CPI ouvirá Queiroga pela terceira vez

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid decidiu ontem convocar pela terceira vez o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O depoimento foi marcado para dia 18. No dia 19 está prevista a apresentação do relatório final, pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL). A fase de depoimentos da CPI seria encerrada ontem, não fosse a convocação.

O estopim para a nova convocação foi a suspeita de interferência do ministro em reunião da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). Os técnicos apresentariam e votariam ontem uma resolução contrária ao uso da hidroxicloroquina e da ivermectina em pacientes com covid-19. A resolução foi tirada de pauta. O remédio é uma bandeira do presidente Jair Bolsonaro. “É uma intervenção absurda numa decisão técnica”, disse o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Queiroga depôs à CPI em maio e em junho. À frente da Saúde desde março, o médico é o quarto titular da pasta no governo Bolsonaro. Até ontem, os senadores haviam concordado em apenas solicitar informações ao ministro. Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), no entanto, Queiroga mudou de comportamento. “Nós retrocedemos. O ministro da Saúde, que veio a essa CPI e passou por um homem educado, nos últimos 15 dias passou a prejudicar de maneira concreta o processo de combate à covid”, afirmou. Além da interferência na Conitec, os senadores querem que o ministro esclareça por que interrompeu a vacinação de adolescentes no mês passado e como está o planejamento para vacinação contra covid em 2022.

Na sessão de ontem, a CPI tomou dois depoimentos: de um médico que trabalhou por oito anos como plantonista de pronto-socorro da Prevent Senior e foi demitido em fevereiro, por se opor aos protocolos da empresa; e de um homem de 65 anos, cliente da operadora, que ficou 120 dias internado na rede com covid-19.

O médico Walter Correa de Souza Neto afirmou à CPI que era “uma fraude” o estudo da operadora que apontava a eficácia do “kit covid”. Divulgada por Bolsonaro, a pesquisa informava que, após adotar como protocolo um tratamento com hidroxicloroquina e ivermectina, os hospitais da rede tinham zerado internações e mortes por covid. “Essa coisa de que ‘ninguém vai a óbito e ninguém intuba’ a gente sabia que era fraude. Eu internava paciente que havia tomado o kit. Eu acompanhava esse paciente depois pelo prontuário e via esses pacientes irem a óbito”, afirmou o médico.

Souza Neto relatou que a hierarquia da Prevent era rígida, que superiores vetavam exames e internações para economizar e que ele foi proibido de usar máscara para “não assustar” os pacientes.

O médico disse que, diante da pressão, ele prescrevia o “kit covid”, mas recomendava aos pacientes que não tomassem. Contou que a Prevent alocou médicos especializados em cuidados paliativos no pronto-atendimento durante a pandemia. “Paliativistas no pronto atendimento levam a decisões precipitadas. É macabro”, afirmou Souza Neto. Cuidados paliativos são para doentes sem chances de melhora ou cura. Consiste em assistência multidisciplinar para que o paciente tenha o menor sofrimento até o momento em que venha a morrer. No caso da Prevent, porém, os senadores suspeitam que a rede apressava mortes para liberar leitos e reduzir custos.

Essa situação foi relatada aos senadores ontem pelo cliente da Prevent Senior Tadeu Frederico Andrade. Ele contou que uma médica da rede contrariou a família dele e determinou que ele saísse da UTI e passasse a receber cuidados paliativos mesmo ainda tendo chances de recuperação. Antes da internação, com pneumonia bacteriana, Andrade havia sido medicado com “kit covid” após uma teleconsulta.

Valor Econômico

 

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