Alcolumbre mantém bloqueio à sabatina de Mendonça
Foto: Pedro França/Agência Senado
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), rechaçou ontem os pedidos de afastamento do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (DEM-AP), que foi acusado de praticar “rachadinha” em seu gabinete. Pacheco disse que Alcolumbre “merece respeito” e “tem todo o direito” de se defender.
“O presidente Alcolumbre tem todas as condições de presidir a CCJ. Foi eleito pelo voto do Amapá, é um ex-presidente da Casa que merece meu respeito e tem direito de se defender de acusações. Não há motivo para afastamento de Davi e de nenhum outro senador”, afirmou Pacheco após participar do Fórum de Integração Brasil/Europa, que acontece em Lisboa (Portugal).
Em seguida, o presidente do Senado voltou a dizer que a Casa deverá sabatinar, ainda este ano, o ex-ministro da Justiça André Mendonça, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro em julho para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). “Tenho muita confiança de que isso [sabatina de Mendonça] pode acontecer no fim de novembro e início de dezembro”, disse.
Segundo ele, a realização dessa sabatina vai “melhorar o ambiente” na Casa. “Houve uma decisão de realizar o esforço concentrado. Todos os presidentes de comissão estão cientes de que é uma oportunidade para sabatinas. Minha pretensão é esgotar as indicações que estão pendentes. Quero muito chegar ao fim do ano com esse assunto resolvido”, emendou.
Apesar disso, nos bastidores, Alcolumbre ainda tenta resistir à pressão. Na semana passada, ele reuniu-se com integrantes da CCJ, em conversa fechada, para discutir o impasse. O Valor apurou que, no encontro, o senador do Amapá deu a entender que não haverá tempo hábil para apreciação da escolha de Mendonça durante o próximo esforço concentrado.
Segundo uma fonte, o senador ponderou que uma sabatina para o STF tem duração de aproximadamente seis ou oito horas, o que atrapalharia outras indicações que também estão pendentes. Por conta dessa postura, o presidente da CCJ ouviu alguns alertas. Um senador de uma importante bancada avisou Alcolumbre que ele não terá como explicar mais esse adiamento. Neste sentido, o senador foi advertido que não terá apoio de algumas das siglas mais significativas da Casa.
Um dos fatores que ajudou a elevar ainda mais a temperatura entre Alcolumbre e o governo Bolsonaro foram as acusações de que ele teria praticado “rachadinha” dentro de seu gabinete.
A denúncia veio à tona em reportagem publicada pela revista Veja, mas o presidente da CCJ enxerga nesses “ataques” uma operação “orquestrada” como retaliação por ele não ter apreciado o nome de Mendonça.
O caso também fez com que alguns senadores, a maioria deles do Podemos, pedissem o afastamento de Alcolumbre da presidência da CCJ, o que ele rejeita. Nos últimos dias, Alcolumbre avisou a interlocutores que não vai abrir mão do controle do colegiado. Em vez disso, a ideia é que, nas próximas semanas, o senador do Amapá use a tribuna do Senado para se defender das acusações.
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