Neonazistas põem mulher negra em grupo para ser ofendida

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Foto: Reprodução

A militante e influencer Carol Inácio, de 26 anos, comemorava seu aniversário na tarde do último domingo quando recebeu o pior presente que poderia imaginar. A jovem engajada em causas como o feminismo negro e o empoderamento da mulher, em Colatina (ES), foi inserida em um grupo de WhatsApp formado por homens racistas e que se afirmavam como nazistas.

Logo após ser adicionada, Carol começou a receber ofensas. “Negras fedem a bicho”, “mesma coisa que transar com animal”, “no BBB 2022 poderia ter uma senzala de vidro só para negros”, escreveram os membros.

Um outro perguntou: “Se chegar uma Nêga Obesa pra você, dizendo que você é privilegiado e tem que dar a vez para ela, o que você vai fazer?”. Como resposta um membro escreveu: “dou uma paulada na cabeça dela”.

Ofensas recebidas por Carol Inácio no grupo Foto: Reprodução

Carol acredita que as agressões foram motivadas pelo seu posicionamento público a respeito do racismo e do feminismo. Ela integra o Movimento de Mulheres Negras de Colatina e se descreve como uma “afroencer”, palavra que une o afro com suas atividades de influencer nas redes sociais.

— Fisicamente eu estou ótima, mas psicologicamente eu estou um pouco abalada, tenho crises de choro o tempo inteiro. Eles mandaram coisas pesadas, como fotos de pessoas afirmando o nazismo e vídeos de Hitler. E também uns argumentos infantis, tipo: fala mal de branco mas usa celular feito por branco — afirmou Carol.

Chamado de Realities – Red Pill Opressor, o grupo tinha na descrição um resumo do que seus membros pensam: “Somos homens, brancos, hetero normais, devido a isso te oprimimos, né? Portanto, assuma seu lugar de inferioridade total”, dizia a apresentação.

Logo abaixo da descrição havia mais algumas frases que davam a tônica do que se discutia ali, como “gayzismo é doença” e “feminismo é lixo”. Na imagem do grupo, constava uma sequência de placas. A primeira era uma caveira com a palavra “toxic” e uma seta apontada para as logomarcas dos movimentos Black Lives Matter, LGBTQIAP+ e do feminismo, todas com um traço em cima, em sinal de reprovação.

O grupo tinha 129 integrantes, seis deles com números do exterior, inclusive o administrador que se apresenta apenas como Anderson. Ele tem um telefone com código de Massachusetts, nos Estados Unidos, e se descreve como uma pessoa nazista e que odeia gays e nordestinos.

Carol salvou todas as mensagens e denunciou o caso à Polícia Civil. Ainda na noite de domingo ela fez um boletim de ocorrência online e aguarda o contato dos agentes. Procurada pelo GLOBO, a corporação não se manifestou até a publicação da reportagem.

Anderson já havia adicionado Carol a um grupo anteriormente, em 22 de julho. Na ocasião, o administrador da turma inseriu a jovem influencer em um outro fórum no WhastsApp, chamado de “Abaixo ao negrismo”.

— Eles postaram uma foto da minha tia tomando vacina com uma máscara escrita “fora, Bolsonaro”. E isso foi assustador porque eles conhecem minha família e a gente acha que vai encontrar uma pessoa te esperando na porta de casa. Eu tirei print, saí, denunciei o grupo e fiz meu primeiro boletim de ocorrência online — explicou.

Carol continuou a ser perseguida depois que deixou o “Abaixo ao negrismo”. Alguns membros persistiram em enviar mensagens privadas. Esse assédio tem feito a influencer pensar em sair da cidade de Colatina. Mas ela sustenta que não abre mão da militância.

— Eu não vou baixar minha cabeça, não vou deixar de ser quem eu sou, nem deixar de postar meus conteúdos porque é isso que eles querem — finalizou.

O Globo

 

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