Bolsonaro usa atos do dia 7 para desviar atenção

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Foto: Reprodução

Sob tensão, o Brasil chega à véspera do 7 de setembro do 199º aniversário da Proclamação da Independência em clima de ameaça de agravamento da crise institucional. O presidente Jair Bolsonaro chama a população para manifestações de rua em momento delicado de seu governo. A popularidade chega ao nível mais baixo desde a posse, em um contexto de inflação e desemprego elevados.

A convocação presidencial para os atos do dia 7 começou dentro de uma estratégia para pressionar o Congresso Nacional a aprovar o voto impresso nas próximas eleições. Essa bandeira, contudo, foi perdendo força, à medida que ficou clara a resistência do Legislativo ao tema, após a rejeição de uma PEC com esse teor na Câmara dos Deputados. As convocatórias para os atos partiram então para ataques ao Judiciário, particularmente aos ministros Luis Roberto Barroso (presidente do Tribunal Superior Eleitoral) e Alexandre Moraes (condutor dos inquéritos sobre atividades antidemocráticas e fake news). Em reação aos ataques, o presidente do STF, Luiz Fux, suspendeu há um mês o diálogo com Bolsonaro.

No campo judicial, o inquérito do STF contra atividades antidemocráticas têm resultado em prisão de fieis apoiadores do presidente, como o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), preso em 24 de junho por gravar um vídeo em que dizia que o ministro Luiz Edson Fachin deveria “apanhar na cara”, ou o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, por defender abertamente a ruptura institucional, detido no mês passado. Ontem, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) prestou depoimento na condição de investigada. Outro inquérito, o das fake news, corroi o poderoso sistema de sustentação digital do bolsonarismo, peça central de seu triunfo em 2018.

Gestos, discursos e pronunciamentos recentes de Bolsonaro denotam que o presidente aposta muito em sua capacidade de mobilização no 7 de setembro.

Em diferentes eventos, citou a data como “o Dia da Independência mais importante de nossas vidas” e o momento de uma “demonstração gigante de patriotismo”. Disse que as manifestações em seu apoio serão “uma fotografia para o mundo”. E, em provocação vista com enorme preocupação por analistas, asseverou que os atos representarão um “ultimato” aos ministros STF. Sempre com alusões ao 7 de setembro, participou de vários atos junto à militância. No sábado, esteve em mais uma “motociata”, desta vez em Caruaru (PE).

Desde a inédita substituição do ministro da Defesa e dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica por militares menos preocupados com a apropriação política que Bolsonaro tenta fazer das Forças Armadas, analistas foram deixando de interpretar as falas agressivas do presidente como meras bravatas.

Bolsonaro recebeu adesão do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, à sua pregação pela impressão do voto – campanha feita por meio de difamação às urnas eletrônicas – e assistiu um inusitado desfile de blindados no dia de votação do tema na Câmara.

A tensão em relação ao 7 de setembro atingiu seu pico após a divulgação de um áudio em que o cantor Sérgio Reis relatou disposição de, junto com caminhoneiros e grandes plantadores de soja, parar o país caso o Senado não cumpra a “ordem” do grupo de aprovar o voto impresso e afastar todos os ministros do STF. Reis, que depois passou a ser investigado, mencionou encontros com o presidente e com comandantes militares. E chegou a falar em invadir o STF, “quebrar tudo e tiras os caras na marra” caso senadores não correspondam aos desejos bolsonaristas.

O tamanho dos atos desta terça não deverá ser a única régua a ser usada pelo sistema político, pelo Judiciário e pela opinião pública para lidar com Bolsonaro a partir do 8 de setembro.

O contrapeso às concentrações deverá vir da repulsa e das providências das autoridades contra eventuais gestos de violência, do grau de reação das instituições contra discursos autoritários e da firmeza de governadores, do Ministério Público e do Poder Judiciário em face de eventuais manifestações políticas de policiais militares da ativa, o que é vetado por lei.

A eventual participação de militares e policiais em atos pelo país é motivo de grande preocupação. Em alguns Estados, governadores e representantes do Ministério Público passaram os últimos dias reforçando avisos de proibição e se preparando para coibir esse tipo de violação.

Na mesma linha, os presidentes da Câmara, do Senado e do STF, cada um a seu modo, também emitiram alertas públicos a respeito de eventuais gestos inconsequentes de Bolsonaro ou de seus apoiadores. “O presidente sabe da responsabilidade dele em relação às manifestações. Se por acaso houver qualquer tipo de tumulto, ele será o único a perder”, alertou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que “não se negocia a democracia”. A liberdade de expressão não comporta violências e ameaças”, foi o recado de Luiz Fux, presidente do STF.

Valor Econômico

 

 

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