Temer está tentando retornar à política

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Foto: Werther Santana/Estadão

A rotina do ex-presidente Michel Temer, aos 80 anos, deu uma guinada depois que ele tomou a segunda dose da vacina Oxford/AstraZeneca contra a covid-19 no início de julho. Em mais de um ano de pandemia, ele ficou recluso em casa, de onde saiu apenas para uma viagem oficial ao Líbano em agosto do ano passado, quando chefiou, a convite do presidente Jair Bolsonaro, uma missão que ofereceu ajuda ao país após uma grande explosão no porto de Beirute.

Quase dois anos e meio depois de receber voz de prisão da Polícia Federal quando saía de sua casa, em São Paulo, o ex-presidente aceitou o conselho do amigo e marqueteiro Elsinho Mouco e mergulhou no universo das redes sociais. Em vez do tom formal que virou sua marca registrada, o emedebista aparece agora descontraído no Instagram, Twitter e Facebook.

Após cada postagem, faz questão de conferir as interações. “Tenho curiosidade. Uma fala minha tem 19 mil visualizações, com 1.500 comentários. Vejo que tem cinco contrários para 70 favoráveis”, disse o ex-presidente ao Estadão. No Twitter, que ele mesmo maneja, ainda estão presentes os 980 mil seguidores dos tempos da Presidência, mas no Instagram, que Mouco administra, Temer ainda está começando e tem “apenas” 108 mil seguidores. “Michelzinho me ajuda. Ele fez até uma entrevista comigo no YouTube”, disse Temer, referindo-se ao filho de 12 anos.

Embalado pelas decisões favoráveis na Justiça, Temer adotou um ritmo intenso: voltou ao centro das articulações políticas no MDB, deflagrou um movimento em defesa do semipresidencialismo, passou a jantar e almoçar com empresários, retomou o documentário sobre seu governo, começou a escrever um livro de crônicas e tem feito longas caminhadas.

Em março, foi absolvido pela Justiça Federal das acusações de corrupção e lavagem de dinheiro no setor portuário. Mais recentemente, foi absolvido no caso que ficou conhecido como “quadrilhão do MDB”, que apurava suspeita de um esquema de desvios em estatais. Em outra frente, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), indicado por Temer, anulou em abril as denúncias da Lava Jato no Rio que haviam transformado o ex-presidente em réu por peculato e lavagem de dinheiro e o levaram a ser preso em março de 2019.

Em 2020, Temer também foi absolvido em segunda instância da acusação de obstrução da Justiça no caso relacionado à delação de Joesley Batista.

O ex-presidente voltou a despachar diariamente em seu escritório no Itaim, onde se divide entre a redação de pareceres jurídicos e audiências com políticos. Voltar à política é um cenário que não está descartado. “Muitas vezes você sai da vida pública, mas a vida pública não sai de você. Embora não esteja no meu horizonte, tem sido inevitável receber consultas.”

Temer procura manter uma porta aberta com o Palácio do Planalto e evita criticar Bolsonaro. “Tenho uma relação cordial e respeitosa com Bolsonaro, até por uma razão singela: ele jamais fez uma crítica ao meu governo. Pelo contrário, falou elogiosamente.” Apesar do cuidado, não se furta a se opor à bandeira do presidente: o voto impresso. “É uma discussão um pouco inútil. A urna eletrônica é inviolável.”

Temer abraçou a causa do semipresidencialismo, uma ideia que surgiu em seu governo, após uma conversa com o então presidente do STF, Gilmar Mendes. “O semipresidencialismo elimina os traumas institucionais que o impeachment e os pedidos de impeachment causam ao País”, argumentou.

Tramita na Câmara um projeto do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) que institui o modelo. Na semana passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), enviou a deputada Margareth Coelho (Progressistas-PI) para uma conversa com Temer. “O semipresidencialismo tem maiorias estáveis. Dá responsabilidade executória ao Parlamento, que vai governar”, disse. Sobre as eleições 2022, Temer afirmou que cada instituição tem de ficar no seu “quadrado” constitucional, e prega a terceira via: “É uma homenagem ao eleitorado. Tem o direito a uma outra opção, uma coluna do meio”.

Estadão

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