Inflação obriga Copom a elevar juros básicos no país

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Foto: Reprodução/ Internet

A grande aposta dos analistas é que a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, que ocorre nesta terça e quarta-feira (3 e 4), determine um aumento de 1 ponto percentual na Selic. Sendo assim, a taxa básica juros subiria para 5,25% ao ano. Os analistas também estimam que outro aumento nesse ritmo tende a ocorrer na reunião seguinte.

A Selic tem sido pressionada pela alta da inflação, e o diagnóstico é que não resta ao Banco Central outra alternativa além de subir os juros —por mais que esse movimento impacte na recuperação econômica após a crise provocada pela pandemia de Covid-19.

O ano começou com uma Selic em 2%. No entanto, a taxa está em alta desde março. Segundo a maior parte dos analistas e dos agentes de mercado ouvidos pelo último boletim Focus, a taxa básica deve terminar 2021 em 7% ao ano.

Para o fim de 2022, a estimativa do Focus é de que a taxa básica mantenha esse mesmo patamar. E tanto para 2023 quanto para 2024, a previsão é 6,5% ao ano.​

A estimativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor – Amplo), considerado a inflação oficial do país, também sofreu revisões para cima. Passou de 6,56% para 6,79% no Focus —bem acima do teto da meta, de 5,25%. ​

Luís Eduardo Assis, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, lembra que a inflação vem de uma combinação rara de choque de preços de commodities e desvalorização cambial. Como a economia estava parada nos primeiros meses da pandemia e começou a andar de repente, a retomada veio com uma pressão de repasses de preços, diz.

“Mas ter de subir juros com quase 15 milhões de desempregados é uma situação diferente de tudo que este país já viveu. Temos, no entanto, um governo acuado e sem credibilidade, com a política econômica largada à própria sorte e só resta ao BC ter de subir juros”, afirma.

Ele acrescenta que juros altos significam desaceleração da economia. E se a pandemia foi impactante no ano passado, a tendência é de uma perda de fôlego na recuperação, com os juros mais elevados.

Segundo Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre FGV (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas), nada vem de graça e a alta de preços atual é também o resultado de uma recuperação maior do que se imaginava no começo do ano.

Agora, também pressionam os preços a alta de combustíveis, os aumentos nas tarifas de energia elétrica, efeito do uso de térmicas por causa da crise hídrica que reduz a produção em hidrelétricas, bem como as altas nos preços de alimentos, também, em alguma medida, efeito de alterações climáticas.

Matos lembra que, para o ano que vem, causa preocupação que a pressão sobre os preços se mantenha. Há uma percepção de que a inflação está mais generalizada e ainda não se tem uma estimativa de quanto tempo isso vai durar.

Para 2022, a estimativa de inflação do Focus é de 3,81%, acima do centro da meta para o ano, de 3,50%.

Já o UBS BB aumentou suas previsões para a taxa básica de juros no fim do ano e agora vê a Selic em 8% ao ano. A instituição também espera que o BC acelere o ritmo de altas dos juros para 100 pontos-base na próxima quarta.

Com isso, os juros terminam este ano já acima do nível neutro, considerado em torno de 6,5%.

Para Camilla Dolle, analista de renda fixa da XP, o BC foi se ajustando a cada cenário de inflação ao longo do ano. “A inflação mostrou maior resiliência do que se imaginava no começo do ano. Ainda há um alto grau de incertezas na economia, e ao longo das reuniões, o BC precisou se adaptar.”

Ela ressalta que, além de acompanhar a decisão do Copom, também será crucial ver o tom do comunicado do BC, para entender o que esperar para os próximos meses.

“Na nossa visão, alguns dos efeitos de incerteza parecem ser temporários e os principais bancos centrais do mundo têm tido uma política expansionista, com baixas taxas de juros. Mesmo com a alta de juros, a gente reviu o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] para 5,5% em 2021.”

A Necton também estima duas altas seguidas de juros de 1 ponto percentual e uma Selic em 7% ao ano no fim de 2021.

O Banco Original é outra instituição que espera que o comportamento das projeções confirme o entendimento de que o BC deve decidir elevar a Selic em 1 ponto percentual, para 5,25%.
Esse movimento, avalia o banco, aumenta a chance de o Brasil entrar em patamares restritivos de juro real.

Dada a aceleração da inflação de serviços no IPCA-15 de julho e o aumento das expectativas para a inflação para 2022, a Genial Investimentos também espera que o Copom aumente a Selic em 1 ponto percentual e antecipe um novo aumento de mesma magnitude na próxima reunião.

Folha de S. Paulo

 

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