Pecha de “ladrão” atinge Bolsonaro mais que “genocida”

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Foto: Reuters

A foto de um casal de manifestantes segurando um cartaz onde lia-se “genocida, miliciano e ladrão”, publicada pela jornalista Lu Lacerda, ilustrou a novidade nas manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no sábado (3). Pela primeira vez desde que Bolsonaro pisou no Palácio do Planalto, a oposição achou um xingamento que todos entendem.

Até então, os termos utilizados na guerra política contra o presidente precisavam de tecla SAP. “Genocida” é o menos popular de todos. Pode funcionar para youtuber de classe A, mas pesquisas qualitativas indicam que nem todos sabem o que significa. “Miliciano” está mais na boca do povo, mas sofre restrição regional. Faz mais sentido e é mais compreensível no Rio de Janeiro.

Já o termo “ladrão” dispensa explicação. Ainda mais, ladrão de vacinas. No alto de sua sabedoria, o ex-senador Nelson Carneiro costumava dizer: “Xingamento em política só cola se for testado na geral do Maracanã”. Nelson Carneiro era do tempo em que Maracanã era Maracanã e a geral, com ingressos mais baratos, era a única possibilidade de acesso do “povão”, da “galera”. De fato, ninguém imagina os gritos “genocidaaaaa!, genocidaaaaaa!” vindos da geral ou da arquibancada para protestar contra o juiz. Nem miliciano. Mas ladrão todo mundo grita, da classe A à Z.

Não há dúvidas de que essa tem sido a maior contribuição da CPI da Covid à oposição. Está fornecendo munição para arranhar a imagem vendida na eleição de 2018, e sustentada até hoje, de que Bolsonaro não é político, ou, pelo menos, não é do sistema, portanto, não é ladrão.

Nem o fato de ter sido de partidos do Centrão a vida inteira, nem as revelações de rachadinha, de Queiroz depositando dinheiro na conta da primeira-dama ou de filho comprando mansão de R$ 6 milhões abalaram tanto a imagem de honesto quanto as suspeitas de um esquema de propinas para comprar vacinas supostamente montado no ministério mais militarizado de seu governo, o da Saúde.

O leitor pode imaginar: a extrema-direita não está gostando nada do rumo dessa prosa de ladrão, enquanto a esquerda está em festa. Engano. Antes de partir para a explicação, uma reflexão do gênio Benito de Paula:

“Nem tudo pode ser perfeito,
nem tudo pode ser bacana.
Quero ver o cara sentar numa praça,
Assobiar e chupar cana”

Assobiar e chupar cana é tão sofrido para setores da esquerda quanto condenar os abusos da Lava-Jato e retomar o discurso da moralidade. O blog é viciado em fatos e não em teorias. Vamos a eles.

O deputado Marcelo Freixo, recém-filiado ao PSB, postou nas suas redes sociais: “Não era negacionismo. Era corrupção”. Pronto. O debate começou. Alguns militantes acusaram Freixo de usar uma retórica lavajatista, de adotar um discurso moralista ao xingar o governo Bolsonaro de ladrão.

“O discurso moral não é secundário. É autoritarismo achar que que esse tipo de debate não é importante para a população. A esquerda vai fazer o que? Dar o monopólio dessa discussão para a direita? O problema da Lava Jato não foi o combate à corrupção, que é necessário. O problema da Lava Jato foi ter se transformado num projeto de poder ilegal”, defende Freixo.

Vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues acrescenta que condenar o discurso pela moralidade pública é coisa de quem não é vocacionado para o poder: “Isso é coisa de quem não conversa com o sentimento do povo”.

G1

 

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