Mourão diz que Moro “não empolga” o eleitorado

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Foto: MARCOS CORREA / Agência O Globo

Depois de cinco dias como presidente interino do Brasil devido à viagem de Bolsonaro ao G20, o vice-presidente Hamilton Mourão recebeu, nesta quarta-feira, a coluna para uma entrevista em seu gabinete. Mourão defendeu importância de que o Brasil tenha uma candidatura de terceira via em 2022, admitiu que Moro é “um nome forte”, mas que hoje os que “empolgam as massas” são o presidente Bolsonaro e Lula.

O vice-presidente afirmou que sua relação com Bolsonaro, conhecida por altos e baixos, “está muito boa” e afirmou que não acredita que as reformas tributária e administrativa andem nessa gestão. Sobre a agenda esvaziada de Bolsonaro com o G20, colocou a culpa no idioma inglês. “É complicado fazer isso quando se não se fala a língua, precisa de um intérprete.” Leia abaixo a entrevista:

O seu nome já foi ventilado para concorrer à Presidência da República. O senhor aceitaria?

No momento, Bolsonaro será candidato à reeleição e eu jamais concorreria com o presidente. Não seria ético da minha parte.

O senhor avalia que pode concorrer a uma vaga no Senado?

O presidente não definiu o seu partido político e nem se eu vou continuar como vice dele. Às vezes, diz também que nem ele sabe se irá concorrer à Presidência. Tem que definir tudo isso para ver se vou me candidatar ao Senado. Se decidir que será isso, devo concorrer pelo Rio de Janeiro ou pelo Rio Grande do Sul, mas não há decisão tomada. Meu título de eleitor é do Distrito Federal e, até março, preciso transferi-lo. Até lá, provavelmente, alguma decisão terá sido tomada.

Ser candidato ao governo do Rio é uma opção?

Não tenho a mínima pretensão de me candidatar ao governo do Rio. Para isso, eu teria que ter dez anos a menos e uma equipe ultra consistente. Não tenho isso. Se eu for concorrer a algum cargo eletivo, será o Senado. Mas também avalio deixar a vida pública, me dedicar à família.

Como o senhor vê a candidatura do ex-ministro Sergio Moro à Presidência?

Isso é um assunto da chamada terceira via. É importante que a gente não fique somente entre a nossa candidatura, que é o presidente Bolsonaro, e a do ex-presidente Lula. Agora, sobre o Moro, tem que ver se ele vai ter fôlego, até porque tem outros nomes que estão aí, como o do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, do governador João Doria.

O senhor vê Sérgio Moro como um nome competitivo?

Vejo Moro como um nome forte. Ele agrada a parcela da população que vê o combate à corrupção como uma bandeira importante. Agora, tem que empolgar a massa. Hoje, quem empolga as massas são Lula e Bolsonaro.

Como foi sua conversa com o presidente Bolsonaro sobre as chances de repetirem a chapa atual?

O presidente perguntou o que eu pensava sobre meu futuro político e eu disse que, se ele precisasse, estaria à disposição.

Seu partido, o PRTB, chegou a procurar Bolsonaro para filiá-lo. As conversas foram encerradas?

Eu aconselhei o PRTB a filiar o presidente e seu grupo político. Seria também uma maneira de o partido, que está naufragando, ressurgir.

O senhor pretende aceitar o convite do ministro Ciro Nogueira para se filiar ao PP?

Ciro me convidou, mas como sou novato na política, pretendo ser fiel ao meu partido. Na minha avaliação, não seria ético pular fora do PRTB agora, com o barco afundando.

A relação entre o senhor e presidente Bolsonaro está mais harmônica?

Hoje a situação está muito boa. Temos mantido contato. Antes de ele embarcar para a reunião do G20, na Itália, fui até a base aérea para me despedir. Na volta, não fui recebê-lo, porque era muito cedo. Bolsonaro tem me dado funções de peso no âmbito da política externa. Na semana que vem, representarei o Brasil na posse do presidente eleito de Cabo Verde.

O que mudou na relação entre vocês?

O presidente entendeu que tem a minha lealdade. Por exemplo, quando ele soube que eu fui falar com (o ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Superior Tribunal Eleitoral) Luiz Roberto Barroso, criou-se um clima de animosidade entre nós. Expliquei para ele que o ministro me convidou e que fui lá para falar de três temas. Defendi a necessidade de reforçar a transparência das urnas eletrônicas, falei sobre o papel das Forças Armadas no Estado e também sobre a manifestação de magistrados em relação a casos que o STF está atuando. O presidente compreendeu que encontrei o Barroso para estabelecer uma conversa mais eficiente com o judiciário. Depois disso, as coisas ficaram mais calmas.

Qual sua avaliação sobre a falta de agendas de peso de Bolsonaro no G20?

Não sei se o Itamaraty propôs a outros países reuniões bilaterais e se eles recusaram. Mas vi que o presidente tentou interagir com os outros líderes. É complicado fazer isso quando se não se fala o idioma, precisa de um intérprete. Eu prefiro acreditar que as reuniões bilaterais não aconteceram porque não foram propostas pelo governo brasileiro. Mas acho que a participação do presidente foi positiva, principalmente pelo seu discurso, que falou sobre a adesão do Brasil ao acordo concluído no encontro.

Qual deve ser a prioridade do governo no período que resta ao presidente Bolsonaro?

Temos que colocar as reformas tributária e administrativa para andar.

Mas acredita que há tempo de aprová-las?

É difícil aprová-las nessa gestão, mas se tivesse que colocar uma prioridade seria a tributária, por ser a que mais impacta na produtividade. O Brasil tem dois problemas estruturantes que qualquer governo terá que encarar: a questão do equilíbrio fiscal e a produtividade. Perdemos muito tempo na reforma da previdência, mas não conseguimos fazer uma grande reforma. Ficou naquela situação do ótimo é inimigo do bom, então fizemos uma boa reforma.

Há chances de o ministro Paulo Guedes sair ou ser demitido?

Paulo Guedes fica. Ele é um estoico (uma pessoa racional, que não se deixa levar por crenças ou paixões). Só tem uma grande diferença, os estoicos sempre ficaram em silêncio.

O senhor acredita que a CPI da Covid ainda trará mais desgastes ao governo?

Foram seis meses de desgaste, mas acho que a CPI não trabalhou corretamente. Os interrogatórios foram mal conduzidos e atribuem ao presidente crimes que eu não concordo. É uma forçação de barra chamar Bolsonaro de genocida e difusor da pandemia. O presidente fala muita coisa, mas não age como fala. Por exemplo, sobre vacina. Ele vai contra o que fala, porque compra e distribui vacina. Como diz o imperador romano Marco Aurélio, no livro Meditações, as ações não correspondem às palavras.

O Globo

 

 

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