Moro é o novo queridinho dos banqueiros

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Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Dentre os três principais pré-candidatos ao governo apontados pelas pesquisas eleitorais neste momento (Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Bolsonaro e Sergio Moro), por enquanto o ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública é o favorito do mercado financeiro para ocupar a Presidência da República a partir de 2023. A sinalização de Moro que o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore será seu principal assessor econômico na campanha agradou. Pastore é muito admirado entre empresários, acionistas e economistas.

Ao mesmo tempo, o atual ministro Paulo Guedes (Economia) perde cada vez mais a confiança desse público, ao ceder a manobras consideradas “populistas” na tentativa de reeleger o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Já Lula é assombrado pelo escândalo do “Petrolão” e pela Operação Lava Jato.

A avaliação é de especialistas ouvidos pelo Metrópoles, que ressaltam, contudo, que Moro só deve consolidar o apoio do mercado se trouxer um segundo “posto Ipiranga” ao poder, como costumava ser chamado Guedes durante a campanha eleitoral de 2018. Em entrevista ao programa Conversa com Bial, o ex-juiz federal revelou a aproximação com Pastore, considerado por ele um dos “melhores nomes do país”.

Ao analisar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) na disputa, especialistas explicam que o mercado teme o retorno da equipe econômica do governo Dilma. Em razão disso, Lula fica de fora da lista dos preferidos para o cargo, mesmo que instituições financeiras e empresas tenham ganhado muito dinheiro durante os dois mandatos do petista no Planalto.

“Tende a vencer aquele que tiver o discurso mais liberal”, avalia o ex-secretário de Assuntos Estratégicos do governo Sarney Raul Velloso.

“Hoje, Lula precisa ainda mostrar a cara, porque desde que foi eleito aconteceu muita coisa. Veio o governo Dilma, que foi um desastre no sentido econômico, por exemplo. Resta saber: O Lula de hoje é mais próximo do Lula antigo ou de Dilma?”, indaga Velloso.

Outro impeditivo do namoro entre o ex-presidente e o mercado são os escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras, que foram descobertos durante seu governo. De acordo com o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, os acionistas acreditam que Lula teve ingerência sobre a estatal.

“Além disso, ele usa bancos públicos para fazer o trabalho que bancos privados poderiam fazer. Lula gera gastos maiores do que o necessário. Mas é inegável, ele foi bem em seu mandato, mas com grande ajuda do que já havia sido feito no governo de Fernando Henrique Cardoso”, diz Perfeito.

Apesar das preferências do mercado, as pesquisas eleitorais apontam que Lula venceria na maioria dos cenários contra outros candidatos.

A ex-diretora do BNDES no governo FHC Elena Landau lembra que ainda “falta gente para aparecer no jogo”. Segundo ela, o candidato a ser escolhido pelo PSDB pode dividir as opiniões do mercado. A legenda tenta encerrar o conturbado processo de prévias entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB-RS).

“Todo mundo está escapando do Bolsonaro. Por outro lado, Lula tem radicalizado nas suas conversas, não tem mostrado aceno ao centro. Ele vem falando da mesma equipe que já deu tudo errado outra vez [governo Dilma]. Moro ainda tem que se mostrar, mas falou de responsabilidade fiscal e de precatórios. Porém, ainda falta gente nesse jogo, falta o PSDB aparecer”, afirmou.

Segundo fontes ouvidas pela reportagem, Guedes está cada vez “mais queimado” no mercado financeiro. O descrédito do ministro se intensificou no mês passado, quando os principais técnicos da equipe econômica pediram exoneração do cargo.

A debandada ocorreu na esteira da oficialização do furo no teto de gastos. Para viabilizar a promessa de Bolsonaro de distribuir um Auxílio Brasil de R$ 400, Guedes admitiu ter uma “licença” para gastar acima do limite fiscal. Essa sinalização caiu como uma bomba sobre o Ibovespa. No fechamento do dia, o índice desabou 2,75%, aos 107.735,01 pontos. Desde então, a bolsa vem patinando.

A situação, conforme apurou o Metrópoles na época, tornou o clima insustentável para os técnicos do ministério e justificou o abandono do secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jefferson Bittencourt, dos cargos. Ainda pediram demissão os secretários adjunto e especial adjunto do Tesouro, Rafael Araújo e Gildenora Dantas, além do secretário de petróleo e gás natural do Ministério de Minas e Energia, José Mauro Coelho.

“Bolsonaro, ainda que tenha levantado bandeira liberal, é liberal-gastador, e Guedes não consegue segurá-lo. Por esse motivo, ele não é a razão dos amores do mercado financeiro. É muito difícil Guedes recuperar a confiança novamente. Eles deram total apoio ao Paulo Guedes, mas o tempo foi passando e eles foram se decepcionando”, explica o ex-secretário de Assuntos Estratégicos do governo Sarney Raul Velloso.

O economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, concorda com essa avaliação e acrescenta que bolsa em baixa e os juros muito elevados são os principais motivos de desencanto do mercado com o ministro. “Bolsonaro ainda não tem força para fazer preço dos ativos subirem. Além disso, essa PEC dos Precatório [que viabiliza o Auxílio Brasil], é uma novidade eleitoral. Está dando superpoderes para o presidente em ano da eleição”, complementa.

“Queridinho” do mercado financeiro, e mais novo conselheiro de Moro, Affonso Celso Pastore também não poupa críticas à gestão de Paulo Guedes no Ministério da Economia. Em entrevista ao UOL, em setembro desse ano, ele afirmou que o economista opera como “cheerleader” de Bolsonaro e deu “nota zero” à sua condução da economia do país.

Metrópoles  

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