Prefeito de BH acredita no impeachment

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Foto: Reprodução/ Veja

Um dos favoritos à disputa pelo governo de Minas Gerais em 2022, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), é, digamos, mineiro ao comentar suas pretensões eleitorais. O ex-cartola de futebol eleito em 2016 pelo nanico PHS garante ter muito trabalho à frente da gestão municipal e diz que não é hora de falar em política, sem negar o que deve ser seu destino no ano que vem: a disputa estadual no segundo maior colégio eleitoral do país, reduto estratégico a qualquer presidenciável. Com o quadro atual polarizado entre ele e o atual governador, Romeu Zema (Novo), identificado com o eleitor mais conservador, Kalil demarca linhas para se distanciar tanto do presidente Jair Bolsonaro quanto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os dois favoritos à corrida presidencial até aqui. “Minha situação é muito cômoda”, afirma o prefeito, que vê com bons olhos uma candidatura própria do PSD ao Palácio do Planalto.

Diante dos desgastes crescentes do governo Bolsonaro, que devolveram a palavra impeachment às conversas de Brasília, Kalil vê na CPI da Pandemia o dínamo que pode gerar condições contra o presidente. “O clima é depois que sair o resultado”. Leia abaixo, em entrevista exclusiva:

De zero a dez, qual a chance de o senhor ser candidato ao governo de Minas Gerais? Não posso dar nota, não sei o que vai acontecer de zero a dez até dezembro deste ano. Estou muito focado no assunto pandemia, não posso sair da prefeitura, não posso circular, estão falando aí em terceira onda. Agora, desde a minha reeleição, em momento nenhum descartei que poderia sair ao governo. Estou muito à vontade, cumprindo o quinto ano de prefeito, não dei uma passadinha na prefeitura e pulei para o governo. Fiz um trabalho consistente, aprovado pela população na urna. Há uma possibilidade, mas quero esperar e me dou esse direito de esperar a hora certa, sem constrangimento. Vamos ver como vai estar o estado, a prefeitura, é muito cedo para mexer com política e muito inadequado.

Entre os candidatos a presidente já colocados, Bolsonaro, Ciro Gomes e Lula, com qual o senhor tem mais afinidade? Mais afinidade, o que não quer dizer que vou apoiar, é o Ciro, com quem tenho contato. Mas entre apoio político a afinidade há uma distância colossal, não tem compromisso. Quando eu o apoiei no primeiro turno, não pedi nada em troca, foi porque o achava o mais preparado. Estive com Lula uma vez na vida e estive com Bolsonaro quando ele era candidato. Ele veio aqui na prefeitura duas vezes, mas quando marquei hora com ele presidente, não respondeu. Tentei duas vezes.

Dividiria palanque com Lula? Está tendo essa conversa de apoio natural, mas eu tenho que lembrar a todos que a eleição municipal acabou em novembro e o Lula veio para a televisão fazer campanha contra mim. Não “contra mim”, mas veio apoiar o candidato dele. Não tenho nenhum, nenhum compromisso com o Partido dos Trabalhadores, que eu respeito muito, assim como não tenho com Bolsonaro. Na minha campanha não pedi ajuda a ninguém, vamos deixar isso claro. Teve o candidato do Bolsonaro e o do PT. Minha situação aqui é muito cômoda.

Teria alguma resistência a Lula ou ao PT? Não tenho resistência nenhuma, conheci o Lula em um jantar social, me tratou muitíssimo bem, como eu o tratei também, mas não tenho nenhum contato político com ele. Nem com Bolsonaro.

“Estive com Lula uma vez na vida e estive com Bolsonaro quando ele era candidato. Ele veio aqui na prefeitura duas vezes, mas quando marquei hora com ele presidente, não respondeu. Tentei duas vezes.”

O PSD tem falado em lançar um nome e o favorito é Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, que hoje está no DEM. Como o senhor vê essa possibilidade? Pacheco é um bom nome. Temos que achar alguém que agregue todo mundo, seja do centro, da esquerda, da direita. Esse é o problema. Acho que o presidente [do PSD, Gilberto] Kassab sabe o que faz, ele tem uma experiência política que eu não tenho, posicionamentos firmes, é homem firme. Se acha que o PSD tem que ter candidato, terá, porque nomes não faltam, como Otto Alencar, Ratinho Júnior, Omar Aziz, que vem se tornando muito conhecido pela CPI. Um candidato do PSD ia me deixar numa situação muito confortável para apoiar em Belo Horizonte.

Como avalia o trabalho da CPI da Pandemia até o momento? No dia que eu ouvi que a Pfizer bateu na porta da embaixada brasileira para oferecer vacina e o Brasil negou, fiquei chocado. O que mais me impressiona foi o desdém com a vacina, e agora os que desdenharam estão ajoelhados no pé dos laboratórios pedindo pelo amor de Deus uma migalha. A parte vacinal, tanto o feito com o Butantan quanto com a Pfizer, é absolutamente assustadora e revoltante.

