Planalto tenta evitar brecha a impeachment
Foto: GABRIELA BILO/ESTADÃO
A aparente mudança na estratégia governista de empurrar Eduardo Pazuello e Élcio Franco para o torvelinho do caso Covaxin tem por objetivo traçar a linha de blindagem em torno de Jair Bolsonaro. Imputar prevaricação à antiga cúpula da Saúde rende a ela, na pior da hipóteses, de três meses a um ano de prisão e multas. Porém, colar prevaricação no presidente pode significar crime de responsabilidade e, portanto, ensejar o impeachment de Jair Bolsonaro. É esta a leitura de parlamentares que conhecem bem o governo e têm trânsito no Planalto.
Há um discurso benevolente entre aliados de Pazuello e militares, até os mais críticos ao ex-ministro, de que o general da ativa não se envolveu diretamente com corrupção. Ao menos, até prova em contrário.
O governo Jair Bolsonaro tenta jogar no colo do DEM ou, no mínimo, dividir com o partido a fatura do caso Covaxin.
Assessores palacianos e deputados da base lembram a todo momento que Roberto Dias, ex-diretor da Saúde que supostamente teria cobrado propina, foi indicado em 2019, na gestão de Luiz Henrique Mandetta, por Abelardo Lupion (PR).
O servidor afastado também contaria com o apoio político do senador Davi Alcolumbre (AP).
Mandetta não se intimida. “É um governo perdido. Enquanto eu fazia reunião com Sérgio Moro e com Maurício Valeixo no Ministério da Saúde, Bolsonaro estava fazendo reunião com o Centrão”, diz o ex-ministro da Saúde.
Mandetta confirma que Abelardo levou Dias para o governo. Segundo ele, é preciso investigar eventuais irregularidades: “A pessoa entrou para trabalhar no ministério pela porta da frente, pelo currículo, porque tinha conhecimento especializado em logística”.
Se tudo der errado, haverá para o Planalto a opção de “rifar” Ricardo Barros, claro. O líder, inclusive, não contaria com o apoio total de seu partido, o PP, para se manter no cargo. O custo político, no entanto, é muito alto.
Mesmo tendo suspendido o contrato com a Covaxin, Marcelo Queiroga não vai passar despercebido no caso da vacina indiana. Foi convidado a comparecer em pelo menos três comissões na Câmara: Seguridade Social e Família, Finanças e Tributação, e Fiscalização e Controle.
A MP do Ambiente de Negócios foi o texto enviado pelo governo ao Congresso aprovado na Câmara com a maior votação até agora: 503 votos de 513.
Relator, Marco Bertaiolli (PSD-SP) fez 96 audiências, com entidades representativas.
O advogado Mauro Menezes com a jurista Scheila de Carvalho (à esq.) e o ativista Douglas Belchior, da Coalizão Negra, que ajudou n o ‘superpedido’ de impeachment de Bolsonaro.
A Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps) soma esta semana cinco novos deputados federais e um novo senador ao seu time e passa a ser a maior organização pluripartidária desse tipo no Brasil.
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) e os deputados Renata Abreu (Podemos-SP), Professor Israel Batista (PV-DF), Samuel Moreira (PSDB-SP), Leo de Brito (PT-AC) e Mariana Carvalho (PSDB-RO) se juntam à Raps.
Randolfe Rodrigues, senador (Rede-AP): “Quanto vale o silêncio de Wizard? Infelizmente, já sabemos quanto valeu o silêncio de cada vida que perdemos”, sobre o depoimento de empresário na CPI.
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