74% dos doentes por covid não tomaram vacina

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Foto: Joice Kroetz/Divulgação Assessoria de Imprensa HRTGB

A redução das taxas de óbito por Covid-19 nos últimos meses comprova: as vacinas são eficazes para frear a disseminação do vírus e evitar hospitalizações e casos graves da doença. Outro índice que respalda o bom funcionamento dos imunizantes é o de internações hospitalares.

Levantamento feito pelo Metrópoles, por meio de dados do Ministério da Saúde, mostra que apenas 26% dos pacientes internados com a doença no Brasil entre julho e setembro foram totalmente imunizados – tomaram duas doses ou receberam a aplicação única de vacina.

Três em cada quatro pacientes internados no Brasil com diagnóstico positivo para Covid-19 no período, portanto, não completaram o esquema vacinal, o que é essencial para diminuir as chances de casos da doença evoluírem para a forma mais grave.

Desse total de internações registradas pelo Ministério da Saúde entre julho e setembro, 46,2% são de pacientes que não tinham tomado nenhuma dose da vacina; 25,7% tinham uma dose do imunizante.

Os números vêm do banco de dados de Síndrome de Respiratória Aguda Grave (SRAG), mantido pelo Ministério da Saúde. Nesse arquivo, estão registradas todas as ocorrências de SRAG. Para a reportagem, foram mantidas apenas as informações relacionadas aos casos confirmados de Covid-19 que levaram à internação.

A base de dados tem suas limitações. Não é em todas as internações que a equipe médica consegue confirmar que a vacina foi aplicada. Casos em que a informação foi marcada como ignorada foram descartados. Também não foram utilizadas as entradas que não traziam as datas de vacinação. Isso tende a supervalorizar a quantidade de imunizados em relação ao total.

É importante ressaltar que, nos primeiros meses do ano, a maior parte da população brasileira ainda não havia tomado nenhuma dose das vacinas. O início da campanha de imunização foi organizado pela dinâmica de grupos prioritários, como idosos e profissionais da área da saúde.

Por isso, os dados do início do ano apontam que a maior parte dos internados não tinham sido vacinados, já que uma porcentagem pequena da população brasileira havia recebido um imunizante. Os dados mostram que, usando esse intervalo, a partir de janeiro, 73,23% das pessoas hospitalizadas não tinham tomado nem mesmo uma dose do fármaco.

Em maio, o Ministério da Saúde e a Comissão Intergestores Tripartite (CIT) decidiram, em reunião conjunta, que estados e municípios poderiam iniciar a vacinação contra Covid-19 por faixa etária, desde que já tivessem finalizado a imunização de grupos prioritários.

Ao observar os dados por unidade federativa, é possível observar que os não vacinados são minoria na população, mas maioria entre os internados de quase todos os estados brasileiros. Pernambuco e Rio de Janeiro são as únicas exceções.

Especialistas avaliam que, por mais que o país apresente resultados mais otimistas em relação a casos e mortes por Covid-19, a taxa de transmissão do vírus ainda é alta e merece atenção.

Por isso, pessoas que não estão imunizadas ou tomaram apenas a primeira dose ainda correm risco de serem contaminadas pelo coronavírus e, consequentemente, de serem hospitalizadas com casos mais graves da doença. É o que avalia o consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Davi Urbaez.

“Estamos em uma faixa de transmissão elevada da pandemia, porque, por mais que [o nível] esteja muito mais baixo do que já esteve, nós nunca entramos em baixa transmissão. Estamos em uma faixa de transmissão sustentada. Neste cenário, também temos que considerar que a média de vacinação da população com segunda dose é 40%. Então, sim, a imensa maioria dos internados são os não vacinados, porque estão mais suscetíveis.”

Até a noite de quinta-feira (7/10), 97,2 milhões de brasileiros estavam totalmente imunizados, ou seja, vacinados com duas doses ou com a aplicação única. O número equivale a 45,57% da população brasileira.

Mais da metade dos brasileiros receberam ao menos uma dose de vacina: até a quinta-feira, o número era de 148,8 milhões de pessoas. O dado corresponde a 69,78% da população do país.

