Mercado teme populismo de Bolsonaro para tentar se reeleger

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Foto: Andressa Anholete/Getty Images

A confirmação de que o presidente Jair Bolsonaro vai disputar as eleições do próximo ano começa a gerar um grau de temor nos mercados. Sem partido desde 2019, o anúncio da sua filiação ao PL reforça o seu empenho na briga por se manter à frente do Executivo, mas a sua rejeição preocupa. À medida que busca se reeleger em meio a sua perda de popularidade, aumentam as incertezas de que surjam no meio do caminho novas atitudes econômicas populistas, deteriorando ainda mais o cenário fiscal e inflacionário do país.

A rejeição do atual governo em torno de 63% tem sido vista como um alerta para o mercado. “É bastante factível esperar medidas populistas, com gastos acima do orçamento e sem contrapartidas. Em um ambiente fiscal fragilizado, essa combinação joga ainda mais para baixo as expectativas de crescimento econômico, e piora e muito o retrato do Brasil”, diz Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest, em coletiva de imprensa realizada pela instituição financeira nesta terça-feira, 09, para debater as perspectivas na macroeconomia, comércio exterior e no cenário eleitoral em 2022.

No último mês, o anúncio do governo de estourar o teto dos gastos para bancar o Auxílio Brasil, novo Bolsa Família no valor de 400 reais, corroeu as expectativas econômicas. O rompimento da principal âncora fiscal do país no controle dos gastos do governo, tem aumentado as projeções inflacionárias e o recuo do PIB para os próximos anos. O cenário indica uma inflação de 5% e crescimento de 1% ou menos em 2022. “É um crescimento baixo, que indica estagnação da economia com agravante da inflação”, aponta o banco.

A cada dia o governo piora essas expectativas. Na segunda-feira, 08, editou um decreto criando o Auxílio Brasil, antes mesmo da votação da PEC dos Precatórios, e sem indicar a fonte de recursos para custeio do programa. A PEC está em votação no Senado nesta terça-feira, 09, e promete abrir espaço no teto para viabilizar o Auxílio Brasil.

Além das pressões advindas do cenário externo com aumento dos custos do petróleo e da energia, que devem afetar os preços no mundo nos próximos anos para o cumprimento da transição energética, o cenário político é um fator adicional que incentiva a disparada dos preços no país. Nas projeções do Ourinvest, a inflação pode voltar a ficar próximoaao centro da meta apenas em 2023. Para controle dos preços, a projeção do banco é de uma taxa de juros (Selic) de 12% ao ano em 2022, expectativa acima do mercado, de 11% ao ano.

A política monetária dos mercados externos também pode pressionar a taxa de juros dos emergentes. O Fed, Banco Central dos Estados Unidos, já iniciou a retirada de estímulos monetários, mas ainda não decidiu subir os juros. Porém, o banco alerta que não descarta uma mudança rápida na decisão de aumentar os juros, podendo prejudicar o câmbio de países emergentes.

Apesar da alta na taxa de juros ser um convite aos investidores estrangeiros, o país não tem atraído investimentos. Segundo o banco, a expectativa é que o Investimento Direto no País (IDP) fique perto de 55 bilhões a 60 bilhões de dólares em 2022, abaixo da série histórica de 70 bilhões de dólares. “Os ativos do Brasil estão baratos, mas o volume de investimento não tem sido alto por causa das incertezas políticas”, diz Welber Barral, estrategista de comércio exterior da Ourinvest.

As incertezas e o cenário eleitoral também devem continuar estimulando a subida do dólar, que deve ficar em torno de 5,50 reais no próximo ano, e a instituição “não enxerga um ambiente propício para a queda do câmbio”. Por isso, as expectativas são de novos aumentos nos combustíveis, que têm preços cotados na moeda estrangeira. “Claramente, essa volatilidade do câmbio se dá pela má administração do país. É claro que tem as condições externas, mas basicamente é resultado das questões locais”, aponta Consorte. A moeda brasileira já desvalorizou mais de 30%, desde o início da pandemia. Segundo o banco, a manutenção de um patamar alto da taxa de câmbio, que mantém o IGP-M acima de 20%, não deve dar folga à inflação. Cerca de 30% da cesta de consumo dos brasileiros é afetada por preços internacionais e, portanto, está atrelada ao câmbio.

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