Doria e Moro têm pacto de não-agressão

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Foto: Reprodução

João Doria (53,9%) venceu, Eduardo Leite (44,6%) brilhou e Arthur Virgilio (1,35%) deu seu recado na única eleição interna promovida por um partido político para escolha do seu candidato à Presidência da República. Vitória degustada, Doria foi dormir com um roteiro para se legitimar como candidato competitivo dentro e fora do PSDB.

Deixou traçada, no discurso, a linha de fronteira que planeja para o partido na campanha de 2022: a disputa é contra Jair Bolsonaro (“vendeu um sonho e entregou um pesadelo”) e Lula (“fazer política pública aos mais pobres não dá a ninguém o direito de roubar”).

Havia um tom de mea culpa na manifesta desilusão com Bolsonaro, em quem se amparou na eleição ao governo paulista, em 2018, ajudando a desidratar o candidato presidencial do PDSB, Geraldo Alckmin. Se foi uma vacina contra a provável exploração do tema pelos adversários, o efeito tende a ser inócuo.

Com esse argumento indicou que o seu primeiro problema na agenda de campanha tem nome e sobrenome, é de Minas Gerais e possui peso específico na bancada tucana no Congresso: Aécio Neves, deputado federal e ex-governador mineiro.

Coube a Arthur Virgilio, ex-prefeito de Manaus agora aliado a Doria, transmitir uma mensagem dura, objetiva, sem precisar citar o deputado mineiro que é reconhecido como um pragmático tucano bolsonarista. “Nós não vamos poder continuar com essa dicotomia de bolsonaristas e não-bolsonaristas [no PSDB]. Nós temos que chamar essas pessoas para o nosso redil e as que não forem para o nosso, por favor procurem outro [partido].”

No sentido mais suave, redil pode significar agremiação de pessoas com interesses comuns. Hoje, a única coisa que Doria e Aécio partilham é o guarda-chuva partidário,. Está claro, desde ontem, que já não é suficiente para abrigá-los na travessia do próximo verão. Uma das opções de Aécio, segundo aliados, é migrar para o União Brasil (fusão do DEM com o PSL).

Doria mostra entusiasmo e disposição, fatores essenciais na maratona eleitoral à frente, sobretudo para quem figura no grupo dos menos favorecidos pela preferência dos eleitores no momento — tem oscilado entre dois e cinco pontos percentuais nas pesquisas. Nenhuma novidade, para ele. Estava em situação similar parecida um ano antes de vencer as eleições para a prefeitura paulistana e, depois, ao governo de São Paulo.

O jogo, desta vez, é mais desafiador. Requer, por exemplo, que chegue ao final do primeiro trimestre de 2022 turbinado nas pesquisas para garantir protagonismo numa eventual negociação entre candidatos antibolsonaristas e antilulistas.

O projeto para tentar acabar com a polarização eleitoral é real e continua sendo discutido com Sergio Moro, do Podemos. Será o tema de Doria com outros candidatos e partidos nas próximas semanas.

Falta combinar o roteiro com um eleitorado acossado por uma grave crise econômica em meio a uma emergência sanitária mundial.

O histórico do PSDB mostra ser possível controlar a inflação, reverter o desemprego e reduzir o nível de empobrecimento. Quanto ao desastre pandêmico, Doria sempre poderá reivindicar a liderança na produção de uma vacina numa época em que o governo federal transformava o negacionismo em política de saúde pública.

Quem governa São Paulo tem influência no maior colégio eleitoral (33 milhões de votos) e domina o segundo orçamento da República. Subestimar essa realidade tem sido um erro repetitivo de muitos políticos com mais ego do que ideias. Por coincidência, todos acabaram personagens secundários nos livros de história.

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