CPI vê Queiroga como só mais um Pazuello

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, deverá ser convocado pela terceira vez para depor na CPI da Pandemia. Senadores querem entender porque ele criou enorme confusão com governadores e prefeitos, na semana passada, ao suspender vacinas para adolescentes.

No começo, insinuou ter sido uma “sugestão” de Jair Bolsonaro, a partir de conselhos de pessoas não identificadas. Em seguida, desmentiu-se e atribuiu a decisão a razões médico-científicas — logo desmentidas pela comunidade médica e acadêmica. Finalmente, indicou “problemas” de logística e de distribuição do próprio ministério.

No Senado, observa-se que quase nada mudou no Ministério da Saúde desde a saída do general Eduardo Pazuello, cuja gestão resultou no descontrole da disseminação da Covid-19.

Quando Pazuello assumiu, em junho do ano passado, contavam-se 50 mil pessoas mortas pelo vírus. Ao sair, em março deste ano, eram 300 mil mortos.

Queiroga estava em Nova York, ontem, quando foi ultrapassada marca de 591 mil vítimas — 291 mil a mais do que se registrava há seis meses, quando entrou no ministério.

Entre Pazuello e Queiroga, notam integrantes da CPI, permaneceu imutável a ascendência de Bolsonaro e seus conselheiros privados na política da Saúde contra a Covid-19. Ou seja, não importa a Ciência — como definiu o general, quando ainda era ministro “é simples: um manda, outro obedece”.

Queiroga, cardiologista de formação, é um médico em jaleco político. Em março, na sucessão de Pazuello, estava na lista dos patrocinados por líderes do Centrão para a diretoria da agência estatal que regula a tabela de preços das empresas de planos de saúde. Entrou no gabinete de Bolsonaro indicado ao cargo de diretor da ANS e saiu como ministro da Saúde.

Nos últimos seis meses, transformou o plano de vacinação, que avança apesar das ineficiências gerenciais, numa base de conflitos constantes com governadores, principalmente os que integram a oposição ou são potenciais adversários de Bolsonaro na eleição de 2022. Tem discutido um projeto eleitoral na Paraíba, com aval de Bolsonaro.

Se candidatou a alvo da CPI ao demonstrar resistência em entregar documentos requisitados sobre compras de vacinas.

Depois de três meses de obstrução, os senadores precisaram recorrer ao Supremo Tribunal Federal para ter acesso a parte da documentação sobre a negociação da vacina indiana Covaxin.

O negócio de R$ 1,6 bilhão no Ministério da Saúde tinha corretagem privada nacional e um produto inexistente, mas contratado a preço 1.000% maior do que havia sido anunciado na Índia, seis meses antes, pela própria fabricante. Interrompido pela intervenção da CPI, o contrato foi anulado pelo ministério. O STF autorizou apreensão de registros na empresa intermediária, Precisa, mas não permitiu buscas na sede da Saúde.

A comissão reuniu uma coletânea de documentos sobre a atuação de Queiroga na pandemia, antes e depois de se tornar ministro.

Um deles, de setembro do ano passado, confirma a opção do governo pela ineficaz cloroquina e seus derivados em vez de vacina, como fundamento da política da Saúde na pandemia.

O ministério, sob a direção de Pazuello, instruiu profissionais do Sistema Único de Saúde a adotar o “manuseio medicamentoso precoce”. E, para crianças, orientou a prescrição de hidroxicloroquina, com prioridade, “pelo risco de toxicidade da cloroquina”.

Entre as fontes citadas para legitimar o “tratamento” com medicamentos sem eficácia científica comprovada, o ministério relacionou uma “diretriz” da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre telemedicina. Era assinada por Marcelo Queiroga, em parceria com outros dois médicos. Na época, ele presidia a entidade. Seis meses depois, Queiroga virou ministro da Saúde.

Veja

 

Assinatura
CARTA AO LEITOR

O Blog da Cidadania é um dos mais antigos blogs políticos do país. Fundado em março de 2005, este espaço acolheu grandes lutas contra os grupos de mídia e chegou a ser alvo dos golpistas de 2016, ou do braço armado deles, o juiz Sergio Moro e a Operação Lava jato.

No alvorecer de 2017, o blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo de operação da Polícia Federal não por ter cometido qualquer tipo de crime, mas por ter feito jornalismo publicando neste Blog matéria sobre a 24a fase da Operação Lava Jato, que focava no ex-presidente Lula.

O Blog da Cidadania representou contra grandes grupos de mídia na Justiça e no Ministério Público por práticas abusivas contra o consumidor, representou contra autoridades do judiciário e do Legislativo, como o ministro Gilmar Mendes, o juiz Sergio Moro e o ex-deputado Eduardo Cunha.

O trabalho do Blog da Cidadania sempre foi feito às expensas do editor da página, Eduardo Guimarães. Porém, com a perseguição que o blogueiro sofreu não tem mais como custear o Blog, o qual, agora, dependerá de você para continuar existindo. Apoie financeiramente o Blog

FORMAS DE DOAÇÃO

1 – Para fazer um depósito via PIX, a chave é edu.guim@uol.com.br

2 – Abaixo, duas opções de contribuição via cartão de crédito. Na primeira, você contribui mensalmente com o valor que quiser; na segunda opção, você pode contribuir uma só vez também com o valor que quiser. Clique na frase escrita em vermelho (abaixo) Doação Mensal ou na frase em vermelho (abaixo) Doação Única

DOAÇÃO MENSAL – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf

DOAÇÃO ÚNICA – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf