Mais uma testemunha relata pressão da Prevent para uso de cloroquina

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Foto: Reprodução

Ex-médica da Prevent Senior e uma das indiciadas pela CPI da Covid do Senado Federal, a infectologia Carla Morales Guerra confirmou nesta quinta-feira aos vereadores da Câmara Municipal de São Paulo que havia “pressão” para a prescrição da hidroxicloroquina a pacientes do pronto-atendimento e da telemedicina.

— Essa questão de que havia pressão para a prescrição era mais nos pacientes ambulatoriais da telemedicina e nos pacientes que passavam pelo pronto-socorro — afirmou a médica, que tinha um cargo de chefia na area e foi uma das depoentes da sessão desta quinta da CPI da Prevent Senior.

Também foram ouvidos os profissionais Fernando Oikawa, diretor clínico da Prevent Senior, e Saulo Oliveira, cardiologista que hoje é responsável pela gestão da expansão médica da operadora.

Por discordar do uso “generalizado” do medicamento que faz parte do kit Covid e também por achar que não era o momento de se realizar pesquisas, a ex-médica disse que decidiu se afastar dos estudos sobre o tema pela empresa e passou a atuar apenas na organização do fluxo dos hospitais, onde ficou até setembro deste ano, quando pediu demissão.

— Desde o início eu discordava do uso generalizado de cloroquina. Como infectologista, eu até cheguei a conversar com a Sociedade Brasileira de Infectologia, com meus colegas, e eu não tinha uma sensação de segurança para fazer o uso generalizado, então optei por não participar (das pesquisas) e foquei minhas atividades na infraestrutura (dos hospitais), na prevenção — afirmou ela.

Apesar de discordar do uso dos medicamentos comprovadamente ineficazes, Carla é uma das autoras do protocolo de manejo clínico da empresa, que oferece instruções para o uso da hidroxicloroquina e outros itens do kit. A médica, que confessou ficar incomodada com o seu nome no documento, justificou que o manual possui recomendações ligadas ao seu trabalho, como em relação ao isolamento e identificação dos pacientes.

Já sobre as pesquisas que analisam a eficácia da hidroxicloroquina, Carla declarou que era “impossível” fazer qualquer estudo naquele momento, visto que as famílias estavam desesperadas e não seria possível abordá-las para a assinatura de um termo de consentimento.

Na investigação que corre no Ministério Público de São Paulo, a validade do termo consentimento é objeto de investigação, sob o argumento de que muitos familiares e pacientes não leram o documento e não estavam em condições de analisá-lo.

O diretor clínico Fernando Oikawa negou em seu depoimento que o chamado kit Covid seja padronizado, como vem sendo demonstrado pela CPI da Câmara. Segundo ele, cada paciente recebia um determinado conjunto de medicamentos, que variava de acordo com diagnóstico de cada um. Por ter garantido um habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo junto a outros profissionais da Prevent Senior, o médico cardiologista não tem o compromisso de falar a verdade à comissão.

Questionado pelo relator Paulo Frange (PTB) sobre a prescrição da hidroxicloroquina a pacientes que nunca fizeram exames como eletrocardiograma, Oikawa disse que se sentia confortável com a prescrição mesmo sem ter exames. Bastava para ele uma conversa com o paciente e a confirmação de não haver histórico de doença cardíaca. O médico ainda negou que havia uma imposição para a prescrição do kit e disse que o protocolo era um “guia” ou uma “sugestão”

Apesar de dizer que, hoje, não tomaria o medicamento, o diretor clínico afirmou que fez o uso em junho deste ano, quando contraiu a doença e teve medo de morrer.

Oikawa é autor de uma mensagem em um grupo WhatsApp da empresa em que chama atenção para o “recorde negativo” de “inclusões” que, pelo contexto, diz respeito ao protocolo de uso da hidroxicloroquina. “Não podemos perder o foco e o tônus! Realmente é necessário que cada tutor converse com sua equipe”, escreveu o cardiologista, que é um dos autores do documento.

O médico Saulo Emanuel também aparece na autoria do protocolo, mas diz que não participou da elaboração, apenas constou porque participava do fluxo de atendimento da telemedicina. Ele disse que passou a não prescrever os medicamentos a partir de abril de 2020, mas respeita quem o continuou fazendo.

Os vereadores da CPI da Câmara Municipal exibiram um print de um grupo de WhatsApp denominado “#LutarpelaPreventSenior”, onde há mais de 1 mil participantes. Nele, a médica Paola Vernick compartilha uma notícia sobre uma consulta pública para uso do tratamento precoce contra a Covid-19 e diz: “Amanhã será aberta uma votação para continuar com os remédios que de fato mudam o curso da doença. Diminuindo a mortalidade”.

Segundo os vereadores, o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pela empresa no mês passado proíbe a Prevent de “promover, incentivar e estimular” a prescrição do kit-covid. O advogado da empresa disse que irá reforçar o TAC com os profissionais.

Em nota, a Prevent Senior afirmou que a discordância da médica Carla Guerra e a afirmação do Dr. Saulo Oliveira, que não prescreviam hidroxicloroquina, são provas do respeito à autonomia médica pela empresa. “Sobre a mensagem num aplicativo de conversas, trata-se de manifestação pessoal da médica, uma vez que o grupo de Telegram não é canal institucional da Prevent Senior”, disse a operadora, ressaltando que o TAC já foi divulgado internamente e será novamente em veículos de grande circulação.

O Globo 

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