Lula pede ao PT para evitar “salto alto”

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Foto: Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava bem humorado ontem na reunião com deputados e senadores no salão de um hotel em Brasília. Na fala de abertura do encontro, relembrou os tempos em que era presidente da República e se deparava no dia seguinte com bastidores do governo, que eram de conhecimento de um grupo restrito de auxiliares, estampados nos jornais.

Lula questionava os auxiliares sobre o responsável pelos vazamentos à imprensa. Ao fim, dizia em tom de pilhéria que o tagarela só poderia ser o “anão embaixo da mesa”. A galhofa virou piada interna do PT.

Ontem, segundo relato de um dos presentes à coluna, o ex-presidente comentou, irônico, que a imprensa já publicou pelo menos 13 nomes de candidatos que ocupariam a vaga de vice em chapa encabeçada por ele. Nesse momento, citou matéria deste Valor, que informou a criação de um gabinete informal para assessorá-lo na pré-campanha. “Também já tenho não sei quantos coordenadores”, provocou, culpando de novo o “anão embaixo da mesa” pela informação.

Pacheco usa tom eleitoral em ato com MDB e Caiado

Lula está bem disposto, de humor leve, mas “consciente da realidade”, disse à coluna o governador do Piauí, Wellington Dias, que se reuniu com ele na véspera do encontro com as bancadas federais.

A primeira agenda de Lula em Brasília foi domingo, com os quatro governadores do PT: Camilo Santana, do Ceará; Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte; Rui Costa, da Bahia, e Wellington Dias.

Também participaram da reunião a vice-governadora de Sergipe, Eliane Aquino (PT), a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, e o senador Jaques Wagner, pré-candidato ao governo da Bahia.

Lula queria colher a visão dos gestores sobre os problemas do país, como o aumento da inflação, a volta da fome, os rumos da educação após a pandemia e a crise na segurança pública.

“Ele quer compreender o ponto de vista dos Estados. Está preocupado, por exemplo, com o aumento da violência, mas, especialmente, com a expansão do crime organizado”, explicou Wellington. “De um lado, existe a violência mais associada ao social”, decorrente do aumento do desemprego e da pobreza. “Mas tem uma fatia, e essa é a maior parte, que é a do aumento do crime organizado, como o narcotráfico”, explicou o governador.

Uma ala do PT considera a falta de propostas para a segurança pública como uma das falhas da campanha de Fernando Haddad em 2018, enquanto o tema foi bandeira de Jair Bolsonaro. No segundo turno, Rui Costa – já reeleito governador da Bahia – desembarcou em São Paulo especialmente para aconselhar Haddad sobre o tema.

Camilo Santana tem manifestado publicamente o desconforto com a escalada do crime organizado no Ceará. No começo do ano, reclamou da liberação pela Justiça de 71 presos em operação da Polícia Civil contra o tráfico de drogas na cidade de Quixeramobim, no sertão cearense. “Absolutamente lamentável! Após meses de trabalho árduo da nossa polícia. Uma derrota para toda a sociedade”, criticou em seu perfil nas redes sociais.

Na esfera educacional, Lula ouviu dos governadores a preocupação com os quase dois anos de ensino à distância, que trarão danos de difícil superação aos mais vulneráveis. “Isso levará prejuízos para toda uma geração”, lamentou o governador.

Wellington negou que exista um clima de euforia interna no PT diante da persistente liderança de Lula nas pesquisas sobre a sucessão presidencial e assegurou que o líder petista sabe que ainda tem muito chão pela frente até a eleição.

“[A orientação dele] é para estarmos todos na pauta do povo, cuidar dos mais pobres e buscar alternativas para atração de investimentos para gerar emprego e renda”, afirmou o governador. “Nada de sapato alto, de já ganhou. A hora é de humildade, muito diálogo e trabalho”, concluiu.

Um observador experiente da cena política afirma que Lula faz nova rodada de conversas em Brasília cinco meses após a primeira para mostrar que está se movimentando. Há poucos meses, havia reclamações de alas do PT de que Lula estava “jogando parado” e essa tática estava equivocada para a conjuntura atual.

Uma leitura interna, entretanto, é de que a estratégia de Lula neste momento é a da “troca de passes”, enquanto os adversários da terceira via têm de correr para o ataque para se viabilizar no jogo eleitoral.

É nesse contexto que os adversários do petista testam movimentos. Depois de ser vaiado, Ciro Gomes (PDT) pediu uma “trégua de Natal”. João Doria e Eduardo Leite intensificam as articulações para as prévias de novembro.

Sem alarde, com a discrição típica dos mineiros, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), também se movimentou nas últimas duas semanas.

No dia 15 de setembro, participou de evento em Goiânia com o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). Uma semana depois, reuniu-se com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, também do MDB. Na sexta-feira, encontrou-se com o governador do Rio Grande do Sul e presidenciável do PSDB, Eduardo Leite, em evento nacional do Ministério Público na Serra Gaúcha.

O que chamou a atenção no ato político em Goiânia ao lado de Baleia Rossi e Ronaldo Caiado foi o tom eleitoral da manifestação de Pacheco em evento com dezenas de vereadores e prefeitos goianos.

Foi um discurso muito além da tradicional fala institucional sobre o respeito entre os Poderes. Ele exaltou a “boa política” como solução para os problemas nacionais, condenou os extremos, pregou a união. “Não queremos discurso de ódio, de rejeição, de apontamento de defeitos como se fôssemos os donos da verdade”, afirmou.

“Precisamos de união do povo brasileiro, o que não significa concordar ou conciliar sempre. Temos inimigos comuns, mas não estão entre nós. É a fome, a miséria, o desemprego, a crise hídrica”, prosseguiu, sob aplausos.

Ele concluiu citando um ícone da política mineira e nacional: “tenhamos o que Juscelino Kubitschek nos ensinou: otimismo, entusiasmo”, exortou.

Valor Econômico

 

 

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