Vice-Governador do MT nega agressão a ex-esposa
Foto: Reprodução
Após a divulgação do áudio da ligação de sua mulher para a polícia revelada pelo GLOBO nesta quinta-feira, o vice-governador de Mato Grosso, Otaviano Pivetta (PDT), afrmou que vai provar sua inocência na Justiça.
– Para mim o que importa é minha consciência e a oportunidade que terei de provar na Justiça a minha inocência – disse ao GLOBO.
Ele não quis comentar os relatos de agressões sofridas por Viviane na ligação para a polícia.
– O processo está em segredo de Justiça – afirmou.
Após uma sessão de espancamento, Viviane Cristina Kawamoto Pivetta pediu ajuda à polícia. Aos prantos, a advogada relatou uma tentativa de estrangulamento, chutes e pancadas na cabeça. O GLOBO obteve o áudio da gravação, que está sob segredo de Justiça. A ligação foi confirmada pela defesa da vítima.
Otaviano foi indiciado pela Polícia Civil de Santa Catarina por de lesão corporal contra Viviane. No áudio (leia a transcrição abaixo), a advogada afirma que deseja registrar ocorrência de violência doméstica. “O meu marido me espancou”, diz.
Pouco depois, o policial pergunta o motivo do espancamento. “E por que ele bateu na senhora?”, questiona o atendente. A mulher responde:
“A gente teve uma discussão durante o dia, normal… E agora à noite ele me falou: ‘vamos orar!’ E eu fui com ele na sala e lá eu tava com a coberta e ele começou a me estrangular com a coberta. E bater com minha cabeça no sofá. E começou a me chutar. E eu, pra me defender…. E ele pegou meu telefone… ‘você vai ligar pra polícia? Vai ligar pra polícia?’. Ele pegou meu celular e começava bater no chão”.
De acordo com Viviane, o vice-governador só parou as agressões após ela ter segurado nos testículos do marido e apertado. Conforme consta no áudio, a advogada fez o telefonema em frente ao apartamento onde o casal estava. Ela informou ao policial que era um caso de violência doméstica e que o marido não havia bebido.
Viviane também conta na ligação que ficou escondida no banheiro para evitar novo espancamento. Ela saiu de casa escondida e ficou a porta do prédio para conseguir telefonar à polícia.
O advogado da vítima, Huendel Rolim, confirmou a veracidade do áudio.
– Causa espécie o vazamento do áudio da vítima, sendo que a defesa de Viviane não irá comentar o fato, em respeito ao sigilo do processo – afirmou Rolim.
Em nota, a defesa do vice-governador disse que seu cliente negou “a suposta agressão contra a ex-esposa” e criticou o vazamento do áudio.
O vice-governador de Mato Grosso, Otaviano Pivetta, foi indiciado em 3 de agosto pela Polícia Civil de Santa Catarina por de lesão corporal leve sob a suspeita de agressão contra Viviane. Na ocasião, ele negou o crime.
A agressão teria ocorrido no dia 7 de julho, quando o casal estava na casa de Pivetta em Itapema, no litoral de Santa Catarina. Na ocasião, Viviane acionou a polícia duas vezes: na primeira desligou em falar nada e, na segunda, disse que havia sido agredida pelo marido. Agentes foram à residência e levaram o casal para uma delegacia.
Aos policiais, Pivetta negou a agressão e alegou que a mulher havia se machucado ao tentar morder uma de suas mãos. Ele pagou uma fiança de R$ 6,6 mil e deixou a delegacia na madrugada do dia seguinte.
Viviane afirmou ter recebido uma oferta em dinheiro para desistir da denúncia de agressão feita contra o marido.
– Eu fui no escritório dele, nós conversamos, ele me pediu perdão, me pediu desculpas e pediu para voltarmos. Eu aceitei por amor – disse Viviane, em entrevista à Gazeta Digital, de Cuiabá.
O diálogo aconteceu no escritório de Pivetta, na presença do advogado Pascoal Santullo, segundo Viviane. Ela afirma que uma ligação da secretária de Estado de Comunicação, Laice Souza, a fez desistir da reconciliação.
– Ela [Laice] ligou e não sabia que o Pascoal Santullo tinha colocado no viva voz. Então ela disse para o Pascoal se eles [Pivetta e Santullo] estavam abertos a soltar ‘uma bolada’ para calar a minha boca e eu assumir tudo. Para calar a boca dessa mulherzinha – afirmou Viviane.
Em nota, Laice de Souza informou que está acionando Viviane por calúnia e difamação e que já registrou um boletim de ocorrência sobre o caso “para que o processo tramite na esfera criminal, com todas as provas já colhidas”.
Transcrição da conversa
Policial: Polícia militar!
Viviane: Oi! Eu quero fazer um pedido de ocorrência.
P: Pode falar!
V: Violência doméstica. Aqui na 225.
P: O que aconteceu?
V: O meu marido me espancou.
policial: 225… Você está em casa ainda?
V: Tô aqui do lado de fora.
P: E ele? Ele tá na casa ainda?
V: Eu não vi. Eu saí escondida. Eu tava presa no banheiro até agora.
P: Não chegou a ver se ele saiu da casa?
V: Não! Ele tentou quebrar meu telefone para eu não fazer ligação.
P: Tá! E a senhora tá na frente de qual número?
V: Eu tô aqui na frente do prédio, no Continental, na 225.
P: E qual o número do prédio?
V: 10
P: Como é que é o nome da senhora?
V: Viviane Pivetta.
P: Ele tava embriagado? Sabe se ele é usuário de droga?
V: Não! Não!
P: E por que ele bateu na senhora?
V: A gente teve uma discussão durante o dia, normal… E agora à noite ele me falou: “vamos orar!” E eu fui com ele na sala e lá eu tava com a coberta e ele começou a me estrangular com a coberta. E bater com minha cabeça no sofá. E começou a me chutar. E eu, pra me defender…. E ele pegou meu telefone… “você vai ligar pra polícia? Vai ligar pra polícia? Ele pegou meu celular e começava bater no chão. E eu segurei no testículo dele até ele me soltar. Na hora que eu comecei a apertar que ele me soltou.
P: Tá! Só aguardar, tá senhora!
V: Vai demorar?
P: Não sei te dizer, senhora. Isso aí vai depender da disponibilidade das viaturas. É só aguardar aí na frente.
V: Tá!
Assinatura
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