PGR recua de inclusão de Bolsonaro em investigação
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou nesta sexta-feira que o presidente Jair Bolsonaro não foi alvo do inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar a organização dos atos antidemocráticos de 7 de Setembro.
Em reportagem publicada nesta sexta-feira, o jornal “O Globo” afirma que a PGR identificou que a organização dessas manifestações teve início após uma convocação feita pelo próprio presidente. Segundo a publicação, Bolsonaro é citado nominalmente pela PGR em documento sigiloso enviado ao Supremo em 4 de setembro.
O Valor teve acesso ao trecho em que a PGR cita essa divulgação e diz que se trata de uma “entrevista” dada por Bolsonaro.
“A princípio, a organização da realização de prováveis atos de ataque à democracia e às instituições iniciou-se com entrevista do presidente da República informando que haveria ‘contragolpe’ aos atos entendidos como contrários à sua gestão, em 15 de agosto do presente ano”, escreveu a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo.
Em nota, a PGR disse que a manifestação tinha como objetivo requisitar “providências contra pessoas físicas e jurídicas àquela altura apontadas como suspeitas de fazerem repasses financeiros destinados à organização de atos antidemocráticos”.
“O presidente da República não figura entre as pessoas às quais se destinavam as medidas cautelares solicitadas”, disse o órgão.
A nota diz ainda que a “afirmação de que o presidente da República teria convocado atos antidemocráticos não reflete o que foi mencionado na manifestação da PGR”.
“O documento ministerial apenas aponta uma entrevista dada pelo presidente em 15 agosto, fato público e amplamente já divulgado, para delimitar a data como marco para a possível organização dos atos – objeto da apuração – bem como para fixar o limite temporal para a execução das medidas.”
Uma fonte do STF que teve acesso à investigação aponta que, até agora, não há indicação de responsabilidade de Bolsonaro. A avaliação é que o parecer da PGR apenas apontou que a organização dos atos se iniciou a partir de uma fala do presidente, mas sem apontar que ele os tenha incitado.
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