Militares demonstram preocupação com descobertas da CPI

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Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Desta vez até que os chefes militares foram rápidos. Só levaram nove horas para reagir ao que disse o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid-19, sobre o envolvimento de fardados com a compra superfaturada da vacina indiana Covaxin.

Em 1968, os chefes militares gastaram mais de 10 dias para dar-se conta de um discurso do então deputado Márcio Moreira Alves (MDB-GB) onde ele sugeria aos pais que impedissem seus filhos de desfilar no Sete de Setembro ao lado “de militares carrascos”.

Sugeria também que as moças não dançassem com cadetes no baile da Independência. O discurso foi ignorado pela imprensa, mas serviu de pretexto para que dali a três meses, a ditadura branda tirasse a máscara e mostrasse a sua face horrorosa.

Aziz nada disse de grave ou de ingênuo, como havia dito Moreira Alves, para que o ministro da Defesa, general Braga Neto, e os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica divulgassem a nota submetida ao exame prévio do presidente Jair Bolsonaro.

Antes do meio dia, o senador comentou assim na sessão da CPI convocada para ouvir Roberto Dias, ex-controlador de voos da Força Aérea Brasileira, demitido do Ministério da Saúde por ser suspeito de corrupção:

“Os bons das Forças Armadas devem estar envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do Governo.”

Depois do meio-dia, Aziz voltou a comentar:

“Quando a gente fala de alguns oficiais do Exército, é lógico, nós não estamos generalizando. De forma nenhuma, não estamos entrando aqui no mérito que as Forças Armadas têm”.

E mais adiante, numa demonstração do esforço que fazia para não ser mal interpretado, acrescentou:

“O que eu falei é que, às vezes, aparece aqui tenente-coronel, coronel, e que isso não é bom para as Forças Armadas. É bom esclarecer, para que não fiquem três ou quatro pessoas sendo citadas como se fosse todo o contingente. O nosso respeito do Senado e dos brasileiros às Forças Armadas brasileiras”.

Aziz perdeu seu tempo fazendo tantas ressalvas. A decisão de emitir a nota já havia sido tomada por Bolsonaro e Braga Neto logo cedo. Ela pouco ou nada tinha a ver com as falas do senador. Nem mesmo com a prisão ordenada por ele de Dias, um mentiroso nato.

O principal alvo da nota era a CPI, pelo trabalho que faz de escancarar a roubalheira de um governo que se dizia imaculado. Bolsonaro sente-se refém dela pelo que vem sendo descoberto. As Forças Armadas comportam-se como se fossem reféns dele.

Com esse ministro da Defesa que está aí, com esses comandantes de fancaria, e com quase 7 mil militares da reserva e da ativa empregados no governo, não parece mais sem propósito Bolsonaro referir-se às Forças Armadas como sendo coisas dele.

A luz vermelha acendeu no Quartel-General do Exército, em Brasília, porque se acumulam fatos capazes de manchar a honra de muitos militares e de, por extensão, enlamear a imagem das Forças Armadas. Peitos estufados de condecorações arfam.

Sob a supervisão direta de um general de divisão de nome Eduardo Pazuello, de triste memória, e com o apoio do alto, uma gangue de civis e militares tomou de assalto o Ministério da Saúde sob a alegação de combater o que não passaria de um resfriadinho.

Braga Neto era o chefe da Casa Civil quando o país foi quase soterrado por gigantescos volumes de drogas ineficazes contra o vírus produzidas pelo Exército. Parte das verbas destinadas ao SUS durante a pandemia foi usada para pagar despesas militares.

Se há uma banda podre no mundo civil, por que não haveria no meio militar? Onde está escrito que militar é mais honesto e patriota do que civil? É dentro dos quartéis que veladamente isso é ensinado, mas está longe de corresponder à verdade.

Metrópoles  

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