Senadora acusa governo de enviar “documentos fajutos” à CPI

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Foto: Edilson Rodrigues / Edilson Rodrigues/Agência Senado

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse que os documentos de importação da vacina Covaxin apresentados pelo governo em uma entrevista coletiva em 23 de junho deste ano são fajutos. Ela apontou uma série de erros, como de inglês, para dizer que houve fraude e que esses documentos jamais deveriam ter tramitado no Ministério da Saúde. O mais grave, porém, eram dados que poderiam elevar o preço pago pela pasta. Os documentos foram exibidos no mês passado pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, e pelo ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco.

Ela pôs em dúvida sobre quem fez o documento, uma vez que a Madison, empresa subsidiária do laboratório indiano Bharat Biotech, que desenvolveu a Covaxin, não cometeria esse erros, como escrever “Brazil” em inglês e “aeroporto” em português. E lançou suspeitas sobre a Precisa Medicamentos, a empresa brasileira parceira da Bharat Biotech no Brasil.

— A Precisa mandava e-mail para o Ministério da Saúde, encaminhando essas invoices [documentos], essas notas fiscais. Seria, então, a Madison uma empresa de fachada? Com que objetivo?

Ela listou alguns dos erros constatados no documento:

— Tem clara comprovação de falsidade de documento privado. Nós estamos falando de falsidade ideológica formulada por alguém. Ele tem a marca e o logotipo desenquadrados, não estão alinhados em alguns pontos, como se fosse uma montagem. Eu tenho inúmeros erros de inglês, e, talvez, o mais desmoralizante dele seja o 17: no lugar de preço, “price”, está “prince”, não é? O príncipe é de US$15, e não é preço; o príncipe aqui está com um valor fixo de US$15, e uma série de irregularidades. CEO, está companhia, em português. Então, aqui está uma mistura, eu acho que é um dialeto que só eles conhecem, não é? Está um portinglês aqui que não dá para entender.

O mais grave, segundo ela, era outro ponto: inconsistências que elevavam o preço.

— Para ganhar um pouquinho mais de propina, eles passam de US$45 milhões e separam o frete e o seguro; e o que era contratado de US$45 milhões salta para quase US$46 milhões. Tem quase US$1 milhão, R$5 milhões, que alguém ia levar em algum paraíso fiscal para fazer alguma rachadinha. Esse documento é o documento do ministério, com e-mails comprovados, que passou por tanta gente. Como é que ninguém visualiza um documento fajuto como este, documento apresentado pelo Onyx e pelo Elcio, fotografado por nós e pela imprensa? — disse ela.

Uma versão posterior voltou a incluir o frete no valor de US$ 45 milhões, mas erros de inglês continuaram presentes. Esse dois documentos seriam os únicos a tratar da importação da vacina, segundo Onyx e Elcio. Mas havia um anterior, apresentado pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, que denunciaram pressão na pasta para liberar a importação. O documento mostrado por eles foi classificado de falso por Onyx e Elcio, mas é o único sem erros de inglês.

— No dia 20 de março, o presidente soube pelos irmãos Miranda, pela primeira invoice [da denúncia de irregularidade]. Verdadeiro ou falso? Tinha todas as características de veracidade. Ele disse que disse para o [então ministro da Saúde Eduardo] Pazuello investigar. O Pazuello sai dois dias depois do ministério e manda o Elcio investigar. O Elcio diz que em um dia, em um dia apenas, investigou tudo e não achou nada. Agora o Elcio vai pra televisão em público e fala: “Olhe aqui a invoice correta; cheia de erros”. Então, claramente o secretário executivo prevaricou. Claramente houve manipulação de documentos. Está muito claro que a Covaxin já nasceu morta, ela não existia, ela não ia chegar ao braço do povo brasileiro — disse Simone.

O Globo 

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