Agronegócio cresce mas não gera empregos na Amazônia

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Foto: BRUNO KELLY / Reuters

O aumento da área destinada a pastagens e lavouras na região da Amazônia Legal registrado num período de oito anos não assegurou, na mesma medida, a elevação da oferta de empregos. Enquanto a área desmatada mais do que dobrou e as terras destinadas ao agronegócio ampliaram em 8,4% num período de sete anos, as ocupações relacionadas ao setor registraram queda de 16% no período.

Apesar disso, o setor agro está entre os que mais ocupam pessoas na região, abrangendo 1,7 milhão de trabalhadores que representam 15,9% das pessoas ocupadas. Os dados analisados em trabalho dos pesquisadores do projeto Amazônia 2030, antecipado com exclusividade ao GLOBO, precedem o período da pandemia, mas mostram um efeito que foi potencializado pela Covid-19: a perda de empregos se concentrou nas atividades de menor qualificação. Naquela região, a redução também coincidiu com o avanço nos índices de desmatamento.

Entre 2012 e 2019, a agropecuária na Amazônia Legal – que abrange nove estados – viu o emprego minguar, com a redução de 322 mil postos de trabalho, de acordo com dados da Pnad Contínua. A queda contrasta com o crescimento do número total de pessoas ocupadas na região, que avançou 5,3% ou 537,8 mil postos, alcançando 10,632 milhões de trabalhadores na ativa, aponta o relatório ‘Dinamismo Recente do Emprego na Amazônia Legal — Agropecuária’.

Nesse mesmo período, dados do MapBiomas, usados pelos pesquisadores, mostraram que a área ocupada pela agropecuária avançou 8,4%. Nesses oito anos, a área desmatada mais do que dobrou: passou de 4,5 mil km² para 10,1 mil km², tamanho que equivale a quase dez vezes a área da cidade do Rio de Janeiro.

—Tem esse contraste: está tendo mais área ocupada pela agropecuária, mas é um crescimento da atividade que não gera emprego – observa o autor da pesquisa, o economista da PUC-RIO Gustavo Gonzaga, que também alerta para os riscos do avanço do desmatamento.

Para o pesquisador, os desafios são combater o desmatamento e aumentar a produtividade das áreas agrícolas, que precisam ser usadas para gerar empregos.

O diagnóstico feito pelos pesquisadores ainda aponta que além do enxugamento de vagas há uma tendência de precarização dos trabalhadores da região.

— Regiões mais mecanizadas acabam tendo aumento de mão de obra qualificada. A mão de obra que mais cai é a não-qualificada, que paga muito pouco e tem taxa de formalização muito baixa também – diz o economista.

Embora a renda média do setor tenha avançado 25% no período, chegando a R$ 829, ainda é menos da metade do que o rendimento médio da região, que ficou em R$ 1.692.

A informalidade também é a tônica do trabalho na agropecuária na região: só 19% dos trabalhadores ocupados estão no mercado de trabalho formal. A taxa média de formalização na Amazônia Legal bate os 40,6%.

Gonzaga avalia que como a região é muito ampla, há uma heterogeneidade nos cenários. Um exemplo são as disparidades observadas entre Mato Grosso e Pará, que reúnem quase metade das pessoas ocupadas em atividades do agronegócio da Amazônia Legal.

Estados que estão na típica expansão da fronteira agrícola e investem em mecanização, como é o caso do Mato Grosso, trazem consigo uma demanda por mão de obra qualificada e espaço para mais crescimento. Por lá, em 2019, o rendimento de um trabalhador era, em média, de R$ 1.790, quase duas vezes e meia maior do que a média do Pará, de R$ 739.

— O que preocupa são as regiões que estão desmatando e não estão gerando emprego – avalia, destacando que há predominância dos estados do Norte nessa situação.

De acordo com o pesquisador, o desafio é mudar o perfil do trabalho da região, que sofre com o baixo dinamismo do mercado, com poucas oportunidades para os jovens e baixa perspectiva de geração de emprego e renda. Para isso, uma opção é investir em programas de treinamento e qualificação profissional, focando em adaptar a mão de obra para ocupações que estão sendo realmente demandadas.

O Globo 

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