Enfermeiros da Prevent Senior atuavam como médicos

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Foto: Agência O Globo

Para atender o maior número de pessoas e no menor tempo possível, a Prevent Senior deixava que enfermeiros fizessem o atendimento dos pacientes no lugar dos médicos, afirmou Walter Souza Neto, ex-plantonista da operadora de saúde. Em depoimento à CPI da Câmara Municipal de São Paulo nesta quinta-feira, ele relatou que os enfermeiros faziam o histórico do quadro de saúde dos pacientes e até solicitavam exames.

— O médico não tem mais um consultório. Quem tem um consultório são os enfermeiros. E não é só uma triagem. O paciente chega e ele é atendido pelo enfermeiro, que está dentro consultório, sentado na frente do computador, logado no sistema com login e senha do médico, escrevendo no prontuário como se fosse o médico. Ele atende, faz anamnese (histórico do quadro de saúde). Em alguns casos, até solicita exames — afirmou ele.

De acordo com Neto, a proposta era que o médico revisasse o trabalho do enfermeiro, o que não acontecia:

—Há uma pressão para um atendimento muito rápido, o que levava o enfermeiro a fazer o atendimento. O médico só passa para carimbar e assinar. Em alguns casos, como era costume na unidade Santana, os médicos tinham três ou quatro carimbos e deixavam um com cada enfermeiro e ele assinava pelo próprio médico.

Antonio Donato (PT), presidente da CPI, avaliou a acusação como uma “infração grave” e disse que ela será uma outra linha de investigação da comissão.

— Isso acontecia até sem conhecimento de pacientes, com vestimenta similar entre médico e enfermeiro, induzindo o paciente a acreditar que estava sendo atendido por um médico — disse.

Também falaram aos vereadores da comissão os médicos Andressa Joppert e George Joppert, que estão entre os responsáveis pelo dossiê apresentado à CPI do Senado, em Brasília. Os três deram entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, no dia 3 de outubro, quando relataram pressão da operadora para a prescrição do kit Covid, conjunto de medicamentos comprovadamente ineficazes.

Nesta quinta, Neto reforçou a exigência da empresa para a prescrição e contou que no único dia em que deixou de receitar remédios como hidroxicloroquina e azitromicina foi chamado para uma reunião com Fernando Oikawa, um dos diretores da empresa, de quem ouviu que “não havia outra escolha” a não ser prescrever.

— Vejo a Prevent como criminosos. Estamos falando de homicídio aqui. Eles podem funcionar bem para a maioria dos pacientes, mas uma associação que age de forma inescrupulosa para atingir seus interesses é uma máfia — disse ele.

O médico George Joppert, que saiu da empresa em agosto de 2020, disse que há uma cultura na operadora de saúde de não indicar pacientes para UTI e fazer uso dos chamados cuidados paliativos. Ele relatou ainda o uso exagerado de morfina, fármaco usado para aliviar dores severas, inclusive em pessoas que não estavam internadas.

Em nota, a Prevent Senior afirmou que os médicos mentiram à CPI e serão processados criminalmente, assim como a advogada Bruna Morato, que os representa. “É de se lamentar o depoimento de médicos que trabalharam por anos numa empresa que consideravam criminosa. Se os depoimentos destes médicos fossem verdadeiros, eles facilmente seriam acusados, criminalmente, de omissão ou cumplicidade. Vale lembrar que o médico Walter Correa foi o mesmo que violou prontuários de pacientes, posteriormente vazados à imprensa. Pela prática, criminosa, está sendo investigado pelo Conselho Regional de Medicina”, diz a empresa.

Nesta sexta-feira, a CPI receberá os depoimentos dos coordenadores de Planejamento e Desenvolvimento Urbano das Subprefeituras do Butantã, Mooca, Pinheiros, Santana/Tucuruvi e Sé para falar sobre a regularização dos prédios da operadora em São Paulo.

O Globo 

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