Receita foca patrimônio de empresário bolsonarista

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Foto: Reprodução

A Receita Federal apontou indícios de que o empresário Carlos Wizard teve um aumento de patrimônio em R$ 12,4 milhões incompatível com sua renda declarada em 2020. Essa declaração fiscal de Wizard está retida em malha fina, para análise de possíveis inconsistências.

A análise das contas de Wizard, investigado pela CPI da Pandemia, foi enviada em sigilo aos senadores no último dia 16, e obtida pela coluna. O empresário é suspeito de ter integrado um gabinete paralelo do governo Bolsonaro que defendia medidas ineficazes contra a Covid.

No documento a que a coluna teve acesso, os auditores identificaram um “indício de variação patrimonial a descoberto” do empresário na declaração de imposto de renda de 2020.

O termo significa que a soma do patrimônio de uma pessoa não tem relação com os rendimentos informados à Receita. Em outras palavras, indica um crescimento financeiro sem lastro.

Segundo a Receita, de 2019 para 2020 há inconsistências de cerca de R$ 14 milhões na seção em que Wizard declarou seus bens e direitos. Na ficha de dívidas, outra mudança foi destacada pelos auditores: de zero em 2019, a dívida saltou para R$ 33 milhões no ano seguinte.

Duas empresas aparecem como credoras desse valor: Distribuidora Mundo Verde e Rede Brasileira de Bem Estar. A Receita registrou que Wizard não é sócio direto de nenhuma delas. O empresário tem relacionamento com 66 empresas, em participações societárias ou no quadro de dirigentes, informou a Receita Federal.

A declaração do imposto de renda de Carlos Wizard em 2020 está retida pela Receita Federal para analisar possíveis inconsistências entre os valores declarados e informações de outros contribuintes, por exemplo. Chamado de “malha fiscal” ou “malha fina”, o expediente dura até que a divergência seja solucionada.

O documento ainda mostrou um descompasso entre a movimentação financeira e os rendimentos líquidos do empresário alvo da CPI em 2020. Wizard declarou rendimentos líquidos de R$ 16,1 milhões. A Receita apontou, contudo, uma estimativa de movimentação financeira efetiva em R$ 149,2 milhões, número nove vezes maior.

Sendo uma “análise sumária”, ou breve, o documento fez a ressalva de que não é possível confirmar o indício de movimentação financeira incompatível especificamente sobre essa diferença entre a movimentação e os rendimentos, ou detalhar qual seria esse valor. Seria necessária, seguiu o documento, apuração detalhada das contas utilizadas pelas firmas ligadas a Wizard. Após pesquisarem declarações dessas empresas, os auditores afirmaram que houve “valores consideráveis” em resgates e fluxos de aplicações financeiras.

A coluna tentou contato com o empresário, mas não obteve resposta. O espaço está aberto para manifestações.

Em 30 de junho, Wizard ficou em silêncio em depoimento à CPI da Pandemia, com base em uma decisão do STF. Como é investigado pelo colegiado, o empresário não poderia ser obrigado a produzir provas contra si, segundo essa decisão. Wizard é suspeito de ter integrado um gabinete paralelo do governo Bolsonaro para combater a pandemia com medidas e tratamentos ineficazes.

Em junho do ano passado, nos primeiros meses da pandemia, o empresário esteve muito perto de fazer parte oficialmente da gestão, quando foi convidado pelo então ministro interino Eduardo Pazuello para comandar a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.

Wizard declarou ter aceitado o convite, mas dias depois recuou e desistiu da missão. O empresário havia afirmado à época que os números de mortes por Covid no país eram “fantasiosos”, mas não apresentou qualquer prova.

Metrópoles

 

 

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