Kátia Abreu está bem cotada para ir para o TCU

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Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado/ 26/2/2021

Na disputa pela vaga do ministro Raimundo Carreiro, do Tribunal de Contas da União (TCU), indicado para a embaixada do Brasil em Portugal, a senadora Kátia Abreu (PP-TO) conseguiu unir o apoio do Palácio do Planalto ao de senadores de oposição, como Renan Calheiros (MDB-AL). Ela concorre, como favorita, com Antonio Anastasia (PSD-MG), o preferido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP); e com o líder do governo na Casa, Fernando Bezerra (MDB-PE).

A vaga de Carreiro é preenchida por indicação do Senado. O ministro foi escolhido no período em que Renan comandava a Casa e também é ligado ao ex-presidente José Sarney. Por isso, o MDB, maior bancada do Senado, com 15 parlamentares, vem atuando por um nome viável para a substituição, a fim de manter a influência no tribunal.

Em abril, Alcolumbre e Pacheco articularam para enviar Carreiro para o exterior e indicar Anastasia. A iniciativa, vista com simpatia pelo governo, foi barrada na época por emedebistas que não gostavam do plano pelo fato de favorecer um senador do PSD.

Nos últimos meses, com cada vez mais desgaste entre Alcolumbre e o Planalto, a estratégia mudou. Gestou-se um plano com o apoio do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) para emplacar Kátia Abreu na vaga. Ao contrário de Anastasia, um nome independente e ligado à “terceira via”, Kátia é de um partido da base do governo e é vista como alguém que atenderia políticos com mas facilidade.

A entrada de Fernando Bezerra no cenário, porém, dividiu os votos dos governistas. Ele sofre resistência pelo fato de ser investigado por corrupção e por, segundo alguns parlamentares, ser pouco acessível como líder. Mesmo assim, há a preocupação de que ele tire votos de Kátia, se houver eleição, o que pode acabar favorecendo Anastasia.

Os três candidatos têm procurado senadores para pedir apoio em conversas individuais e telefonemas. Segundo senadores ouvidos pelo GLOBO, a tendência é que não haja eleição e sim uma negociação interna entre as lideranças partidárias, como costuma ocorrer em indicações para o TCU.

As vagas de ministro do tribunal costumam despertar interesse por serem um cargo vitalício, com uma remuneração de R$ 37 mil e uma série de vantagens.

Anastasia tem como vantagem ser o nome de Pacheco. Ele é classificado pelos pares como mais “técnico”, enquanto Kátia Abreu seria alguém com mais traquejo político. Os “lavajatistas” do Senado, como Álvaro Dias (Podemos-PR), endossam a candidatura do mineiro. Dias evita comentar as particularidades de cada candidato, mas diz que já tem seu voto definido.

— Estão trabalhando. Acho que já falaram com todos os senadores. Eles estão em campanha. Procurado pelos três, já disse que dei minha palavra ao Anastasia e pedi desculpas aos outros — afirmou o líder do Podemos.

Kátia Abreu é considerada uma candidata forte por possuir o apoio da oposição, como de Renan; da bancada do PP, a terceira maior da Casa; e do próprio Executivo.

Kátia, que já foi do MDB e é do grupo de Renan no Senado, foi considerada fundamental para barrar a tentativa de tirar Carreiro do TCU em abril. Líderes emedebistas eram contrários à manobra.

Na ocasião, a senadora bancou publicamente que não pautaria na Comissão de Relações Exteriores (CRE), presidida por ela, a indicação de Carreiro para a embaixada de Portugal, caso se confirmasse.

Depois do episódio, Renan, que foi pego de surpresa com a tentativa de troca já em andamento, não escondia de aliados a gratidão pela postura da parlamentar. Além disso, Kátia tem respaldo do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente licenciado do PP.

Bezerra, por sua vez, é considerado uma alternativa viável como um nome do governo, mas que também poderia manter a influência do MDB no TCU. Para o Planalto, também é importante retomar algum nível de diálogo com os emedebistas, maior bancada da Casa. O líder do governo no Senado não pretende disputar a reeleição no ano que vem. Assim como os casos de Kátia e Anastasia, seu mandato termina em 2022.

O temor de enfrentar turbulências causadas pelo desequilíbrio fiscal e pela pandemia de Covid-19 no TCU fez com que, no início do ano, o governo acelerasse articulações para tentar aumentar sua influência na Corte. A estratégia, já utilizada em outros governos, é indicar ou influenciar a maior quantidade possível de ministros para evitar o destino da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) que, em 2016, viu o tribunal ser um dos principais atores do seu impeachment.

A indicação de Raimundo Carreiro para assumir a embaixada do Brasil em Portugal foi oficializada ontem no Diário Oficial da União. Ele é relator da fiscalização dos gastos do cartão corporativo do presidente Jair Bolsonaro.

Na última sexta-feira, Carreiro foi alvo de um pedido de suspeição protocolado no TCU pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO), integrante da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, justamente por conta da indicação à embaixada.

Em maio, o colegiado solicitou ao TCU uma auditoria nas despesas sigilosas do cartão utilizado pelo presidente da República para alimentação, hospedagem, transporte e entretenimento. O processo, conduzido por Carreiro, tramitou sob sigilo e foi concluído no dia 28 de setembro. Desde então, o caso se encontra à espera de um despacho do ministro para ir ao plenário.

Conforme antecipou a colunista do GLOBO Malu Gaspar, o governo português concedeu o agrément para a indicação de Carreiro. O documento chancela a escolha do presidente. O ministro do TCU deve substituir Carlos Alberto Simas Magalhães, que deve assumir outro posto.

O Globo

 

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