Rejeição a Bolsonaro une governadores

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Foto: Joel Rodrigues / Agência O Globo

Em novembro de 2018, na transição de governo, o então presidente eleito Jair Bolsonaro reuniu-se em Brasília com governadores eleitos e reeleitos. No encontro, pregou que todos deveriam trabalhar juntos, independentemente do partido de cada um. Quase três anos depois, a união de fato aconteceu, mas em direção contrária à do governo federal. Antagonista comum à maior parte dos gestores estaduais, Bolsonaro conseguiu promover durante o mandato uma unidade rara entre os governadores.

As divergências com o presidente começaram ainda no primeiro ano de governo e permeiam diversas áreas, mas atingiram o auge durante a pandemia. Desde então, a tensão do Planalto com os estados só aumentou. Um exemplo da atuação conjunta são as sucessivas cartas assinadas pelos governadores: desde o ano passado, já foram pelo menos 14, com temas que vão do combate ao coronavírus ao preço dos combustíveis, passando pelo auxílio emergencial e pela defesa do Supremo Tribunal Federal (STF) e da democracia. O número de assinaturas varia entre cada texto, mas todas obtiveram maioria entre os estados signatários.

— Acabei me aproximando de vários governadores com quem tenho visões ainda distantes, como alguns do Nordeste, vinculados a partidos de esquerda. Nunca os governadores foram tão unidos como no governo Bolsonaro. E Bolsonaro provocou essa união — afirma o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), um dos mais abertos adversários do presidente.

Para reagir às políticas de Bolsonaro, os governadores conversam em um grupo de WhatsApp e também por reuniões em videoconferência. Apesar de ser maioria, o grupo reativo ao presidente não é unânime. Das 14 cartas assinadas, três tiveram o apoio de todos os 27 governadores, as três ligadas à Covid-19: um pedido por medidas emergenciais, no início da pandemia; uma defesa da sanção de um projeto que autorizava estados a comprar mais vacinas, em março deste ano, e um pedido de doação de vacinas ao Brasil, direcionado à OMS e à ONU, em abril.

Como muitas das cartas têm críticas diretas ou indiretas ao governo federal, as assinaturas, ou a falta delas, dão pistas sobre a posição política de cada governador. Dez governadores assinaram todas as cartas, a maioria deles de partidos da oposição. Já quem menos assinou os textos foi o governador de Rondônia, Marcos Rocha (PSL), um dos mais fiéis ao presidente, que deu apoio a apenas três cartas, seguido de Wilson Lima (Amazonas) e Mauro Carlesse (Tocantins), que assinaram cinco cada.

Exemplos práticos de oposição ao presidente se acumulam desde 2019. O mais recente ocorreu após o veto presidencial à lei que instituía a obrigatoriedade de distribuição gratuita de absorvente às escolas. Após a decisão, ao menos três estados anunciaram que adotarão medidas semelhantes, enquanto outros 12 estados e o DF já haviam instituído a política antes mesmo do veto.

O próximo embate deve se dar em torno do preço dos combustíveis. Bolsonaro tem pressionado os governadores a abaixar o ICMS que incide sobre os itens, para compensar a alta nos preços. No mês passado, 20 governadores assinaram uma carta dizendo que o tema é um “problema nacional” e que os reajustes não foram causados por aumento no ICMS. Agora, os secretários de Fazenda dos estados se articulam para barrar um projeto aprovado na Câmara que altera o cálculo do ICMS sobre os combustíveis. Eles estimam que pode haver um prejuízo de R$ 24 bilhões.

Responsável pela temática de vacinas no Fórum dos Governadores, Wellington Dias (PT), do Piauí, afirma que o colegiado era protocolar, mas agora se converteu em um espaço central para tomada de decisão e promoção de políticas públicas:

— O protagonismo dos governadores nasceu de uma necessidade. Pensamos: “temos que nos abraçar ou então nós vamos morrer juntos”. Temos nossas diferenças, mas compreendemos que o que estava em jogo era um interesse maior.

O Globo

 

 

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