Bolsonaro reclama de “ideologia” no Enem

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Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro negou nesta segunda-feira (22) ter interferido na elaboração da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), acrescentando que “ainda” teve “questão de ideologia” e que, se ele e o ministro Milton Ribeiro (Educação) pudessem interferir, isso não teria acontecido.

Bolsonaro deu as declarações durante conversa com apoiadores na saída da residência oficial do Palácio da Alvorada. O presidente não especificou qual seria essa “questão de ideologia” na prova.

“Estão acusando aí o ministro Milton [Ribeiro, da Educação] de ter interferido na elaboração das provas. Olha, se ele tivesse essa capacidade e eu, não teria nenhuma questão de ideologia neste Enem agora, que teve ainda”, declarou Bolsonaro.

“Você é obrigado a aproveitar banco de dados de anos anteriores, você é obrigado a aproveitar isso aí. Agora, dá para mudar? Já está mudando. Vocês não viram mais a linguagem de tal tipo de gente, com tal perfil. Não existe isso aí”, acrescentou o presidente.

O primeiro dia de provas também teve questões com trecho da música “Admirável Gado Novo”, do cantor Zé Ramalho, e perguntas sobre racismo, escravidão, erotização da mulher e questão indígena

No início deste mês, 37 funcionários pediram demissão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão que elabora o Enem. Uma semana depois, Bolsonaro afirmou que as questões “começam agora a ter a cara do governo”.

Parlamentares de oposição, então, acionaram o Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo a apuração de suposta interferência no Inep, o que o governo tem negado.

Neste fim de semana, o ministro Walton Alencar Rodrigues, do TCU, propôs em despacho que o plenário do tribunal analise se as questões do Enem atendem a critérios técnicos.

Político de direita e defensor da ditadura militar (1985-1964), Bolsonaro critica questões Enem porque, na opinião dele, abordariam temas ligados à ideologia de esquerda.

Servidores do Inep afirmam que sofreram pressão psicológica e vigilância velada na formulação do Enem de 2021 para que evitassem escolher questões que eventualmente incomodassem o governo Bolsonaro.

O primeiro dia de provas do Enem aconteceu neste domingo (21), quando os participantes tiveram de responder a 90 questões de múltipla escolha e fazer a redação, cujo tema foi “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”.

O primeiro dia de provas também teve questões com trecho da música “Admirável Gado Novo”, do cantor Zé Ramalho, e perguntas sobre racismo, escravidão, erotização da mulher e questão indígena.

A prova também teve as músicas “Comportamento Geral”, de Gonzaguinha, e “Sinhá”, de Chico Buarque. Além de ser amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Chico compôs músicas de contestação à ditadura militar.

Em outra pergunta do Enem, foi tratado o tema da erotização do corpo feminino com a ilustração de uma “pin-up”, designação em inglês que se refere a uma modelo voluptuosa.

As provas do Enem são elaboradas anualmente com 180 questões. Todas as perguntas são retiradas do Banco Nacional de Itens, formado por milhares de questões redigidas por professores escolhidos por edital. A equipe técnica do Inep escolhe as questões.

O segundo dia de provas será no próximo domingo (28).

G1  

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