Militares e Centrão disputam espaço no Ministério da Saúde

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Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Senadores da CPI da Covid apuram a suspeita de que havia uma disputa por espaço dentro do Ministério da Saúde entre militares e partidos do Centrão, especialmente DEM e PP, no âmbito das negociações de vacinas contra o novo coronavírus. Figuras dessas duas alas têm aparecido nos últimos depoimentos e chamam a atenção de parlamentares. O principal nome político é o do líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), que nega qualquer envolvimento em irregularidades e tem pedido à comissão para depor logo. Ele recorreu até ao Supremo Tribunal Federal (STF) para agilizar a oitiva.

O nome de Barros surgiu após o depoimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e do irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda. Os dois disseram ter se encontrado com o presidente Jair Bolsonaro e relatado as suspeitas de ilegalidades no contrato da Covaxin. O chefe do Planalto teria dito que parecia ser “rolo” de Barros.

Parlamentares estão de olho, também, na série de nomes de militares que surgiram em depoimentos. Luis Ricardo, por exemplo, ao relatar pressão de superiores para liberar a importação da Covaxin, citou dois deles: o tenente-coronel Alex Lial Marinho, ex-coordenador-geral de Aquisições de Insumos Estratégicos para Saúde, e o coronel da reserva Marcelo Bento Pires, ex-diretor de Programa da pasta.

As suspeitas foram reforçadas pelo depoimento do cabo da Polícia Militar de Minas Gerais e representante da Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominghetti, na semana passada. O militar contou que, em 25 de fevereiro, o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, pediu propina de US$ 1 por dose de vacina negociada com a pasta. A Davati tentava vender 400 milhões de unidades da AstraZeneca.

De acordo com Dominghetti, o pedido de propina ocorreu numa reunião em estava também o tenente-coronel Marcelo Blanco, que era assessor do Departamento de Logística (DLOG) até janeiro deste ano.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou que “existe uma disputa de grupos na Saúde”. “Você tem um grupo mais de militares e um grupo mais de políticos”, frisou. O de políticos envolve pessoas do DEM e do PP, segundo o parlamentar. De acordo com ele, a suspeita é de que essa disputa se dava em torno das negociações de vacinas. “Você tem as pessoas de alguma forma interferindo nas decisões dos outros no âmbito das negociações de vacina. Eu descreveria que é o Centrão de farda e o Centrão sem farda”, afirmou ao Correio.

Na segunda-feira, em entrevista ao CB.Poder, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ao ser questionado se já é possível identificar qual grupo tem mais culpa, se os militares ou o Centrão, afirmou que houve uma “coalizão de interesses ocultos e corruptos”.

Ontem, ao Correio, o senador pontuou que há “uma espécie de concorrência entre grupos de militares que vieram para o Ministério da Saúde e um antigo grupo que estava na pasta”, em referência a figuras políticas ligadas ao Centrão.

Senadores também querem entender o motivo pelo qual Dominghetti veio a público com a denúncia contra Dias. A desconfiança recai sobre Christiano Alberto Carvalho, apontado pela Davati como único representante credenciado da empresa no Brasil. Para o senador Otto Alencar (PSD-BA), os dois “resolveram tirar a forra do governo, fazendo a denúncia à imprensa, quando viram que não dava certo”. “Dentro do Ministério da Saúde, sem dúvida nenhuma, tem um tráfico de influência muito grande para ver quem vai tirar mais”, ressaltou.

Na semana passada, a Rádio CBN divulgou que Roberto Dias deveria ter sido exonerado do cargo em outubro do ano passado, na gestão do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. A demissão, no entanto, foi revertida após uma suposta atuação do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), ex-presidente do Senado. A reportagem tentou contato com os deputados Luis Miranda e com o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), mas as ligações não foram atendidas.

Sobre a suposta acusação feita por Bolsonaro na reunião com os irmãos Miranda, Barros negou qualquer relação com negociações envolvendo compra de vacinas, bem como vínculo com negociantes e servidores apontados como facilitadores do suposto esquema. (BL e ST)
Explicação

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, deu cinco dias para o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), se manifestar sobre o adiamento do depoimento de Ricardo Barros, cuja presença na comissão, previamente marcada para amanhã, foi adiada. Os senadores querem, antes, votar a quebra de sigilo do líder do governo na Câmara para ter elementos durante a oitiva.

Correio Braziliense

 

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