PM espancou advogado por tentar defender morador de rua

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Foto: Reprodução

Um dia após ser espancado e arrastado por policial militar em rua de Goiânia, com as mãos algemadas para trás, um advogado de 32 anos disse ao Metrópoles nesta quinta-feira (22/7) que a violência adiou o sonhado pedido de casamento que faria. O jurista havia preparado um convite-surpresa para a noiva à noite, mas parou na delegacia por causa de tapas na cara e socos que levou de um tenente mais cedo.

Com sete anos de carreira, o advogado Orcélio Ferreira Silvério Júnior foi alvo de golpes do 1º tenente Gilberto Alves da Costa, na tarde de quarta-feira (22/7), após tentar interceder por uma pessoa em situação de rua, que também foi agredida. O oficial, que ainda arrastou o jurista algemado pela via pública, foi afastado das ruas pela PM . O governador Ronaldo Caiado (DEM) disse que houve excesso por parte do militar.

“Perdi sapato, aliança, relógio, enquanto estava sendo agredido. Um pouco da minha dignidade também foi embora. Tudo isso no dia em que eu iria pedir minha noiva em casamento”, disse ele, ao Metrópoles, com a voz carregada de emoção, enquanto tentava segurar o choro ao telefone.

 

O advogado, que atua nas áreas de direito tributário e de trânsito, tem relacionamento com a designer gráfica Fernanda Trevisan há cinco anos. “Iria fazer surpresa com o pedido de casamento para ela ontem [quarta-feira], mas não deu certo porque fui agredido enquanto eu estava trabalhando”, contou ele.

Filho de Orcélio Ferreira Silvério Neto, de 62, um engraxate que se tornou empresário, e de Maria Lúcia Almeida Barros, de 62, policial civil aposentada que lutou para ingressar na carreira, ele disse se sentir humilhado e com vergonha em razão do episódio.

“Estou muito machucado, meu olho não está abrindo. Está todo roxo, inchado. Meu maxilar está doendo muito por causa das pancadas. O que mais está doendo em mim não são as agressões em si. O que mais me dói é a vergonha”, disse. Ele explicou que jamais imaginou que seus pais iriam vê-lo com sinais de agressão um dia.

Além de gerar revolta na internet, o mais recente caso de violência policial deixou a família do advogado abalada. “Meu pai falou para eu não ficar perto dele porque não conseguia me ver naquele estado”, relatou o advogado.

“Meu pai não aguentou aquela situação, ficar perto de mim. Ele já sofreu infarte antes e não queria deixá-lo preocupado jamais, por mais que eu não tenha culpa nenhuma. Minha mãe chorou muito, ficou desesperada”, afirmou, muito emocionado.

Ele diz que foi tomado por sentimentos de revolta e indignação enquanto era alvo de tapas e socos do tenente. Outros quatro policiais aparecem nas imagens, inertes, sem impedir a violência do oficial, mas a PM não informou quais foram as providências adotadas em relação a eles.

“No momento em que recebi tapa na cara, passou na minha cabeça que não estudei e me formei para ser hostilizado daquela forma. Estudei e formei para levar orgulho para minha mãe, meu pai e minha família”, destacou. “Quem me conhece sabe que eu jamais desrespeitaria algum funcionário público ou qualquer outra pessoa”, acrescentou.

O advogado, que também tem uma irmã na mesma profissão, diz que foi alvo de ataques verbais por parte do policial. “Ele me chamou de bosta e viadinho. Disse que eu era advogado de bosta”, lamentou. Além disso, ele contou que, enquanto aguardava a triagem para se submeter a exame de corpo de delito, sofreu mais agressões do tenente.

Após receber solidariedade de milhares de internautas de todo o país, o advogado disse que não vai se intimidar. “Ainda que o estado me assole, queira me agredir ou até mesmo me matar, eu fiz um juramento no momento em que recebi a minha carteira da OAB e vou cumprir”, lembrou.

“Isso não vai me derrubar. Vou me reerguer e continuar lutando contra as ilegalidades, onde quer que seja, de rico e de pobre. Nasci para defender os outros dentro da lei. O estado pode fazer o que quiser, mas eu não vou me amedrontar. Quero ser orgulho para minha família e não vou me acovardar”, ressaltou.

O caso de violência policial fez o advogado transformar o choro em mais combustível na busca por justiça. A dor serviu como impulso para se encorajar na trilha de uma sociedade menos injusta, desigual e excludente.

“Vou levantar, vestir meu terno, não vou viver de joelho para o estado nem para ninguém. Vou cumprir meu juramento até o fim da minha vida. Não quero que olhem para mim com sentimento de dó. A gente está muito desamparado ainda, mas, com fé em Deus, haverá justiça”, disse.

Em nota, a Polícia Militar e a Polícia Civil informaram, respectivamente, que instauraram procedimento administrativo para verificar a conduta do tenente e de agente que teria agido com negligência por não cessar a agressão contra o advogado na triagem do exame de corpo de delito, mesmo após pedido de socorro dele.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO) informou que não coaduna com qualquer ação perpetrada por agentes que integram as forças policiais do estado que não seja pautada pela aplicação do procedimento operacional padrão.

O Metrópoles não conseguiu localizar o contato do tenente para que ele se manifestasse.

Metrópoles  

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