Bolsonaristas acham que venceram a “luta” pelo voto impresso

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Foto: Bruno Santos/Folhapress

“A luta continua”. Um dos mais famosos slogans da esquerda serviria bem para descrever o humor da direita alinhada ao presidente Jair Bolsonaro nas horas seguintes à derrota do voto impresso na Câmara dos Deputados.

O sentimento preponderante, em redes sociais e em grupos bolsonaristas, foi de uma derrota no plenário, mas uma vitória na política. Quem esperava que o assunto fosse enterrado definitivamente, como prometeu o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), fez a aposta errada.

“A guerra não acabou! Jamais desistiremos! Estamos juntos!”, escreveu a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), principal voz em defesa do voto impresso e autora da proposta de emenda que acabou derrotada (mas apenas porque não conseguiu o quórum qualificado).

O fato de numericamente a mudança ter vencido a votação por 229 a 218, ainda que em razão de muitas ausências de deputados, turbinou os ânimos bolsonaristas.

“O voto auditável é seu direito. Continue na cobrança”, afirmou o deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP), pré-candidato a governador de São Paulo.

Entre apoiadores do presidente, houve um chamado por cobrança a deputados que votaram contra o voto impresso, com a defesa de que sejam pressionados sem trégua daqui até a eleição do ano que vem.

“Temos pegar os deputados dos nossos estados e bater sem dó e piedade, tomando obviamente cuidado para não cometer injúria, calúnia, difamação”, afirmou um ativista pró-Bolsonaro em um grupo fechado de WhatsApp.

Youtuber e um dos mais conhecidos influenciadores digitais conservadores, Bernardo Kuster foi na mesma linha, de marcação sobre pressão em parlamentares que apertaram “não”.

“Batalha perdida, mas a guerra continua. Nenhum deputado que votou contra será esquecido. Nenhum!”, disse.

Mais do que o resultado da votação em si, o que levantou o ânimo dos apoiadores do presidente foi a sinalização política que o tema passou para o futuro.

A discussão sobre o impeachment, por exemplo, regrediu várias casas, como fez questão de lembrar o ex-deputado federal Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB.

“Os números da votação do voto impresso deixaram visível, até para a esquerda, que não há voto para aprovar o impeachment do presidente Bolsonaro”, afirmou Jefferson.

Bolsonaro, afinal, precisa de apenas 172 votos em uma eventual sessão do impeachment na Câmara para sobreviver no cargo, e a implementação do voto impresso teve 57 a mais do que isso.

Embora entre defensores do voto impresso tenha havido, quase que imediatamente, torcida para que andem outros projetos de teor semelhante que existem no Congresso, a chance concreta de isso ocorrer é nula.

Mas não é o que importa, e sim a manutenção do discurso, capitaneado pelo presidente e repetido à exaustão por seus seguidores, de que a urna eletrônica não é confiável.

Nas últimas semanas, poucos assuntos mobilizaram tanto a base bolsonarista, tomando o lugar que até recentemente era ocupado pela pandemia, com seus ataques à China e a defesa do tratamento precoce.

O presidente aposta nessa energia como um motor para sua campanha de reeleição no ano que vem, que, para todos os efeitos, já começou.

Bolsonaro deixou isso claro ao falar com apoiadores na entrada do Palácio do Alvorada poucas horas após a derrota em plenário, ignorando a expectativa de Lira de colocar uma pedra sobre o assunto.

O voto impresso deve voltar também a ser estrela dos próximos atos de rua, como os que estão marcados para 7 de setembro, feriado de Independência. E seguirá assim por um bom tempo, ao menos até o momento em que outro grito de guerra se imponha.

Folha  

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