Bolsonaro gasta mais tempo com política que governando

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Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Em um ano e meio de pandemia de coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já colocou em dúvida a eficácia das máscaras, do isolamento social e até mesmo das vacinas contra a Covid-19. Nesse período, o chefe do Executivo nacional dedicou a conversas com apoiadores o triplo de tempo gasto com agendas públicas voltadas à Covid-19.

De acordo com levantamento feito pelo Metrópoles, o mandatário da República passou 37 horas e 21 minutos dialogando com simpatizantes na porta da sua residência oficial, Palácio da Alvorada. Por outro lado, dedicou apenas 10 horas e 10 minutos aos compromissos públicos relacionados à pandemia.

A reportagem teve como base vídeos disponibilizados pelo canal bolsonarista Foco do Brasil desde 8 de junho de 2020, época em que Bolsonaro passou a conversar exclusivamente com apoiadores – sem que a imprensa pudesse ter acesso –, no gramado interno do Alvorada, até 31 de agosto deste ano. O mesmo período foi considerado para as agendas públicas divulgadas pelo Palácio do Planalto.

É importante ressaltar que o tempo que o chefe do Executivo gastou em conversas com sua base no Alvorada é maior do que o contabilizado no levantamento, uma vez que os vídeos disponibilizados pelo canal Foco do Brasil passam por edição prévia antes de serem publicados, e, por muitas vezes, não são divulgados, ainda que Bolsonaro pare para falar com os apoiadores.

Além disso, durante a pandemia, o canal teve vídeos derrubados pelo YouTube por violação às regras da plataforma. Em algumas gravações, por exemplo, o presidente Jair Bolsonaro saiu em defesa de medicamentos sem eficácia científica comprovada contra o novo coronavírus, o que vai na contramão das diretrizes do site de vídeos.

Desde junho do ano passado, Bolsonaro parou por 160 vezes para falar com apoiadores que aguardavam uma do mandatário – na saída do palácio, antes de começar o expediente, ou na volta para casa.

No mesmo período, o chefe do Executivo promoveu apenas 10 eventos voltados à pandemia – oito em 2020 e dois em 2021, segundo registros oficiais.

Durante as conversas, Bolsonaro costuma inflamar o discurso ao defender bandeiras de interesse de sua base, como o voto impresso e o armamento da população. Em várias ocasiões, o mandatário ofendeu ministros do Supremo Tribunal Federal e fez ameaças, como ao colocar em dúvida a realização das eleições do próximo ano caso o voto impresso não fosse implementado.

Desde o início da pandemia, Bolsonaro desrespeitou normas sanitárias, promoveu aglomerações e desencorajou o uso de máscaras.

No Alvorada, por exemplo, foram raras as vezes em que o presidente fez uso do equipamento de proteção e respeitou o isolamento social.

No Planalto, os eventos costumam contar com a presença de dezenas de pessoas. No meio da pandemia, a Presidência passou a seguir orientações de distanciamento e manteve espaço maior entre as cadeiras dos convidados. Atualmente, no entanto, a prática não é seguida à risca, havendo cerimônias sem distanciamento social. Muitos dos presentes também não usam máscara.

Além disso, o presidente criou o hábito de, aos fins de semana, andar pelas regiões administrativas de Brasília e entrar na casa das pessoas para ver a situação das famílias durante a pandemia.

Em viagens pelo país, o titular do Planalto também costuma cumprimentar, sem máscara, dezenas de apoiadores que se aglomeram para falar com ele. Bolsonaro costuma dizer que sempre esteve “no meio do povo” e que esse é o papel do mandatário do país.

“Nós, para vivermos melhor, devemos nos colocar do outro lado do balcão. Como aquela pessoa está se sentindo, como o atleta está passando. Quais são as suas dificuldades? […] Como o povo está se sentindo? Desde o primeiro dia da pandemia, nunca deixei de estar no meio do povo”, disse Bolsonaro na última quarta-feira (1º/9), durante cerimônia de entrega de medalhas a militares já medalhistas olímpicos nos Jogos de Tóquio e a outros atletas.

Metrópoles

 

 

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