mamãe Falei” ganharia mais exposição para tentar ter um resultado mais surpreendente do que o do ano passado. Nas urnas em 2020, o deputado conseguiu cerca de 10% dos votos válidos, algo que não havia sido identificado pelas pesquisas da véspera do primeiro tuno.

Mas, para que a ida ao PSL seja transformada em realidade, o MBL quer que o partido retire os bolsonaristas. Em 2018, o PSL abrigou Bolsonaro para a disputa pelo Planalto. Na onda que o levou para a Presidência da República, o partido inflou e conseguiu a segunda maior bancada da Câmara dos Deputados, atrás apenas da do PT. Como consequência, tem uma das maiores parcelas do fundo eleitoral e da participação no horário eleitoral.

“Isso é muito importante. O tempo de televisão coloca o Arthur em condições de brigar de igual para igual contra a hegemonia tucana de São Paulo, que é nosso real adversário”, disse ao UOL o vereador paulistano Rubinho Nunes, membro do MBL que foi expulso do Patriota por ter criticado o partido pela filiação do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente da República.

Nunes já está no PSL e colabora com o diretório do partido no estado de São Paulo. Além de trabalhar na estruturação do partido tendo em vista a eleição estadual, uma das missões do vereador é atuar na saída de bolsonaristas.

Vice-presidente nacional do PSL, o deputado federal Junior Bozzella (SP) disse que o processo de retirar dos apoiadores de Bolsonaro já havia começado. “Em São Paulo, a gente expulsou o Gil Diniz, o Douglas Garcia e a Valéria Bolsonaro”, citou o parlamentar. “E, obviamente, agora, esse processo precisa ser concluído.”

Na quinta-feira (8), membros do MBL e o presidente do PSL, deputado federal Luciano Bivar (PE), estiveram reunidos para tratar da aproximação. O parlamentar diz que tem uma “boa conversa” com o MBL. Após a reunião, membros do PSL e do MBL disseram que está tudo “bem encaminhado”.

Do Val, porém, prefere aguardar e diz que está “sem pressa para tomar essa decisão”, mencionando que tem convites de outros partidos também. Após ter sido expulso em 2019 do DEM, pelo qual foi eleito deputado estadual, ele recebeu direito a seu mandato, não precisando esperar a janela partidária do ano que vem para mudar de partido.

“Ainda não decidi para onde eu vou porque, para mim, é muito importante que seja um partido que me dê liberdade de agir”, disse ao UOL. “Não pode ser um partido que não me faça sentido. Eu não posso entrar no PSL se estiver cheio de bolsonarista. O Rubinho entrou no PSL e, segundo ele, vai limpar o PSL, vai deixar um partido bom para que a gente entre.”

Para Bozzella, “as coisas vão acontecer com naturalidade”. “Essa transição vai existir. E a vinda deles [MBL] vai acabar acontecendo mais cedo ou mais tarde.” O deputado acredita que a filiação de Nunes já é uma sinalização de que a ida do MBL para o PSL deve acontecer. “Acho que existe um desejo de ambos os lados.”

Membros do MBL dizem que ainda não está descartada a permanência no Patriota caso integrantes do partido consigam na Justiça reverter a aproximação dos Bolsonaro, mas o cenário é visto como difícil de acontecer, sendo a possibilidade de ida ao PSL mais palpável. “Não acho adequado a gente ter uma candidatura judicializada”, disse Nunes. “Prefiro que a gente possa concorrer em um ambiente tranquilo. E é isso que estou tentando criar dentro do PSL.”

O PSL não só tem mais tempo no horário eleitoral como também mais dinheiro do fundo eleitoral. No ano passado, o partido teve direito a quase R$ 200 milhões. Como comparação, o Patriota recebeu R$ 35 milhões dos cofres públicos.

“Mamãe Falei”, porém, não utilizou recursos do fundo na sua campanha para a prefeitura paulistana em 2020. Dos cerca de R$ 1,1 milhão que arrecadou, quase R$ 710 mil tiveram origem em financiamento coletivo. “Para a gente, é irrelevante”, disse Nunes sobre o fundo eleitoral do PSL.

Mesmo que os candidatos do PSL não utilizem recursos do fundo, eles serão beneficiados indiretamente pela propaganda de campanha feita por outros candidatos do partido, que deverão indicar Arthur do Val como postulante ao governo paulista.

“Com tempo de televisão, um partido estruturado no estado, e com apoio nas principais regiões, tenho certeza que ele tem potencial de brigar por uma vaga no segundo turno”, disse Nunes, que tem esperança de que, com uma vitória de “Mamãe Falei”, seja possível “demonstrar como seria efetivamente uma gestão com assinatura do MBL”.

Uol 

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