Outro dado que chama atenção é o de pessoas que receberam apenas uma dose da vacina e acabaram hospitalizadas com a Covid-19. Esse grupo representa 25,7% dos internados entre julho e setembro.

É o caso do empresário goiano Ivan José Tavares, de 58 anos, que ficou assustado quando descobriu o resultado para a Covid-19, em agosto deste ano.

Apesar de ter tomado a primeira dose da vacina da Pfizer, Ivan tinha um histórico de quatro pneumonias, sendo as duas últimas crônicas, que o deixaram com um enfisema pulmonar.

“Eu tinha realmente uma preocupação muito grande de pegar esse negócio. Eu pensava que, com meu histórico, só ia sair do hospital em um saco preto”, recorda Ivan.

Ele chegou a ficar internado por três dias em observação em um apartamento do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP), pois teve 40% do pulmão comprometido e precisou usar um cateter nasal para respiração em alguns momentos da hospitalização.

“Todos os médicos que passavam e olhavam meu histórico falavam: ‘A sorte sua foi ter tomado a primeira dose e não ter feito uso desses medicamentos ineficazes’. Todas as informações que tenho do pessoal que me atendeu foi que não tive agravamento em virtude da vacina, senão tinha entrado no tubo”, conta Ivan.

O consultor da SBI explica que casos como o de Ivan devem ser cada vez mais comuns durante o avanço da imunização dos brasileiros com a primeira dose. Ele destaca que, enquanto não completarem o esquema vacinal, os pacientes ainda correrão riscos de serem hospitalizados com a doença.

O levantamento feito pelo Metrópoles também aponta que, entre julho e setembro deste ano, 1,9% dos pacientes internados haviam tomado as duas doses da vacina, mas foram hospitalizados antes dos 14 dias necessários para garantir a imunização completa.

A porcentagem é baixa, pois algumas vacinas apresentam eficácia apenas com a primeira dose. No entanto, o número chama atenção para os cuidados após a imunização.

A estudante de medicina Raquel Castro, 23 anos, foi acometida pela Covid-19 dias após receber a segunda dose do imunizante. Moradora de Lavras, em Minas Gerais, ela conta que teve sintomas leves, como cansaço e indisposição.

“Tomei a primeira dose no dia 18 de junho, por ser estudante de medicina e estagiar na área. No dia 21 de setembro, percebi que estava com falta de paladar. Eu tive Covid não tinha nem 15 dias da segunda dose, porque tomei no dia 15 de setembro. No dia 21, já estava assim… Mas com certeza não foi mais grave por conta da vacina”, lembra.

O vice-presidente do Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass) e secretário de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, enfatiza que, após a vacinação com as duas doses, é preciso estar em alerta às medidas não farmacológicas.

“Junto com a vacina, temos que ter as medidas associadas, como políticas de testagem em massa, por exemplo. Em hipótese alguma devemos desobrigar o uso de máscaras. Até mesmo depois de uma ampla cobertura, nós teremos possivelmente que manter o uso de máscaras em ônibus, locais fechados, aeroportos”, frisou.

A reportagem procurou o Ministério da Saúde para verificar se o órgão implementa estratégias para incentivar os cuidados pós-vacinação e evitar hospitalizações de pacientes com Covid-19.

Também foi questionado se a pasta monitora a porcentagem de pessoas vacinadas internadas em leitos de UTI, e se o registro de imunização de pacientes hospitalizados é obrigatório nas unidades de saúde.

Em nota, o órgão informou que “reforça a importância da primeira e segunda dose para garantir a máxima proteção dos brasileiros, principalmente contra as novas variantes”.

“A pasta continua com sua campanha massiva de incentivo à imunização nacional e à importância da segunda dose e recomenda aos estados e municípios que também façam uma busca ativa da população-alvo”, divulgou a pasta.

Além disso, o Ministério da Saúde informou que cerca de 18,6 milhões de pessoas ainda não tomaram a segunda dose da vacina contra a Covid-19.

Metrópoles

 

 

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