Protesto usa “cédula de US$ 9,5 mi” com foto de Guedes

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução

Depois de “Faria Loser”, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou aos muros da avenida Faria Lima, endereço referência do mercado financeiro na cidade de São Paulo, estampando uma nota de US$ 9,55 milhões, valor que mantém em uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, ou seja, numa empresa num paraíso fiscal.

O caso foi revelado pela investigação Pandora Papers, projeto do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, o ICIJ, que investiga paraísos fiscais, e gerou uma crise em torno do titular na pasta que já foi o principal esteio do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

O valor depositado por Guedes na sua offshore —a Dreadnoughts International Group, aberta em 2014, da qual é acionista junto com sua esposa e filha— equivalia a R$ 23 milhões à época . Com a desvalorização do real, acelerada durante sua gestão da pasta, o valor hoje corresponde a R$ 51 milhões.

Na nota de US$ 9,55 milhões, além do valor convertido em reais, há uma estimativa de lucro diário obtido pela variação cambial: R$ 14 mil. Um selo da nota ironiza: “No tax we trust” (algo como “confiamos na ausência de taxas”, em inglês). A marca d’água é uma garrafa de espumante estourando. E há, ainda, uma pequena imagem de Jair Bolsonaro com a faixa presidencial.

A intervenção urbana é ação de um pequeno grupo de designers e comunicadores que colou cinco lambe-lambes ao longo da avenida nos mesmos pontos onde havia antes chamado o ministro de “Faria Loser”. O grupo, que assume já ter feito outras intervenções na cidade, também cobriu muros da Faria Lima com 20 cartazes com a imagem de Guedes, em que se lê “Faria Lama”.

“Primeiro, achamos que Guedes era apenas o Faria Loser, ou seja, o gestor de uma política econômica já fracassada. Mas agora descobrimos que ele mantinha milhões de dólares em paraíso fiscal”, disse um dos ativistas, que prefere não se identificar. “Além de escapar de impostos, Guedes lucrou com a alta do dólar enquanto o país voltava a sofrer com inflação e perda de poder aquisitivo. Daí a lama.”

Segundo um dos autores da ação, apesar de Guedes alegar que não cometeu crime, “vindo de um ministro da economia, este é um investimento moralmente corrupto”.
Apesar de não ser ilegal manter uma offshore, desde que declarada à Receita, como é o caso de Guedes, atividades nesse tipo de empresa são criticadas pela falta de transparência, o que facilita ilegalidades.

Além disso, a revelação da offshore do ministro da Economia causou suspeitas de conflito de interesses. Ocupando a chefia de um Ministério, Guedes tem influência na elaboração de leis e nos rumos da economia do país, o que pode ter impacto em seus investimentos no exterior.

Em julho deste ano, o ministro defendeu a retirada da regra que tributaria recursos em paraísos fiscais do projeto de lei do novo Imposto de Renda, sob a justificativa de que a discussão complicaria o debate sobre o texto.

O Código de Conduta da Alta Administração Federal afirma ser “vedado o investimento em bens cujo valor ou cotação possa ser afetado por decisão ou política governamental a respeito da qual a autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão do cargo ou função”.

Nesta quarta-feira (6), o plenário da Câmara dos Deputados aprovou por 310 votos a 42 a convocação do ministro para dar explicações sobre seus recursos mantidos no paraíso fiscal. Guedes é obrigado a comparecer, sob pena de cometimento de crime de responsabilidade caso falte sem justificativa.

Folha  

Assinatura
CARTA AO LEITOR

O Blog da Cidadania é um dos mais antigos blogs políticos do país. Fundado em março de 2005, este espaço acolheu grandes lutas contra os grupos de mídia e chegou a ser alvo dos golpistas de 2016, ou do braço armado deles, o juiz Sergio Moro e a Operação Lava jato.

No alvorecer de 2017, o blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo de operação da Polícia Federal não por ter cometido qualquer tipo de crime, mas por ter feito jornalismo publicando neste Blog matéria sobre a 24a fase da Operação Lava Jato, que focava no ex-presidente Lula.

O Blog da Cidadania representou contra grandes grupos de mídia na Justiça e no Ministério Público por práticas abusivas contra o consumidor, representou contra autoridades do judiciário e do Legislativo, como o ministro Gilmar Mendes, o juiz Sergio Moro e o ex-deputado Eduardo Cunha.

O trabalho do Blog da Cidadania sempre foi feito às expensas do editor da página, Eduardo Guimarães. Porém, com a perseguição que o blogueiro sofreu não tem mais como custear o Blog, o qual, agora, dependerá de você para continuar existindo. Apoie financeiramente o Blog

FORMAS DE DOAÇÃO

1 – Para fazer um depósito via PIX, a chave é edu.guim@uol.com.br

2 – Abaixo, duas opções de contribuição via cartão de crédito. Na primeira, você contribui mensalmente com o valor que quiser; na segunda opção, você pode contribuir uma só vez também com o valor que quiser. Clique na frase escrita em vermelho (abaixo) Doação Mensal ou na frase em vermelho (abaixo) Doação Única

DOAÇÃO MENSAL – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf

DOAÇÃO ÚNICA – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf