Mercado vê terceira via mais distante

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Foto: Reprodução/ Internet

O tom mais duro no discurso de Jair Bolsonaro nas manifestações do 7 de Setembro trouxe pouco conteúdo novo para os agentes do mercado financeiro em relação ao que o presidente já defendia. A avaliação é, porém, que ele mostrou certa força nas ruas, o que reduz as chances de um candidato da terceira via prosperar nas eleições de 2022. O pé atrás com o risco Brasil prevalece, sob a percepção de falta de compromisso com o lado fiscal.

O presidente não dá sinais de querer suavizar o embate com o Judiciário, diz Renato Junqueira, sócio-gestor da Gap Asset Management. “Ele vem escalando a retórica de desmoralização das eleições, que só sai dali preso ou morto, tudo que a gente já escutou, e num momento que precisa de apoio do Congresso e do Supremo Tribunal Federal para passar os precatórios.”

A asset tem um pouco de bolsa, mas com hedge para enfrentar um período volátil. “A gente continua achando o real barato em relação aos seus pares. Os juros mais altos estão baratos também, mas não adianta, tem que ter uma situação razoavelmente estável”, afirma Junqueira. “Está barato, mas a questão é que tipo de risco se está correndo. Qual o caminho dos preços dos ativos que consigo me apropriar dos descontos? E em quanto tempo? É difícil avaliar.”

Sem solução para os precatórios, o Brasil pode entrar em um ciclo de mais deterioração, diz a gestora de renda variável da Macro Capital, Priscila Araújo, que diz ter ficado um pouco mais preocupada. “Isso pode retroalimentar uma dinâmica de inflação mais alta, juro maior e perda de atividade, o que pode impactar o lucro das empresas, que, até agora, vem muito bem.”

Para José Alberto Tovar, sócio-fundador da Truxt Investimentos, o presidente segue pregando para o próprio público. “O mercado já tinha sofrido nas expectativas. Agora sobe um degrau na piora marginal da percepção do investidor estrangeiro que não entende muito se tem um golpe em curso.”

Um termômetro da cautela do investidor ontem foi o fundo de índice (ETF) de ações brasileiras EWZ, que chegou a subir 3,10% e encerrou o dia com alta de 0,59%.

Leonardo Morales, gestor de renda variável da ASA Investments, vê algum espaço de recuperação para o Ibovespa, após a queda de mais de 3% na semana passada. “Vimos o estrangeiro ingressando com recursos na bolsa, enquanto o local estava vendendo mais. Há receios distintos, mas o medo sobre as manifestações estava presente.”

O temor de que haveria um episódio semelhante ao “6 de janeiro” – referência à invasão de apoiadores do ex-presidente dos EUA Donald Trump ao Capitólio – não se concretizou, mas o clima político segue tenso, diz o economista para Brasil da consultoria britânica TS Lombard, Wilson Ferrarezi. Para ele, o risco de uma ruptura não é alto, mas o clima político explica o descasamento dos preços das ações com os fundamentos. “Mesmo para o investidor estrangeiro que já estava acostumado com Brasil, ultimamente a volatilidade está bem mais alta. O Ibovespa se beneficiou zero da reabertura da economia. E mesmo com os lucros muito bons e alguma melhora no setor de serviços.”

O mercado estava ansioso para enxergar uma terceira via para 2022, mas as manifestações mostraram um Bolsonaro forte, o que reduz as chances, diz Luiz Eduardo Portella, sócio da Novus Capital. Ele vê os preços dos ativos atrativos, mas, com o cenário eleitoral nebuloso, a escolha foi ter posições menores em Brasil, casadas com uma opção de venda do EWZ.

Marilia Fontes, sócia da Nord Research, diz que sem saber o rumo da política econômica após 2022 não dá para achar que tem barganha no mercado. “É mais um ‘segue o jogo’”, diz. “O bom é que ser conservador agora está pagando, com a Selic em 8% ou 8% um pouco mais. Aproveite o momento de ser conservador.”

Valor Econômico

 

 

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