Fiasco no PSDB agrava crise na “terceira via”

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Foto: Reprodução

Seria injusto apontar o deputado Aécio Neves (MG) como o principal culpado pelo racha do PSDB que culminou com a inconclusa eleição primária que deveria ter indicado o candidato do partido à Presidência da República no ano que vem. Além de injusto, seria conferir-lhe demasiada importância.

Mas Aécio já fez por merecer lugar de destaque ao pé da cova do PSDB, se o partido for enterrado um dia. Faltou, ontem, em Brasília, o roteirista da ópera bufa encenada pelo partido – que, durante oito anos, governou o país e que, desde então, rola ladeira abaixo. Aécio preferiu manter-se à segura distância do palco.

Foi ópera bufa para os espectadores que, num domingo chuvoso e sem graça, em grande parte do país, estavam à procura de diversão. Para os políticos em geral, e os que não veem salvação fora da política, porque de fato não existe, a ópera foi humilhante, vergonhosa, uma peça que deixou todos muito mal.

Estavam aptas a votar 44.700 pessoas de um partido que diz contar com pouco mais de 1 milhão de filiados, incluindo deputados federais e estaduais, senadores, governadores, prefeitos e vereadores. Mas nem cabeças coroadas do PSDB, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, conseguiram votar.

Deu pau na máquina. O aplicativo para o voto remoto não funciona. Há semanas, um estudo de mais de 50 páginas apontou que o sistema estava sujeito a pelo menos 12 erros – entre eles, o de admitir eleitores fantasmas. A direção do partido sabia disso, os aspirantes a candidato também. Mesmo assim tocaram em frente.

Aconteceu o previsto e o desejado por Aécio, Eduardo Leite (PSDB-RS) e uma fatia da velha guarda que deseja a derrota do governador João Doria (PSDB-SP). Aécio não quer e nunca quis que o partido tivesse candidato próprio a presidente. Quer que o dinheiro do fundo partidário sirva para eleger deputados federais.

Apesar de ter perdido a eleição presidencial de 2014, Aécio ainda manda no PSDB mineiro e tem aliados país afora. À época inconformado com a derrota, pediu à Justiça a recontagem dos votos. Sua desgraça, porém, foi pedir dinheiro a um empresário para pagar dívidas. Nem em Minas pode circular livremente.

Leite imaginou que poderia vencer se detentores de mandatos votassem nele para compensar a força de Doria entre os demais filiados ao partido. Quando anteviu a derrota, chegou a propor o adiamento das prévias, alegando falhas no aplicativo criado e desenvolvido por uma universidade do seu estado. Em vão.

Agora, Leite ameaça não reconhecer os resultados da eleição se ela não terminar até amanhã. Doria e Arthur Virgílio (AM), ex-prefeito de Manaus, querem que a votação só seja retomada no próximo domingo, dia marcado para um eventual segundo turno se nenhum dos candidatos tiver atraído metade mais um dos votos.

Nova reunião da Executiva do partido decidirá isso logo mais. Uma coisa é certa: a essa altura, nem Doria nem Leite serão capazes de unir o PSDB para disputar com chances a sucessão de Bolsonaro. O partido foi dividido para as prévias e delas sairá aos cacos. Partidos que admitiam coligar-se com ele estão com o pé atrás.

Bolsonaro não tem o que comemorar. A eleição de 2022 será escrita de baixo para cima. Os interesses regionais prevalecerão sobre os interesses das cúpulas. Nem Valdemar Costa Neto, dono inconteste do PL em que Bolsonaro pretende se abrigar, poderá garantir que seu partido obedecerá às suas ordens.

A chamada terceira via levou uma traulitada na cabeça com o haraquiri cometido pelo PSDB. Riem à toa os devotos de Sérgio Moro que não acreditam na política e que veem no ex-juiz um não político, como viram em Bolsonaro há dois anos. O bolsonarismo está vivo, talvez só mude de nome.

Metrópoles

 

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