E a apuração sobre defesa da cloroquina e gabinete paralelo? Sou muito franco, gabinete paralelo eu tenho, tenho secretário da Saúde e três virologistas que me aconselham aqui, só que aconselham do jeito que eu aceito, que é o jeito que o mundo está fazendo. Todo mundo tem que se aconselhar, tem que ouvir, não vejo nada de mais, é uma pena que foram para o lado errado, se não, não estávamos com mais de 500.000 mortes. Poderia ter o mesmo comitê, que fosse para o lado certo. Isso não vai dar em nada, é bobagem. Agora, insistir em cloroquina… Não tem país no mundo desenvolvido que fala nisso ainda. Escutei da boca do deputado Osmar Terra: ‘Eu tomei cloroquina, depois de cinco dias fui ao hospital e depois ao CTI’. Ele é a prova viva que quem salvou foram os médicos, não foi a cloroquina. Esse é um assunto superado, só se fala nessa bobagem aqui. É vacina no braço.

O presidente prevaricou no caso da Covaxin? Se ficar tudo comprovado, prevaricou.

O senhor acha que a CPI vai chegar aonde? Bolsonaro deve ser indiciado? É a primeira vez que estão fazendo CPI de vida, não de dinheiro. Não estamos falando em 100, 50, estamos falando em 500 000 mortos. Se estão fazendo aquilo tudo para acabar em pizza, fica pior, mas também não pode fazer daquilo um palanque político. Tem que apurar. Se bem que, agora, virou CPI do dinheiro.

Com manifestações, acha que começa a haver viabilidade política ao impeachment? Não é hora de manifestação de rua, nem de esquerda nem de direita. Não adianta dizer que está distribuindo álcool em gel em aglomeração. No impeachment de Dilma, foram milhões de pessoas na rua, não tinha pandemia, ela não tinha maioria na Câmara, ponto. Agora, o que vai sair de dentro da CPI? O clima é depois que sair o resultado.

O senhor acha que o presidente pode não chegar ao segundo turno? Isso depende muito do que vem aí, não começou ainda, não sabemos quem são os candidatos. Mas que há possibilidade, há, tanto de um quanto de outro (Lula). A pandemia é um fato inédito nos últimos 100 anos. O que aconteceu com o comércio e a indústria é um fato inédito. A economia patina. Qual é a entrega que foi feita? Não adianta fazer política sem entregar nada ao povo. A política pela política deu no que deu nos Estados Unidos. Muito grito, muito berro e perdeu a eleição.

Nesse sentido de “entregar”, como o senhor vê a posição do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que viabilizou a Coronavac mas não passa de um patamar baixo em pesquisas? O governador de São Paulo foi sem dúvida nenhuma o responsável pelo início da vacinação no país e é o maior fornecedor de vacina até agora. Houve erro de comunicação, de mídia, de querer mostrar muito o que todo mundo já sabia. Não precisava ficar falando toda hora, todo dia, que ele era o pai da vacina no Brasil.

Há risco de ruptura institucional no Brasil, sobretudo se Bolsonaro não vencer a eleição? Todos as instituições foram agredidas e testadas: o Senado, a Câmara, a Justiça, principalmente o STF. Foram testados à exaustão e não colou. Não existe mais aquele golpe em que o Exército vai para rua. O golpe é dado no enfraquecimento dos outros Poderes, das instituições. E esse golpe não colou. Não vejo risco nenhum, quem a urna apontar vai sentar na cadeira.

“Todas as instituições foram agredidas e testadas: o Senado, a Câmara, a Justiça, principalmente o STF. Foram testados à exaustão e esse golpe não colou. Não vejo risco nenhum, quem a urna apontar vai sentar na cadeira”.

O que o senhor acha do voto impresso, defendido por Bolsonaro? O voto impresso é o atraso, o retrocesso. Em 2016 tinha todas as forças políticas do meu estado contra mim e fui eleito. Eu não conhecia, não sabia nem como era testada a urna e fui eleito, contra todos os poderosos do estado. O próprio presidente foi deputado e eleito presidente da República. Como é que pode duvidar? Nunca foi provada uma fraude na urna eletrônica, é um negócio sem lógica nenhuma. Estou falando por mim, com 20 segundos de televisão. Se tivesse esquema de urna, eu não teria chance de ganhar em 2016. Se houvesse fraude em 2018, o presidente era o mais frágil, o que tinha menos estrutura. Falar que foi eleito no primeiro turno é a maluquice total.

Veja

 

 

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