O mistério de Joice Hasselmann

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Foto: Reprodução

Duas semanas depois do incidente que causou cinco fraturas no rosto e uma na coluna, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) diz que ainda não sabe o que aconteceu e, portanto, não descarta nenhuma possibilidade sobre a noite de 18 de julho de 2021. Na manhã de domingo, 19, a parlamentar acordou bastante machucada, caída em um cômodo da casa. Ela não sabe se sofreu uma queda ou se foi agredida por um invasor.

Quando acordou, estava caída de bruços, no closet entre o quarto e o banheiro. Havia sangue no chão e ela conta que estava com dificuldades para se levantar.

“Inicialmente só vi o sangue no chão no local. Estava completamente atordoada. Parecia que estava com crise de labirintite. Às 7h03 consegui pegar o telefone, engatinhando, não conseguia ficar em pé. Liguei para meu marido para ele me socorrer”, diz Joice.

A última lembrança da parlamentar na noite de sábado é de estar na sua cama, depois de assistir série com o marido, o médico Daniel França, neurocirurgião especialista em traumas. Ela sofre de insônia e toma remédio para conseguir descansar. Ele tem problemas com ronco, então dormem em quartos separados. Naquele sábado, entre meia-noite e uma da manhã Joice conta que tomou o medicamento e França saiu do quarto. Ela então pegou no sono e não lembra de mais nada até a manhã seguinte.

“Assisti vários capítulos de uma série muito longa, na sala. Quando deu horário de a gente se preparar para dormir, fomos para o quarto. Ficamos juntos, assistimos talvez dois capítulos juntos. Deu o horário de dormir, tomei o meu remédio tradicional. Tenho insônia há muitos anos e já tomei muito remédio para dormir, mas há 20 anos o Stilnox me acompanha”, relembra a parlamentar. “Era entre meia-noite e uma da manhã. Meu marido saiu do quarto e eu fiquei ali esperando o remédio fazer efeito. Esse remédio leva, para mim, uns 20 minutos para fazer efeito. Suponho que o remédio tenha feito efeito por volta de uma hora da manhã. Desligue a TV e dormir. E acordei às 7h03 da manhã nessas condições, de bruços.”

Ela estava com dois dentes quebrados e um corte no queixo, caída no chão. Diz que a primeira coisa que passou em sua cabeça foi ter desmaiado ou sofrido um pequeno AVC.

O marido a socorreu. Joice diz que ele insistiu para que fossem a um hospital, mas ela não quis; estava inchada, queria “ficar quietinha em casa”, tomando o antiinflamatório que ele lhe passou, e procurando um dentista para que pudesse lhe atender na segunda. Seus médicos são de São Paulo, cidade da parlamentar.

Na segunda-feira, no entanto, Joice começou a ver hematomas pelo corpo. Alguns locais do rosto começaram a inchar e a pele, a escurecer.

“Meu marido disse que poderia ser um indicativo de trauma com fratura, então era necessário fazer uma tomografia”, conta. Quando foi lavar o cabelo, descobriu um galo na parte de trás da cabeça.

Ela diz que conversou com o médico Roberto Kalil, que concordou com os exames e a medicação indicados por França. Conseguiu agendar dentista e o pedido médico para terça-feira.

“O laudo ficou pronto na quarta. Aí a gente tomou um susto: aquelas dores estão justificadas. Eu tive cinco fraturas no rosto e uma na coluna. Kalil me ligou. Mandei as imagens para o meu marido. Ele falou: é possível ser uma queda? Sim, é possível, uma queda com obstáculo”, diz Joice.

Ela já havia informado a polícia legislativa de que havia sofrido um acidente. “Comunicamos que apareceram as fraturas. Fui fazer o depoimento e entrou na lista de possibilidades uma eventual agressão. Ou eu teria que ter tido mais um tombo.”

O caso foi à público e Joice passou a ser questionada sobre a história, inclusive sobre se teria sido vítima de violência doméstica. Ela rebate as acusações, desmente fake news, como de que teria sofrido um acidente de carro, diz que não havia uma terceira pessoa no apartamento e que seu marido jamais foi agressivo. Laudo do Instituto de Medicina Legal (IML), do Distrito Federal, já constatou ausência de lesões compatíveis com agressão nas mãos de França.

A deputada diz que não desconsidera a hipótese de ter sofrido uma queda, mas que não pode ignorar o fato de ser constantemente ameaçada de morte. Por isso, afirma, é preciso investigar se alguém teria invadido o apartamento e se escondido em algum cômodo. Segundo ela, há vários apartamentos vazios no prédio, e o movimento é ainda menor durante o recesso parlamentar. Não há câmeras nos andares. Aos investigadores ela deu os nomes de dois potenciais suspeitos, sendo um parlamentar.

“Eu não descarto nenhuma possibilidade, até porque seria uma irresponsabilidade dizer ‘tenho certeza que alguém entrou aqui’, que alguém veio me dar um susto”, diz Joice.

Há quatro investigações em andamento: polícia legislativa, ministério público, polícia civil do Distrito Federal e de São Paulo, que já investiga ameaças de morte contra ela. A perícia feita pela polícia legislativa nas câmeras de segurança do prédio concluiu que nenhuma pessoa estranha entrou no apartamento funcional entre os dias 15 e 20 de julho.

Na segunda, 26, Joice prestou depoimento na Polícia Civil e entregou um objeto encontrado no domingo no apartamento. Ela não revela o que é e diz que há três meses encontrou um maço de cigarro na casa, sendo que ninguém fuma. No mesmo dia fez exame de corpo de delito no IML. Depois a Polícia Civil periciou o apartamento.

“O que não fecha: para eu apagar, não lembrar de nada, teria que ter tomado essa pancada atrás da cabeça, onde está o galo. Vamos supor que eu caí, bati o queixo, para estar cortado, em algo pontudo como a pia do banheiro. Fiquei tonta e caí de costas. Então justifica o queixo aberto e o galo atrás. Mas como acordei de frente numa poça de sangue?“, indaga. “Esse lapso, a gente não entende. Para desmaiar de frente eu não podia cair antes de costas. Aí a gente suspeitou de algo errado.”

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